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Encontrando a sua natureza original (organização e Ayurveda)

É muito importante dizer que o Ayurveda não traz curas mágicas, imediatas e instantâneas para absolutamente todos os problemas da humanidade. Mas é uma proposta, uma linguagem diferente dentro da medicina e, para nós, ocidentais, muita coisa parece novidade porque não foi assim que nos estruturamos. Cada vez mais a comunidade científica ocidental vem apresentando trabalhos e pesquisas acadêmicas que validam o que os samhitas do Ayurveda diziam já há milhares de anos. Mas eu nunca poderia deixar de dizer que é fundamental você ter acompanhamento médico para absolutamente todas as mudanças de estilo de vida (em termos de saúde) que você queira implementar, especialmente se você tiver alguma doença crônica.

Pra escrever este post, parto do pressuposto que nós, seres humanos, fazemos parte da natureza assim como as plantas e os animais. Vivemos no planeta Terra. Co-habitamos este mundo. Portanto, meu ponto de vista, e o que me atraiu para o Ayurveda, foi justamente o fato de eu sempre, desde nova, ser atraída por essa conexão com o natural, pois eu sei que, vivendo em São Paulo, por exemplo, e levando uma vida pautada por luz elétrica, trânsito, poluição e estresse, tudo isso me levaria a desenvolver determinadas tendências em termos de saúde – logo, eu teria que 1) me reconectar e 2) atenuar essas tendências.

Outro ponto importante. Minha abordagem com a própria questão da organização sempre foi compassiva, no sentido de que eu respeito o ritmo de cada pessoa. Ajudar e ter compaixão são elementos essenciais. Isso significa, na prática, ter a abordagem do caminho do meio. Nada de radicalismos. Nada de excessos ou de faltas. Encontrar o melhor caminho para cada um, e cada um pode estar em um momento. Portanto, soluções radicais não são encorajadas, porque eu acredito que não funcionam (simplesmente). Começar aos poucos, para construir uma rotina BOA, é o foco. Não adianta chegar impondo o que é certo ou errado. Trago boas práticas, com o blog. E você implementa aquilo que fizer sentido para você no momento. Muitas coisas só farão sentido lá na frente. Outras, ao serem implementadas hoje, também só terão resultado efetivo com a constância, com a prática diária. Toda vez que alguém me fala “não consigo ajustar meu sono!”, eu pergunto: “há quanto tempo você está tentando?”. A pessoa me responde: “uma semana”. Há um imediatismo. Uma semana é muito pouco. Um mês seria uma métrica interessante de começar a observar. Mas, além de implementar uma rotina nova, tem a constância. Ou seja, uma vez que você “acerte” seu sono, como ele fica depois de três, seis, 12 meses? Como você lida com aqueles dias em que o sono bagunça por n motivos? (ansiedade, dor, preocupação). Aí dá pra gente mensurar. Em uma semana não dá, você ainda está no início. E isso é bom, porque mostra que você está na melhor fase possível para se conhecer. Só não pode desistir, porque se você está focando nisso é porque os resultados importam para você. E a vida organizada se resume a trabalhar no que for sua prioridade, sempre. Se você deixa algo muito prioritário para você de lado por qualquer motivo, algo está errado. Só você pode afirmar isso, porque só você sabe o que é prioridade de verdade para você. E você não precisa falar pra ninguém. Tá tudo bem ser mãe e estar exausta porque não consegue dormir direito, e refletir que, dentro de você, é importante descansar, se cuidar. Nem precisa falar pra outras pessoas, porque as outras pessoas te medem sempre pela régua delas. E algo que é uma necessidade tão interna sua só você pode saber. Logo, observe-se. Faça o que te deixa bem hoje. Se algo não fez bem, você procura não fazer amanhã. Ter uma vida organizada é basicamente isso. Um reajuste constante, com foco em uma rotina tranquila.

Tanto para o Ayurveda, quanto para a nossa abordagem de organização aqui no Vida Organizada, cada ser humano deve ter soluções únicas e personalizadas. E mesmo o ser humano individualmente varia a sua energia ao longo de um dia inteiro. Não existem soluções prontas. A recomendação-base é: observe-se e, em paralelo, conheça as melhores práticas. Conhecendo-as, e conhecendo a si mesmo, você poderá aplicar, momento a momento, dia a dia, semana a semana, aquilo que você precisa no momento. Com o tempo, seu processo pessoal de organização vai se construindo.

