Um dos temas mais importantes relacionados a organização é quando falamos sobre finanças. Depois de alguns anos de casada, pude perceber a importí¢ncia de esse tema ser tratado em casal para que as expectativas sejam alinhadas e toda a família trabalhe em equipe com relação não só í economia financeira mas ao alcance de metas juntos. Gostaria de compartilhar aqui alguns aprendizados que tivemos nos últimos anos, então:
# Não vale a pena colocar a culpa no dinheiro para fazer atividades em casal ou em família. Exemplo: um jantar, ir ao cinema, viajar. Com planejamento, dá para se organizar e fazer tudo isso. E claro, não compensa se encher de dívidas por uma viagem tomada por impulso. Vale a pena viajar mais para a frente, mas guardando dinheiro para isso. Nós também aprendemos a reservar um orçamento para atividades juntos, como ir ao cinema uma vez por mês. Nós gostamos muito de ir ao cinema, então apenas organizamos essas idas para que ficassem dentro do nosso orçamento e investíssemos tempo em outras atividades. O que vale lembrar também é que existem muitas atividades gratuitas legais, como passear em parques, andar de bicicleta e visitar exposições.
# Não falar sobre dinheiro é um erro. A partir do momento que você se casa, é importante dividir as responsabilidade, saber quanto cada um ganha e ver como esse dinheiro está sendo gasto ou investido. Eu comento isso porque vejo acontecendo comumente com muitos casais (não saber quanto o outro ganha). O cenário ideal é ambos saberem e controlarem juntos o que ganham. Somos uma família ou não?
# Meu marido não liga muito para organização, então o que eu faço é ter uma planilha de finanças que atualizo semanalmente. Quando vejo algum gasto na nossa conta que não sei do que se trata, pergunto para ele, que me diz: “ah, foi gasolina” ou “foi aquele dia que precisamos comprar a fechadura para a porta”. Sempre que eu termino de atualizar, mostro para ele e comento sobre o orçamento que temos para determinadas atividades. Esse processo de mostrar leva menos de cinco minutos, mas é essencial para manter a coisa toda nos trilhos. Se a gente não tiver consciência do que está acontecendo na conta, é muito mais fácil ficar “passando tudo no débito” e entrar no cheque especial. (Muitas pessoas me pedem uma planilha financeira para download. Eu utilizo a planilha do Gustavo Cerbasi, que pode ser baixada aqui.)
# Definir prioridades é fundamental. Na prática, isso se aplica da seguinte maneira: levanta-se a possibilidade de investir dinheiro em um novo projeto (exemplo: viajar para o exterior). Então conversamos: Quando queremos fazer isso? Dentro das nossas possibilidades, quando poderemos fazer? Temos outros projetos mais importantes e necessários que são prioritários? O que pode ser deixado de lado para que a gente faça essa viagem? São questionamentos básicos que nos ajudam a tomar decisões em conjunto. Não adianta nada eu ter consciência das finanças e falar “não rola essa viagem”, sem que ele não saiba os motivos. Por isso, é muito, muito importante as decisões serem tomadas em conjunto.
# Cuidado com o estilo de vida que vocês levam. Gosto muito da “teoria dos baldinhos” do Gustavo Cerbasi, onde ele diz que, mensalmente, temos baldinhos a preencher com o nosso dinheiro. O primeiro baldinho é o das contas. Enchemos o balde e, só depois, vamos para o segundo, que é o de ínvestimentos (guardar dinheiro na poupança ou aplicá-lo, por exemplo). Só depois de pagar contas e guardar o dinheiro na poupança é que vamos gastar com outras coisas, como jantares, viagens e compras no geral. Na prática, é bem difícil ter essa disciplina, mas acredito que ter os gastos previstos em uma planilha ajude bastante.
# Planejar a curto e médio prazo é importante, mas e o longo prazo? O que vocês estão fazendo para garantir a “aposentadoria” de vocês? São questões para se pensar agora, não quando tiver 50 anos de idade. O dinheiro que você gasta hoje em um supérfluo apenas pelo consumo pode fazer falta depois.
# Procurem economizar no dia a dia com coisas simples. Dei o exemplo do cinema uma vez por mês (mesmo querendo ir quatro), mas pode se aplicar a tudo. Jantar fora, comprar uma coisinha no shopping, decorar a casa, viajar, analisar o plano da tv a cabo e por aí vai. São gastos que devem ser analisados, pensados.
# Evitem dívidas. Claro que há dívidas e dívidas (uma coisa é parcelar uma TV no cartão de crédito, outra é financiar um imóvel). No geral, procurem comprar coisas í vista. Para ter o dinheiro, guardem um montante todo mês ou comprem apenas o necessário. Com essas duas recomendações simples, as compras necessárias do dia a dia se tornam menos onerosas.
# Construam um fundo de emergência. A ideia do fundo de emergência é ter um dinheiro guardado caso aconteça o pior. Especialistas dizem que o montante ideal equivale a seis meses de ganhos da família hoje. Este é o primeiro passo. Depois de ter o equivalente para seis meses, tenha para um ano, e vá aumentando. A ideia é que, mesmo que vocês queiram comprar um imóvel ou usar seu dinheiro para algum projeto mais caro, não mexem nessa quantia emergencial. Ela é uma garantia de que sua família nunca ficará em apuros.
Alguns livros que eu recomendo para que vocês aprendam mais sobre finanças e possam conversar a respeito:
- Casais inteligentes enriquecem juntos – Gustavo Cerbasi
- Dinheiro: os segredos de quem tem – Gustavo Cerbasi
- Adeus, aposentadoria – Gustavo Cerbasi
- Investimentos inteligentes – Gustavo Cerbasi
- Como organizar sua vida financeira – Gustavo Cerbasi
- Bolsa blindada – Patrícia Lages
Por fim, a recomendação final é que vocês conversem sobre esse assunto para aumentarem o vínculo de vocês e tenham metas em comum. Sem isso, cada um vai querer fazer uma coisa e pode gerar brigas entre o casal. Vale a pena.