Muitas vezes, quando estou conversando com o meu namorado sobre uma possível futura mudança para a Europa, eu brinco dizendo que a “treta” mesmo vai ser fazer a mudança da “biblioteca dos reis” – levar toda a minha imensa quantidade de livros através do oceano para uma nova casa em outro continente. Para quem não sabe, essa história de “biblioteca dos reis” teve até um livro escrito pela Lilia Schwarcz (antropóloga):
Primeiro de novembro de 1755, dia de Todos os Santos. A população de Lisboa se apronta para viver mais um pacato dia de feriado, sem imaginar o mal que vinha da terra. Em poucas horas, um terremoto devastador, seguido de incêndio e maremoto, destruiria a capital do Império e, junto com ela, sua célebre Real Biblioteca, fruto dos livros reunidos pelos monarcas portugueses por séculos.A narrativa de A longa viagem da biblioteca dos reis começa a partir desse episódio e percorre eventos fundamentais da história brasileira, sempre através dos livros. A antropóloga Lilia Schwarcz acompanha a reconstrução do acervo nas mãos do marquês de Pombal, os tempos incertos de d. Maria I, o angustiante momento da fuga da família real – que atravessava o Atlântico pela primeira vez – e as vicissitudes de sua nova vida nos trópicos, até chegar ao processo de independência brasileiro – quando se pagou, e muito, pela Real Biblioteca.Os livros, porém, permitem mais: são símbolos de poder e de prestígio, carregam dons e possibilitam viajar no tempo e no espaço. Ao evadir-se de Portugal, d. João não esqueceu da biblioteca – que veio em três viagens sucessivas -, assim como d. Pedro I não abriu mão das obras e do lustro que elas garantiam: nada como iniciar uma história autônoma tendo uma Biblioteca Nacional desse porte para assegurar um passado e conferir erudição a um país recém-emancipado.A longa viagem da biblioteca dos reis refaz muitas jornadas e mostra como, por intermédio de bibliotecários mal-humorados, obras selecionadas, ilustrações raras e muitos sistemas de classificação, pode-se contar uma outra história desse mesmo país.
Tá, eu não tenho exatamente essa mesma quantidade de livros e livros tão raros ou de herança como nesse caso. Tudo não passa de uma brincadeira. Mas a brincadeira soa como o famoso “kkcrying”: tô brincando mas, no fundo, é algo a se pensar. Então eu queria compartilhar com vocês quais são os meus planos.
No momento – e, quando digo momento, me refiro a momento de vida – eu estou organizando a minha biblioteca na sala comercial que antes pertencia ao Vida Organizada. Como eu estou fazendo esse movimento de migração para voltar a trabalhar sozinha, alguns itens não precisarão mais estar no escritório, tais como mesas, cadeiras etc. Então a minha ideia é transformar a sala em uma grande biblioteca, onde eu possa trabalhar e estudar também quando estiver no Brasil. Isso tiraria os meus livros de casa (moro de aluguel) e os deixaria em um lugar mais meu, já que a sala é própria (ainda pagando o financiamento, mas própria). Esse processo tem sido demorado porque estou viajando muitas vezes e então estamos levando estantes e livros todos aos poucos (minha família está me ajudando com a mudança). Eu ainda tenho muitos livros na antiga casa (cerca de 300) e mais alguns tantos (uns 200) no meu apartamento. Vou considerar esse projeto concluído quando eu conseguir levar tudo para a sala e, em uma segunda etapa, ter selecionado livros que não me interessam para doar.
O fato é que, diante de uma eventual mudança de continente, obviamente eu não pretendo levar todos os meus livros. Essa será uma outra fase, em que pretendo fazer o seguinte:
- Levar alguns poucos livros mais significativos e que não encontrarei por lá.
- Transformar a minha biblioteca aqui em uma biblioteca comunitária a serviço dos trabalhadores.
Eu ainda não sei exatamente como seria esse funcionamento – se eu mesma vou administrar essa biblioteca de longe ou se vou doar para alguma instituição já existente (mais provável). Mas minha ideia é definitivamente criar essa biblioteca comunitária, disponibilizando os livros para todo mundo. Outra possibilidade é abrir uma cafeteria com livraria – sonho antigo – aqui ou na Europa. Mas isso é sonho mesmo, que ainda não virou objetivo. O mais provável é que eu parta para a opção solidária de compartilhamento dos livros. É isso. 😉
Até lá, tenho muito ainda a curtir minha biblioteca, o que faço diariamente, onde eu estiver.
