Apesar de eu não ter tido uma convivência muito frequente com a minha mãe durante a minha vida adulta, ela foi minha grande influência durante a infí¢ncia e início da adolescência. E, hoje, quando paro para pensar, vejo que todo o meu estilo de trabalho, honestidade e criatividade foram semeados por ela.
Minha mãe se casou muito cedo com meu pai e eu nasci quando ela tinha 22 anos (em uma época que era comum ter filhos nessa idade, vale dizer). Meu pai também era jovem. Ela era professora de Educação Física e tinha uma carreira muito legal como atleta e juíza de esportes no litoral de São Paulo (Santos, Cubatão, Praia Grande), que deixou de lado quando se casou e veio morar na capital, para cuidar de mim. Foi aí que ela, como tantas mães, já naquela época, resolveu dar uma guinada na carreira e fazer outra coisa, e passou a trabalhar com artesanato. Claro que tudo começou com um hobby mas, por não gostar de ficar sem trabalhar, acabou empreendendo naturalmente, até que isso se desenvolveu para o ramo de festas infantis, onde se especializou, ficou bastante conhecida, e passou a ministrar cursos, fazer matérias de revistas e TV.
Durante toda a minha infí¢ncia, pude acompanhar a construção da carreira da minha mãe a partir do nada, de algo que ela gostava de fazer, baseado em beleza e criatividade, e transformar aquilo em negócio. O fato de ela trabalhar em casa sempre foi um referencial para mim.
No meio da minha adolescência, ela se casou pela segunda vez e eu fui morar com a minha avó, para manter a rotina de escola, amigos e toda a vida que eu já tinha. Não foi fácil para ela ou para mim, mas de alguma maneira acabamos sobrevivendo. Ter passado essa segunda metade da minha vida com a minha avó e o meu pai também foi muito importante. Quem me conhece sabe que considero a minha avó praticamente como a minha mãe também.
O fato é que, hoje, com o meu trabalho, eu vejo muito da minha mãe nele todos os dias. Quando eu acordo e coloco música para trabalhar, brinco com os meus cachorros, trabalho em casa, faço um chá – são pequenos rituais que me lembram o dia a dia dela. Ter em casa sempre muitas referências criativas para o trabalho, gostar do que faz, focar na qualidade, enfim, as influências são inúmeras.
Acredito que ter sido criada por pais artistas tenha sido a principal influência na pessoa que eu sou hoje, e a minha avó, advogada, deu o tempero disciplinado da balança para que eu não virasse apenas artista, e a maneira que eu encontrei para não ser nem concursada nem só escritora foi me tornar publicitária. Pensando bem, foi um bom meio-termo. E é claro que, hoje, meu trabalho se estende a outra frente, mas a arte, a busca pelas ideias e o exercício da criatividade que a minha mãe me ensinou estão sempre presentes comigo, das mínimas coisas í s mais grandiosas.
E eu acho incrível o poder de influência que os nossos relacionamentos têm sobre nós mesmo desde a mais tenra idade. í‰ importante pensar nisso porque eu mesma tenho já há seis anos um pequeno aqui sendo totalmente influenciado por tudo o que eu falo e faço, então a responsabilidade é enorme. Não dá para fingir ser uma pessoa e ser outra, então por isso precisamos buscar sermos sempre a melhor versão de nós mesmos se queremos que nossos filhos também sejam.
Minha mãe sempre me influenciou muito e continua me influenciando. Ela me ensinou o valor do trabalho e a como usar a criatividade para fazer o que eu amo. Algo que ela também me ensinou foi o valor de aproveitar o tempo. Minha mãe nunca curtiu ver alguém ficar sem fazer nada… haha. Ela sempre colocava os outros para fazer alguma coisa. Eu não sou tão radical nesse sentido (sou a favor do ócio criativo muitas vezes), mas certamente essa “agitação” dela também me influenciou bastante.
Enfim, deve ser praticamente impossível citar em um único post a quantidade de influências que uma mãe possa ter em uma filha, então eu apenas deixo aqui esse post como homenagem e uma declaração de amor por essa pessoa que me recebeu no mundo e me deu a oportunidade de uma dia poder escrever um texto como este.