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Terapia Online: como aproveitar melhor

Eu voltei a fazer terapia durante essa quarentena porque achei que seria um bom investimento de tempo e de energia para garantir que eu fique bem Рat̩ mesmo para dar suporte e cuidar da minha galerinha por aqui.

Obviamente que o atendimento tem que ser online nesse momento. E é curioso porque, apesar de eu ser fã do online, eu ficava curiosa sobre o atendimento terapêutico em si ser online, por dois motivos. Um, que achava “essencial” estar presente, para que a minha psicóloga pudesse me observar de perto – sei lá, eu tinha essa “coisa”. Dois, que eu achava que talvez não conseguisse me sentir à vontade em casa para conversar com ela sabendo que meu marido e filhote pudessem me ouvir (a questão da privacidade).

Com relação a isso, foi muito mais tranquilo do que eu imaginava. Primeiro, que ambos respeitam muito quando eu tenho alguma reunião e especialmente a terapia, mas o grande ponto forte da coisa toda foi que meu marido se envolveu mais comigo nesse sentido, vendo ali que eu estava me dedicando a essa atividade. Como posso explicar? Antes, mesmo que eu fizesse a terapia no consultório da minha psicóloga, ele não estava junto. Estava trabalhando, fazendo outras coisas. Agora, que estamos todos 24h juntos, sabemos o que todos estamos fazendo o tempo todo. E isso gera um envolvimento maior. Então, antes da sessão, eu pergunto para ele se ele acha que sentiu algo diferente em mim de uma semana para a outra ou se tem algo que ele acredite ser importante eu dizer. E sempre tem! É maravilhoso porque ele passou a se preocupar ainda mais comigo e a gente tem mais um assunto “de casal” para conversar.

Quero compartilhar algumas iniciativas minhas que têm me ajudado a aproveitar melhor essas sessões, de qualquer maneira:

  • Ter um diário. Seja como você quiser fazer esse registro, vale muito a pena fazer um acompanhamento das suas emoções, escrever sobre acontecimentos, se se sentiu chateada em algum momento, se teve algum fato chato na sua semana, como você se sentiu etc. Eu tenho o Bullet Journal para esses registros mais pontuais e rápidos (com o Mood Tracker, por exemplo) e um caderno onde costumo escrever diariamente – e às vezes escrevo sobre a vida e meus sentimentos no geral. Isso me ajuda demais a me entender e a levar questões para abordar com ela nas sessões também.
  • Ter uma lista de “assuntos a tratar” com a psicóloga. Aconteceu algo? Anoto ali, se quiser conversar com ela. Isso também tem se mostrado essencialmente útil para eu não me esquecer de falar sobre assuntos importantes. É comum passarmos uma sessão inteira falando sobre um único assunto da lista, mas mesmo assim é um avanço legal, um bom registro, e uma maneira de autocuidado.
  • Tem dado bastante certo também registrar as sessões. Você pode fazer um mapa mental (por exemplo) ou mesmo escrever no caderno, ou em uma nota no Evernote. Mas registrar anotações durante a sessão é bastante útil para eu revisar depois, mesmo porque vários insights e percepções eu posso acabar esquecendo se não anotar.
  • Ter um foco de atenção até a próxima sessão. A gente sempre discute uma série de coisas. De qualquer maneira, acaba tendo um foco. Um acontecimento, algo em particular que tenha me incomodado ou chateado. E é sempre bom tomar aquilo para o lado da ação, que seja refletir sobre o que conversamos (e por isso as anotações são importantes). Mas podem ser ações diferentes.
  • Usar fone de ouvido. Ajuda a me deixar mais tranquila com relação à privacidade, mas também me deixa mais concentrada ali na conversa.
  • E com isso chego à dica final, porém não menos importante: estar 100% presente. Não é bom fazer isso em ocasião nenhuma, mas ficar mexendo no computador ou vendo e-mails enquanto fala com a sua psicóloga é uma perda de vida tremenda. Não faça isso.

