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TAG: Transtorno de Ansiedade Generalizada – minha experiência

Eu fui diagnosticada apenas depois de adulta com esse transtorno e, neste post, quero contar um pouco da minha experiência e como eu convivo hoje com essa condição, como a organização me ajudou e tudo o mais. Pegue sua xícara de chá e seja bem-vinda/o.

Vale dizer, em primeiro lugar, que sentir ansiedade é normal. Faz parte da nossa natureza. Quando estamos em estado de alerta, com medo, criando expectativas, é absolutamente normal se sentir ansioso. O corpo está te preparando para enfrentar o “desafio”, seja ele uma apresentação em uma reunião de trabalho, uma entrevista de emprego, a cerimônia de casamento e tantas outras.

O transtorno de ansiedade generalizada, ou TAG, é diferente. Atrapalha a vida da pessoa. Pode durar a vida toda como durante um período, devido a algum acontecimento recente. Pode acontecer durante a pandemia, por exemplo! Qualquer dúvida a respeito, por favor, consulte um médico psiquiatra. Infelizmente, por não ter me consultado antes com um psiquiatra, eu ouvi de muito médico em outras especialidades que o que eu tinha “não era nada”, o que era absolutamente frustrante, além de me deixar preocupada.

Uma vez, anos atrás, eu tive a sensação de que estava tendo um infarto. Meu braço começou a formigar, me deu vontade de tirar toda a roupa que eu estava vestindo, porque parecia que estava me sufocando. Minhas mãos e pés ficaram rígidos. Eu achei que fosse morrer. No hospital, mediram meus batimentos e pressão e, quando viram que não era uma questão cardíaca, ouvi que “não era nada”. Me deram um calmante na veia e me liberaram. Isso é um exemplo da minha vida relacionado a esse transtorno antes de ele ser diagnosticado. Desde criança eu sentia, porém só fui diagnosticada adulta, muito recentemente.

Depois que eu tive essa crise, eu achei que fosse simplesmente estresse, e me matriculei em um curso de meditação. Eu também resolvi focar com mais cuidado na minha organização pessoal (foi justamente quando decidi que queria trabalhar com isso). Ambas as práticas me ajudaram muito e foram decisivas no meu processo de cura pessoal, mas se eu tivesse sido diagnosticada antes, certamente tudo teria sido mais claro e tranquilo.

Por “sorte”, aos poucos eu fui desenvolvendo um estilo de vida em que dormir direito, me alimentar bem, fazer atividade física, meditar, ser uma pessoa organizada, fizessem parte da minha rotina de maneira concreta, e não idealizada, e certamente foi tudo isso que me ajudou a enfrentar a situação toda da pandemia desde o início.

Mas eu tenho um ponto fraco, que é a preocupação com a minha família. E, na situação que vivemos, sem ter o controle de como a minha família se sente, o que aconteceria se nosso filho pegasse a doença, eu voltei a ter crises muito fortes de ansiedade, o que me ajudou a entender melhor esse transtorno e me medicar para ficar bem.

Eu estou contando tudo isso para mostrar que, por mais que você viva uma vida legal, existem transtornos que estão fora do nosso controle, especialmente envolvendo uma situação tão extrema como a de uma pandemia. E que todo mundo se beneficiaria de um acompanhamento de perto para sua saúde mental, que deveria ser prioridade, junto com as iniciativas de saúde pública voltadas ao combate ao COVID-19, obviamente.

Os sintomas de quem tem TAG variam bastante, indo desde inquietação a aumento da pressão arterial. Algumas pessoas se sentem fadigadas, outras ficam irritadas, algumas “explodem”, outras sentem náusea, falta de ar, enfim.

O tratamento para a TAG começa com o diagnóstico, feito por um médico psiquiatra, e pela combinação de medicação assertiva + psicoterapia, que é fundamental para você entender as situações da vida que te dão gatilhos para tais crises. O tratamento com medicamento pode levar de seis meses a um ano, sendo reduzido aos poucos para ver os efeitos na vida do paciente.

Ter uma rotina flexível, mas que ao mesmo tempo eu tenha a autonomia para modificá-la e construí-la, me ajuda a ficar bem. A meditação também é fundamental, e pratico diversas vezes ao longo do dia. Manter um sistema de organização rodando, com todas as demandas fora da cabeça, ajuda de maneira inestimável a sentir mais ou menos ansiedade.

Enfim, muitos psicólogos e psicólogas indicam o blog (e eu agradeço!) porque organizar uma rotina é algo bastante interessante para se fazer em paralelo ao tratamento. A organização em si não vai resolver todos os seus problemas nem tratar o seu transtorno, mas certamente vai colaborar em paralelo e potencializar esse ajuste a um estilo de vida mais calmo e consciente.

Espero de verdade que esse pequeno relato ajude você. Fique bem.