Essa é uma pauta sempre presente entre os expats, a gente sempre fica com essa dúvida de como trazer as coisas.
Aparentemente existem alguns transportes por navio que da pra contratar um container e colocar muita coisa.
Vamos aproveitar e colocar um estoque de tapioca e farofa ahaha
??
hahaha simmmmmm <3
Thais, que generosidade a sua transformar sua biblioteca pessoal em uma biblioteca comunitária a serviço dos trabalhadores. Quando isso se concretizar, serei uma das frequentadoras. Gosto muito de acompanhar suas indicações de livros, em especial sobre o trabalhismo. Tenho anseios de no futuro cursar uma segunda graduação em Sociologia e as temáticas trabalhistas me são muito caras. Como geralmente são livros que não tem no digital e tem um custo elevado, sua biblioteca será de grande valia.
Tem uns tesouros mesmo! <3
Oi Thais, faz muito tempo que não vinha aqui no blog, tenho te acompanhado no Insta, mas como me faz bem vir aqui – é restaurador. Com seu posts acabei de me dar conta que tenho 400 livros em casa. Não estou planejando nenhuma mudança, mas são meus tesouros, meu apego – tería que levá-los para onde quer que eu fosse. Muitos deles foram indicações suas. Adoro ver suas indicações e não perdia nenhum vídeo de book haul!
Thaís, a ideia de uma biblioteca comunitária é muito legal, mas, se você mudar de ideia, dá sim levar os livros todos para a Europa. Sou casada com um diplomata e nós nos mudamos de país a cada três anos e levamos toda a mobília e os nossos 600 livros conosco. Claro que, no nosso caso, é mais fácil pois o empregador do meu marido cobre esse custo, mas não é tão caro quando eu imaginava fazer o transporte por navio. E hoje em dia é possível comprar apenas parte do espaço de um container, não precisa pagar um inteiro sozinha. Enfim, se você acabar abrindo uma livraria café na Europa, é uma solução viável!
Obrigada pela informação!
Nossa, como estou amando ler os posts do blog e os comentários dos posts! Nunca que eu ia pensar nessa problemática e nessa solução que é completamente possível!
Amei seu post, kkkk, sempre tive esse sonho de abrir uma cafeteria de livros. O “Saber e o Aroma”, ou o “Aroma e o Saber” .kkkk Amo ler e amo café. Combinação perfeita. Também curto muito a ideia do compartilhar e partilhar, um livro fechado é um universo bloqueado. A arrumação por cores, ficou linda. Essa biblioteca “made in Brazil” iria cativar o povo europeu com toda certeza, seria prestação de serviço público. Tô aqui tietando, como de praxe, pois a mulher é F… Só para constar leio muito Kindle, mas, amo mesmo os livros fisicos, os cheiros, as notas de rodapé, os rascunhos, os amassados, as orelhas no canto das folhas, os rabiscos e anotações, e todos aqueles rituas que vem junto com uma boa leitura. Ah e iria colocar o nome de alguns cafés especiais de livros que amei e amo…kkkkk Bjo Thais.
Realmente, quando se trata de livros, os “nerds” tremem nas bases! Mudei-me para Brasília-DF em dezembro23/Janeiro24. Trouxe a última caixa de livros no mês passado…e olha que doei muita coisa! Eu continuo não abrindo mão do livro físico e, apesar de não ter tantos livros como você Thais, os que tenho uso de forma recorrente. Alguns já estou fazendo re-leitura pela terceira vez. Acreditas? Adoro os Clubes de Leitura (ou do Livro!)! Com a internet, possibilitou bastante participar de clubes de leitura em qualquer parte do planeta! Pelo SKOOB (conheci através das suas lives!) podemos adquirir livros usados ou até trocá-los! São realmente muitas formas de garantir o hábito da leitura ou de possibilitar a outras pessoas ter acesso a leituras incríveis!