Eu não tenho palavras para dizer como a terapia tem me ajudado esses anos todos. Gostaria de ter começado a fazer bem mais cedo na vida, pois teria me ajudado demais a lidar com problemas que eu demorei para encarar ou pensar a respeito. De qualquer modo, é sempre muito bom ter alguém completamente “de fora” da sua realidade para te ouvir e te dizer coisas boas, ou te dar um direcionamento melhor com relação aos seus pensamentos.

Uma leitura que comecei a fazer na quarentena é o livro do dr. David Burns “Feeling Good” (em português, “Antidepressão”, um título que acho que infelizmente pode afastar algumas pessoas do livro). Na verdade ele é especialista em TCC (terapia cognitivo comportamental) e traz um resumo desse tipo de terapia no livro em questão. O livro é ótimo! Tem um capítulo muito bacana em que ele diz como nos sabotamos mentalmente e o que podemos fazer para lidar com esse tipo de pensamentos, por exemplo. O livro inteiro é essencialmente prático e, ouso dizer, com um bom-humor gostoso, tratando a terapia como algo leve. Enfim, uma leitura legal para se fazer na quarentena (pretendo fazer um post só sobre ele quando terminar de ler).

Termino esse post com uma fotinho de Amsterdam só porque fiquei meio nostálgica a respeito dessa viagem, que fiz há um ano. <3

“There are places I’ll remember all my life, though some have changed.”
Thais Godinho

Thais Godinho

Meu nome é Thais Godinho e eu estou aqui para te inspirar a ter uma rotina mais tranquila através da organização pessoal.

22 comentários em “Terapia Online: como aproveitar melhor”

  1. Eu retomei a terapia também para dar conta de todas as demandas desafiadoras e a melhor indicação que me fizeram foi de uma terapeuta de Brasília (moro na PB). Essa experiência de alguém bem de fora do meu contexto tem sido bem bacana. No início achei estranho mas agora já acho muito cômodo não perder tempo de deslocamento e espera. Me ajudou bastante fazer a sessão pelo Skype e não pelo whatsapp. Desligo o celular, fecho o email e só me concentro. Também fiquei mais a vontade pra tomar notas, nunca tinha feito isso em consultório e é ótimo! Não tenho feito diário mas tenho anotado os sonhos e tem sido sensacional. Adorei saber da tua experiência!

  2. Thais, eu faço online há 2 anos, pois minha psicóloga está no Rio e eu não queria trocar… quando eu morava em apartamento, eu descia para fazer a sessão nas áreas comuns do prédio pois não tinha essa privacidade – mesmo com a porta fechada dava para meu marido ouvir tudo. Depois que nos mudamos para uma casa de dois andares, ficou mais fácil.

    Amo que seja online e amo fazer terapia 🙂

  3. Eu fazia terapia presencial e até hoje lembro a última consulta com minha terapeuta… em que, posteriormente como ela falou, nós duas estavámos como Alice no país das maravilhas, fora do mundo comum vivenciando o covid…
    Não me imaginava fazer terapia online, pelos mesmos motivos que você ponderou… mas também senti a diferença com meu esposo. Ele está mais presente, e entende que é um momento MEU, super respeita e orienta nossos filhos a não perturbarem quando estou em consulta. Minha psicológa utiliza o Zoom e o Whatsapp, e eu ainda preciso me adaptar e preparar melhor pras consultas, é verdade… com as dicas que você deu me deu esse “insight”. Porém, me adaptei tão bem que passamos de quinzenal para semanal e tenho sentido bem mais os efeitos no online… Me adaptei otimamente. (minha terapeuta tb teve de se adaptar, pois era reticente a atender assim, mas para sobreviver à pandemia, se abriu ao método)… enfim… mesmo retornando a presencial, não sei se gostaria de retornar apenas a ele… talvez voltaria apenas 1x ao mês, realmente para pontuar mais firmemente as questões… E já vou salvar esse post, para me dedicar às dicas posteriormente <3

    FAÇAM TERAPIA! É um investimento pra vida! 🙂

  4. Ah, Thais, você comentou sobre anotar os sentimentos, questões, fazer um diário…
    Existe um app integrado ao terapeuta chamado Cogni que serve para essas questões… tem alguns psicólogos que usam.
    Você já ouviu ?

