Hábitos, mais do que rotinas

Algumas vezes, eu sinto que ter uma rotina diária bem validadinha, com checklist, e ir acompanhando todos os dias, é a melhor opção. Tudo isso depende do que preciso no momento. Não sei bem dizer qual exatamente o critério, então acredito que ele seja subjetivo ou até mesmo intuitivo. Mas eu tenho momentos na vida em que prefiro microgerenciar um pouco para garantir que está tudo bem, enquanto em outros momentos eu prefiro deixar as coisas fluirem de maneira mais natural. Terá a ver com a época do ano? Não sei se tem alguma relação, mas passou pela minha mente essa possibilidade.

Hoje, quando acordo, vejo o dia como uma possibilidade de repetir todos aqueles hábitos que me fazem bem. Isso envolve vida, casa e trabalho. Coisas que eu sei que preciso fazer todos os dias para ficar bem. Mais do uma lista para dar o “check”, ou horários, ou metas, ou obrigações, é fazer o que sinto necessidade, em uma sequência que faz mais sentido naquele momento.

Hoje eu acordei e senti que precisava ir mais devagar. Geralmente eu acordo bem disposta na segunda-feira, mas a chegada da frente fria me deixou com a sinusite “atacada” nos últimos dias, o que me deixa menos disposta e também com uma tendência àquela dorzinha de cabeça chata que não é tão forte, mas fica ali, te incomodando, no fundo. Levantei, dei bom dia para a família, interagi com todo mundo, filhote foi para a escola e eu troquei de roupa, peguei meu café e fui escrever. The morning pages. Depois, li um pouco. Um pouco não – bastante. Umas duas horas lendo. Finalizei a releitura do “Tudo o que importa”, dos Minimalists, e foi uma leitura boa para mim neste momento. Acredito na terapia através da leitura. Leio em sequência os livros que acredito que me atenderão melhor no momento, gerando um estado mental e reflexões necessários.

Meditei por cinco minutos. Fiz yoga. Não calculei quanto tempo – simplesmente comecei e fiz a sequência que meu corpo pedia. Isso deu cerca de 20 minutos. Sem meta, entende? Atendendo as necessidades do meu corpo.

Li o jornal. Fiz o clipping, tirando dele matérias que me parecem serem temas interessantes a desenvolver para o Vida Organizada. Planejei algumas coisas para a semana. Disparei algumas mensagens instantâneas pra deixar a galera ir respondendo enquanto me dedico a outras atividades. Planejo o dia de trabalho e de atividades com o meu marido. Estamos mais próximos. Passamos por um período muito difícil, mas as coisas estão sendo ajeitadas por nós.

Decidi cancelar todos os serviços de streaming. Quando vejo tv, assisto YouTube. Quando quero ver algo específico, posso assinar durante um tempo determinado, só para assistir a série que quero, ou posso alugar o filme online. Não tem necessidade de ficar pagando. Já temos a Internet.

Escrevo. É o que uma escritora faz, todos os dias. Tenho assuntos administrativos a resolver, mas esses ficarão para mais tarde. Não pretendo almoçar. Exagerei no final de semana, então hoje vou fazer um jejum maior. O jejum me faz bem. Dá um tempo para o corpo, eu me sinto mais focada. Se sinto fome, como. Mas, muitas vezes, o que parece fome é apenas sede ou tédio. Bebo água, fico bem. Me distraio, faço outras coisas. Quando a gente passa a se observar mais de perto, fica fácil distinguir uma real necessidade daquilo que fazemos por “costume”.

Eu repensei um pouco tudo aquilo que eu tinha planejado para o meu ano de 2002, especialmente com foco na minha saúde (área que escolhi para focar). E lembrei que o propósito de ter escolhido essa área foi justamente o fato de que eu aprendi e implementei tantos hábitos bons nos últimos anos, e de 2021 para cá eu “chutei o balde” com muitos deles. Usei como “desculpa” minhas questões emocionais para justificar voltar a beber refrigerante ou comer algum tipo de porcaria, dormir mais tarde, parar com o yoga, coisas do tipo. Minha vida era tão boa. Os hábitos fizeram falta.

Meu lema para 2022 é: lembre-se do que você construiu e de tudo o que te trouxe até aqui. Isso, para saúde, é muito verdadeiro. E me fez colocar os óculos para uma nova realidade – a realidade de voltar a me observar e a focar nos hábitos bons. Porque a verdadeira rotina construída é exatamente isso: manter o que te faz bem e tirar o que te faz mal, mesmo que leve um tempo. Mais do que uma checklist, a rotina é composta de hábitos. A pergunta a se fazer é: seus hábitos refletem a pessoa que você quer ser ou o estilo de vida que quer viver? Talvez a resposta te ajude a repensar sua rotina e os seus hábitos assim como eu repensei os meus.