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“Tive uma crise existencial aos 18 anos. Me ajuda?”

Oi pessoal. Hoje eu queria publicar a resposta a um comentário que foi deixado aqui no blog outro dia. Eu achei que a resposta poderia ajudar outras pessoas e, se eu respondesse apenas lá, ele ficaria “invisível” ou poderia passar batido. Espero que ajude, então.

Esse foi o comentário:

Boa tarde, eu tenho 18 anos. hoje eu tive uma crise existencial. Não consigo saber as minhas prioridades, não sei qual caminho seguir. Eu quero estudar, ler livros, entender sobre arte e cultura. Mas, eu tenho medo de perder amizades por isso e ficar sozinha na escola, porque eu já passei por isso e não foi bom. Eu sei que amizades de ensino médio, as vezes, não são duradouras . Mas também não quero ficar sozinha e ser taxada careta, chata e desatualizada.

Querida leitora,

Quando eu tinha a sua idade, passei pela mesma coisa. Foi muito difícil para mim escolher o que eu queria prestar no vestibular, se queria fazer faculdade naquele momento, ou se deveria primeiro conseguir um emprego ou estudar para passar em um concurso público. O que eu aprendi, depois que “cresci”, é que realmente a gente é muito nova para lidar com esse tipo de decisão – chega a ser injusto. Se serve como consolo, o que te digo é que sempre dá pra gente reajustar a rota. Eu fiz faculdade de Jornalismo e acabei trancando no segundo ano para cursar Publicidade, onde me formei. Hoje, eu não teria trancado. Teria terminado Jornalismo e depois feito uma segunda faculdade ou uma especialização. O que não recomendo é entrar / sair de vários cursos e deixar os anos passarem sem “terminar” nada, porque querendo ou não, infelizmente esses títulos são importantes no início da nossa vida profissional.

Mas veja você que eu, com quase 30 anos, comecei a virar minha carreira para trabalhar com outra coisa. Você não precisa necessariamente trabalhar na profissão que se graduar. Porque é isso: a vida acontece enquanto você faz planos. Ouça o que seu coração te diz HOJE. Faça o que lhe parece melhor.

Sobre as outras pessoas. Bem, a vida é feita de relacionamentos. Então, seja qual profissão escolher, você precisa lidar com pessoas. Isso não quer dizer que precisa conviver com pessoas que não gosta ou “se adequar” a elas para estar junto. Eu tenho vários amigos da época da escola mas a grande maioria eu nunca mais ouvi falar. Você ainda vai conhecer muita gente no seu primeiro, segundo trabalho, na faculdade, na vida. Não se cobre pelo que outros possam achar das coisas que você faz. O mais importante é como você se sente com relação ao que dizem. Ser taxada de chata, de careta, te incomoda, por quê? Investigue isso. Porque, se for mentira, você não precisa nem dar atenção a eles. Espere o ano acabar e dê adeus. Se te incomoda, olhe para dentro de você para entender seus sentimentos – não porque eles falaram, mas porque talvez você tenha coisas dentro de você que quer entender melhor.

Converse com alguém. Que seja um amigo. Que seja pela Internet. Que seja, talvez, uma terapia. Mas converse. Porque conversar coloca a gente em uma posição de narrativa, e na tentativa de explicar para os outros a gente acaba se entendendo mais também.

Uma das coisas mais legais que a gente vai ganhando com o passar do tempo é essa confiança de ser quem é de verdade e não aturar desrespeito das outras pessoas. Não é à toa que a gente vê alguns idosos falando tudo “sem papas na língua” pros outros – eles não estão nem aí! rsrs Claro que tudo deve ser feito sempre na base do respeito e da compaixão.

Aliás, fica essa dica pra vida. As pessoas não são as suas confusões mentais. Se uma pessoa te taxa de chata ou de careta, o que essa pessoa tem na mente e no coração dela para achar isso de uma pessoa que ela nem conhece direito e ainda externalizar para os outros? Diz muito mais sobre ela do que sobre você. Mas pensar sobre isso pode te ajudar a se sentir melhor consigo mesma.

Todo esse trabalho de organização, de planejar a vida, o ano, o mês… tudo isso na verdade é uma boa desculpa para a gente pensar e repensar sobre o que é e o que não é importante pra gente. É um processo para toda a vida. Apenas continue.

Fique bem. Boa sorte. <3

Thais Godinho

Thais Godinho

Meu nome é Thais Godinho e eu estou aqui para te inspirar a ter uma rotina mais tranquila através da organização pessoal.

16 comentários em ““Tive uma crise existencial aos 18 anos. Me ajuda?””

  1. Excelente resposta ! Parabéns para a leitora que teve coragem em pedir ajuda. O que se vê por aí são jovens perdidos, sem um norte, saindo do ensino médio e da agenda cheia da adolescência, para uma faculdade e um horizonte que nem sabem se querem mesmo enfrentar! Vou imprimir e mostrar pro meu filho!

