O meio

Muitas vezes, os seres humanos encaram a rotina como uma batalha de extremos. Ou trabalho muito, ou não faço nada. Ou limpo a casa inteira, ou melhor nem começar. Ou eu estou hiper produtivo, ou quero dormir o dia inteiro.

Meu convite com este post é que você busque o caminho do meio quando precisar tomar decisões ou planejar o seu dia. Vou explicar.

Uma lista de coisas a fazer HOJE, por exemplo. Você pode querer iniciar essa lista e ela pode ter cerca de 25 itens. Posso estar enganada, mas é bastante provável que você não consiga fazer esses 25 itens – não porque não quer ou porque não arranjaria tempo, mas porque imprevistos acontecem, alguns deles deixam de ser relevantes, coisas novas surgem, entre tantos outros acontecimentos que fazem parte da rotina.

Ou você pode querer implementar uma nova rotina para o seu filho em casa, pois ele está muito tempo nas telinhas. É computador para as aulas, celular para joguinhos, tv para vídeos. Mas, enquanto não encontra a “solução ideal”, não faz nada.

Esse perfeccionismo velado é uma das coisas mais frustrantes que existem e que a gente nem percebe – acaba ficando no inconsciente. “Preciso ter o dia perfeito hoje senão já eras”. Você não precisa fazer tudo nem ser perfeito/a em tudo o que faz. Existe um caminho. É o caminho do meio.

Quando eu fiz a minha formação em coaching, lá em 2016, lembro que a minha inspiradíssima professora, Renata Arrepia, ensinou um conceito que até hoje gosto de lembrar com carinho, que é: quando tiver um objetivo, “mire na lua”. Foque no melhor resultado que você tiver em vista, porque isso inspira. Mas não deixe que isso se torne um peso para você (aqui entra a minha parte). Porque, se você mirar na lua, você vai fazer um esforço maior do que se mirasse, sei lá, no topo do Empire State. Mas, se mirar na lua, talvez você passe fácil pelo Empire. Entende?

O segredo não está em não estabelecer metas elevadas, mas ficar feliz com os resultados do feito melhor que o perfeito não feito.

Você pode desenhar um dia ideal, mas não é saudável se frustrar porque não conseguiu fazer tudo exatamente como planejou, e sim ficar feliz porque, por tê-lo planejado, conseguiu avançar com diversas coisas que, do contrário, provavelmente não teria feito se não tivesse planejado o seu dia.

Isso vale para a vida como um todo. Você pode querer uma situação ideal, imaginá-la, desenhá-la, mas talvez ela não seja possível. No entanto, o fato de tê-la em mente pode permitir que você avance e chegue na metade dela. Já saiu do lugar! Entende?

Vou usar um exemplo com número porque acho que sempre fica mais concreto para demonstrar. Suponhamos que você queira guardar 10.000 até o final do ano. Essa seria a quantia ideal para você.

Você se esforça pra caramba, mas consegue guardar “apenas” 7.000. Pode parecer frustrante mas, se você não tivesse colocado a meta dos 10.000, talvez não tivesse guardado nada. Pelo menos você guardou 7.000! O que fez isso? A meta! Talvez a vida tenha acontecido e condições surgiram que não possibilitaram que você guardasse os 10.000, mas você, pelo seu esforço, conseguiu guardar 7.000! Isso é incrível! E é exatamente o ponto onde eu quero chegar.

Organizar a vida e planejar suas atividades não vai fazer com que sua vida seja completamente do jeito que você queria. E quer saber? Ainda bem! Porque seria monótona e previsível. O poder do planejamento, de estabelecer esse tipo de metas, está justamente no FOCO. Porque, ajustando o foco, você sabe para onde ir e sabe onde NÃO investir sua energia. Se você alcançar o caminho do meio sempre, em breve terá alcançado a sua meta final, pois de 44 em 44 você chega no 80 facinho (estou fazendo uma analogia do “entre 8 e 80”).

Quando você entende que o caminho do meio é um caminho de equilíbrio, passa a olhar para as suas metas de maneira mais positiva e compassiva, pois elas podem existir – e são ótimas! – mas jamais devem ser fontes de frustração para você. O equilíbrio é saudável.