Se você parar para pensar, esse conceito é libertador. Deve ter a ver com a idade… mas, hoje, ter esse foco no meu autoconhecimento, em entender como a minha mente, meu corpo, funcionam, me deixa livre de opiniões vazias, de estereótipos, de expectativas que nada acrescentam. Se eu acordei com vontade de me dedicar a um projeto, isso é importante. Como posso aproveitar essa energia? E, quando eu fizer uma pausa, qual a melhor próxima coisa que posso fazer? Beber um chá quentinho? Brincar com o cachorro? Fazer um alongamento? Preparar o café-da-manhã dos meninos? Colocar a roupa pra lavar? Ou até responder meus e-mails? Já falei diversas vezes que produtividade não é gerenciamento de tempo, mas de energia. Tem dias que acordo com dor de cabeça. O que meu corpo está me dizendo? E como posso configurar todas as práticas, ao longo do meu dia, de modo que eu fique melhor?

Existem dois termos em sânscrito, que eu aprendi estudando Ayurveda, chamados prakruti e vikruti. Prakruti seria a sua natureza natal. Características essencialmente suas. E vikruti seriam todas as coisas que estejam camuflando, escondendo, essa natureza original. Os desequilíbrios. Arrisco dizer, com a ousadia ingênua de quem está começando a estudar um assunto, que prakruti e vikruti podem ser associados a quem você é no seu “dia ideal” e como você fica quando não vivencia um dia ideal (se eu estiver errada, colegas mais antigos no Ayurveda, por favor, me corrijam). Um dia ideal seria aquele em que você se respeita da hora que acorda e vai dormir. Se precisa descansar, descansa. Se sente fome, come. Se se sente criativa, trabalha em atividades criativas. Um dia fora desse ideal seria um dia que te tirou do seu eixo. Te forçou a resolver um problema inesperado, te deixou ansioso, fez você parar coisas importantes para “apagar incêndios” de trabalho.

O que estou querendo dizer aqui é que quem somos de verdade não se altera, porém, cada um de nós está sempre mudando, aprendendo coisas novas, fazendo coisas novas e diferentes. Construindo uma vida, adequando a vida a quem somos realmente. Assim como acontece na relação entre prakruti e vikruti para o Ayurveda, eu vejo que, quanto mais o nosso dia refletir quem a gente é por dentro, mais perto estaremos daquilo que no Oriente se chama de “união”, o Yoga – a coerência, valor básico desse nosso trabalho aqui com o Vida Organizada. Sempre que forem diferentes, isso causará um desequilíbrio. O desequilíbrio pode ser notado de imediato, e tratado, assim como pode se acumular e levar a “doenças” (no uso mais livre e responsável possível dessa palavra).

Entendendo a sua constituição original, você poderá buscar, cada vez mais, construir um estilo de vida que seja adequado para você. É isso.

Não se deixe confundir por estados transitórios. Foi como eu comentei no Insta ontem: você não é uma pessoa procrastinadora. Você procrastina de vez em quando, ou muitas vezes. Mas isso não te rotula. Não é uma fatalidade ou estado permanente.

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A procrastinação é um efeito com várias causas. Mas uma coisa é fato: quem procrastina, acaba guardando essa frustração pra si. É um sentimento muito forte e interno. Por isso, quero dizer que estou aqui para te ajudar a pelo menos não se sentir tão sozinha/o! Todos os dias trago algum apontamento, alguma dica, alguma sugestão para te ajudar a se organizar para ter uma rotina mais tranquila. Comece dizendo que você não é procrastinador/a – você pode procrastinar às vezes. Essa definição tira o estigma de cima de você, dizendo que não se trata de uma característica ou fatalidade. E também te ajuda a se observar momento a momento, pra entender por que, naquele momento, naquele caso específico, você procrastinou alguma tarefa. Porque são causas diferentes. Você verá. Continue acompanhando aqui este perfil e marque seu amigo que precisa dessa ajuda extra pra ele seguir o perfil. ❤️ E todo dia, várias vezes ao dia, eu compartilho dicas rápidas e sugestões pra você implementar desde já e também refletir sobre o por que de você fazer ou não determinadas coisas. #vidaorganizada

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E aí podemos começar a entrar nessa conversa mais prática mesmo. No Ayurveda, entende-se que existem três grandes forças naturais em nosso organismo. Todo mundo tem. São os famosos doshas. Vata (movimento), Pitta (transformação) e Kapha (estrutura). Esses elementos existem em todo corpo, mas de modo geral, ao entender essa característica natal (a prakruti), podemos perceber a predominância de um ou mais doshas, e isso é importante justamente pra entender o que nos afeta mais, o que nos afeta menos, e quais são as nossas tendências. 

Por fim (para este post), o link da organização do dia com o Ayurveda vem do conhecimento de que o humor Vata é geralmente a causa da maioria das doenças do corpo justamente porque representa o movimento. E, se você parar para pensar, não acontece o mesmo com o nosso dia também? As mudanças acabam nos desestabilizando da nossa rotina. Mas, partindo do pressuposto que vida é movimento, e que todo dia as coisas mudam, nossa próxima pergunta sempre deve ser: o que posso fazer para voltar à minha natureza original?