  2. “conversar coloca a gente em uma posição de narrativa, e na tentativa de explicar para os outros a gente acaba se entendendo mais também.” Nunca tinha pensado dessa forma, até ler a frase no post. E faz absolutamente todo sentido. Muito legal quando alguém abre o nosso pensamento. Obrigada, Thais! 🙂

  3. Ótima resposta. Também passei por essa crise nos meus 18 anos. É difícil porque você se sente tão sozinho e perdido que nada dá jeito, parece que nada vai dar certo. Mas foi isso mesmo que você escreveu Thaís, a vida vai se moldando ao que fazemos dela. E quanto mais o tempo passa, mas a gente começa a se entender e entender as coisas. Tudo ganha um novo significado, mas isso é tão difícil mostrar para um jovem né? Só quem já viveu sabe o quanto dói, mas sabe também que um dia passa. Espero que dê tudo certo para essa pessoa que pediu ajuda. Queria ter feito o mesmo na minha época. Ajudaria muito ouvir isso que você escreveu.

  4. Não é nada fácil ser jovem.Tenho 33 anos e vejo o quanto é difícil ter que tomar decisões tão maduras não tendo a experiência de vida necessária.Concordo com tudo que a Thais diz.
    Siga sua intuição, se eu na sua idade tivesse pelo menos investigado o que minha intuição/coração dizia teria sido mais feliz.

  5. Parabéns Thaís, que resposta bacana!! Realmente não é uma fase fácil, e nos dias de hoje, os desafios parecem ainda maiores para os jovens. O excesso de informação, a pressão de certas “tribos”, novas maneiras de se relacionar, enfim… Mas penso que tudo na vida pode nos trazer uma lição, só depende de como vemos ou recebemos a situação. Lembro aqui da velha história do copo preenchido pela metade, podemos velo meio vazio ou meio cheio. Viver é um grande desafio, mas pode sim ser uma viagem linda, e eu creio que viemos a esse mundo para ter essa viagem linda, embora as vezes tenhamos vontade de descer do trem. Mas com você aprendi que tudo bem sentir essa vontade de vez em quando, aprendi a observar e reconhecer meus sentimentos, e a me respeitar mais quando as coisas não saem como deveriam., tenha eu dado o meu melhor ou não. Sim, isso mesmo, tudo bem não dar o seu melhor de vez em quando,. Tudo bem ver o copo meio vazio de vez em quando. O que importa é a gente ter a certeza de que fez o melhor que podia, naquele momento. Não somos seres perfeitos. Gratidão pelo seu trabalho Thaís! 🙏🏻

  6. Excelente resposta. Eu costumo dizer que demorei 40 anos para saber quem sou. Até esta idade, sofria com cada comentário maldoso e me submetia a fazer coisas que não gostava para agradar os outros. Hoje me respeito, sei o que gosto e que não gosto, sei meus pontos fortes e fracos. Esta construção leva tempo, mas temos que curtir a caminhada também. Parabéns pela resposta Thais.

  7. Eu teria uma única coisa pra dizer pra essa menina: não deixe de fazer o que vc gosta pq os outros acham chato. Eu, agora com 28 anos, parei de tentar fazer muita coisa que eu achava e ainda acho interessantíssimo pq as pessoas que eram “minhas amigas” não tinham interesse. Resultou que anos depois me senti vazia e sem nenhum sonho realizado ou encaminhado. Até que eu encontrei uma pessoa (meu namorado) há 3 anos e ele era tão empolgado com tudo e me apoia em tudo e acha tudo que eu faço e pensp tão incrível que eu me sinto uma idiota de ter largado todos meus sonhos de lado por pessoas que não me valorizavam. Eu desisti de aprender muita coisa de arte e cultura como a menina falou pq ninguém se interessava. Ninguém tava preocupado em entender o que um artista queria dizer com sua arte. Então, se valorize que um dia vc vai encontrar pessoas que valorizam as mesmas coisas que vc. E o próprio caminho vai te levar a isso.

  8. Que resposta maravilhosa! Aos 18 anos tudo é bem complicado. Claro que muitos aprendizados a gente só vai descobrindo com o passar dos anos. Eu precisei desses dez anos pós 18 para me conhecer verdadeiramente. Ainda estou no processo. Mas a cada dia que passa vou me conhecendo, decidindo e quando necessário mudando rotas. A vida é assim. O problema é que a gente fica muito pilhado no fulado que aos 18, já sabia o que queria, aos 20 era bem sucedido e acha que com a gente tem que ser do mesmo jeito. E não. Cada um tem o seu tempo, o seu momento e está tudo bem.

  9. obrigada pela resposta, não sou a pessoa citada acima mas estou passando pelo mesmo dilema que ela, estava pesquisando sobre estes assuntos e acabei encontrando sua resposta, me sinto melhor depois de ler ela, me ajudou a perceber pequenas coisas nas quais eu estava desesperada para encontrar soluções,, obrigada sz.

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