  5. Ana Karoline de Oliveira Costa

    Achei as ideias bem semelhantes ao que minha terapeuta em TCC me indica. Muitas vezes escrevo em forma de poesias, ou faço desenhos abstratos com giz de cera e lápis de cor. Parece que são momentos só seus, como na meditação e ajudam a baixar a turbulência mental.

  6. Obrigada Thaís por compartilhar sua experiência. O livro parece interessante, mas aguardarei o seu post sobre o mesmo antes de pensar em comprá-lo. Gratidão <3

  7. Estou fazendo terapia online tbm, mas para mim está ok. A ideia de escrever um diário, para mim foi super importante, estou seguindo as dicas de um livro “O Chamado de um Artista” e estou achando maravilhoso.

  8. Oi Thais, sou fã absoluta de terapia, faço há quatro anos presencial, então agora apenas migrei para o online. Como eu e minha psicóloga já temos “química”, pelo tempo de análise, não foi tão difícil a adaptação. Mas estou angustiada porque, devido a algumas situações de instabilidade do meu emprego por causa do cenário atual, talvez eu precise suspender as sessões, mas espero que não! Infelizmente fazer análise, no Brasil, acaba sendo um “luxo” que fazemos muito sacrifício para conseguir sustentar…
    Fiquei bege com a imagem de alguém mexendo em email ou celular na terapia, que absurdo! kkk. Nunca conseguiria! Acho que levaria um pito da psicóloga! haha! Isso me lembrou um vídeo hilário do Porta dos Fundos, chamado Terapia a Distância, lançado agora na quarentena, no qual o terapeuta é quem apronta coisas assim durante a sessão. Coitado do paciente! O vídeo é ótimo. 😉

    Beijos

  9. Thaís, sua terapia é da abordagem da TCC? Pergunto porque faço terapia há 2 anos e a minha é mais voltada à psicanálise. Já me ajudou muito, porque no começo eu nem sabia o que sentia direito…Agora sinto falta de um trabalho mais direcionado, com questões mais pontuais e não tão genéricas… Você ou alguém que leia e faça TCC pode comentar se já mudou da psicanálise para a TCC e o que achou? Obrigada por esse espaço, Thais! Você já me ajudou tanto, que nem pode imaginar. Bjo!!

      1. Thais..na realidade a minha pergunta era para a Adriana, sobre o livro “O chamado de um artista” e não sei pq saiu fora do local….Grata

  10. Bom dia, Thais! Eu fiz a terapia cognitivo comportamental por 2 anos, mudou a minha vida poder cuidar da qualidade dos meus pensamentos, mudar os “erros” de pensamentos. Durante a terapia usei o livro “Vencendo a ansiedade e a preocupação com a terapia cognitivo-comportamental: tratamentos que funcionam: manual do paciente”, autores David Clark e Aaron Beck. Minha terapeuta comentou que é o livro de ouro dessa área, usado durante as consultas, inclusive. Outro um pouco mais leve que indico é “Livre de ansiedade” (autor Robert Leahy, a capa é linda e charmosa!). Abraços!

  11. Com a pandemia transferia minha terapia para o online. Fiquei impressionada que desde a primeira sessão deu super bem, mas acredito que depende muito da pessoa. Aqui em casa eu e meu marido temos um combinado. Sempre que a sessão começa ele coloca o fone que bloqueia sons externos. Aí precisa ter confiança, né? O mais legal é que ele agora também começou a fazer, depois de uma certa resistência. Acabou que ele descobriu que prefere assim online e provavelmente vai continuar assim mesmo no pós-pandemia. 🙂 Acabou ajudando a aproximar. Talvez essa seja uma solução para quem tem resistência. Estou ajudando demais para enfrentar esses tempos loucos! As dicas são ótimas, vou tentar colocar algumas em prática.

  12. Olá Thais! Eu sou psicóloga, especialista em TCC, uso tanto os seus textos e seus vídeos como psicoeducacao. Parabéns pelo seu trabalho.

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