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Como viver de maneira mais leve, lidando com a ansiedade

O tema deste post foi uma sugestão de muitos de vocês.

Vou escrevê-lo, claro, do meu ponto de vista, que não é de um profissional da área da psicologia. Por favor, perdoem qualquer equívoco e, se eu falar algo que seja uma bobagem enorme, não hesitem em me corrigir nos comentários.

De modo geral, sempre tive tendência a ser uma pessoa ansiosa. Quando eu era mais nova, eu tinha um “tique” (que não tenho mais, o que é uma conquista, porque tive durante anos), que era o tique de ficar “balançando / tremendo a perna” enquanto eu estava sentada. Alguém já teve ou tem isso? Eu lembro que meu pai tinha e eu acabei “herdando”. Eu nem sabia que tinha a ver com ansiedade. Sempre fui muito agitada – daquelas pessoas que nunca ficam paradas e querem sempre se ocupar com alguma coisa. O que me ajudou com esse comportamento e percepção do meu tempo foi o GTD, em primeiro lugar (método de produtividade que eu uso), e a meditação, que comecei a praticar em 2008, mais ou menos (o GTD eu comecei em 2006).

Essas duas práticas levaram anos para eu amadurecer. Mas desde o início já fizeram toda a diferença.

Nunca vou me esquecer de um dia em que tive uma crise de ansiedade e meu marido me levou às pressas para o hospital, porque eu achei que estava tendo um infarto. Senti uma sensação de sufocamento, queria tirar a calça que estava me apertando, a blusa que estava me esganando. Meu braço esquerdo começou a ficar dormente. No hospital, meus braços e mãos ficaram travados, duros, completamente rígidos, e eu sinceramente achei que fosse morrer. Nunca vou esquecer o diagnóstico do médico plantonista: “não é nada”. Até hoje fico inconformada como existem profissionais da saúde que não estão preparados para lidar com transtornos que nasçam na mente, e não no corpo (não que o cérebro não faça parte do corpo, mas vocês entenderam).

Depois daquele acontecimento, eu sabia que o problema estava na minha cabeça. Foi quando comecei a procurar um psicólogo, e depois a meditação. Era realmente ansiedade. E eu me sentia ansiosa por uma série de fatores – cobranças externas e internas, perfeccionismo, insegurança com relação ao emprego, falta de confiança na minha capacidade, relacionamentos péssimos no trabalho (eu estava em um ambiente super tóxico, em que todos pareciam se colocar contra todos, e aquilo me fazia muito mal).

Fazer terapia, tomar medicamentos (naturais e industrializados) contra a ansiedade e o estresse, aprender a lidar de maneira mais saudável com a minha produtividade (GTD) e fazer um curso de meditação (para aprender a meditar “direito”) foram as atitudes que tomei e que me ajudaram a superar a ansiedade.

Mesmo hoje em dia, ela pode retornar, e eu sei que ao mínimo sinal dela significa que eu preciso fazer alguns ajustes na maneira como eu toco a minha vida.

Eu acredito de verdade que a organização possa ajudar quem se sente ansioso – o que hoje significa a maior parte das pessoas que vive nas grandes cidades. Se for o seu caso, eu recomendo, em primeiro lugar, sempre fazer um acompanhamento médico profissional. Doenças e transtornos da mente não são frescura ou “culpa” sua. Acontecem, assim como você pode ficar gripada/o. Cuide-se.

Em segundo lugar, busque se entender, o que a terapia ajudará e muito. Tentar manter um diário para registrar seus sentimentos pode ser uma boa. Não é nem para ficar relendo depois, se não quiser, mas mais pela terapia de botar pra fora os sentimentos diariamente.

Eu sou uma pessoa que gosta de métodos. Por isso, desenvolver, estudar e focar na implementação de um método de organização me ajudou e ainda me ajuda demais. Eu uso o GTD. Tem trocentos textos sobre o método aqui no blog, se você tiver interesse, e tudo o que ensino sobre organização tem a ver com ele também. Em resumo, se você gosta do blog, você gosta de GTD, mesmo que a sigla não signifique nada para você.

Por último, recomendo a prática de meditação assim como recomendo que você tome banho todos os dias. A meditação não tem necessariamente a ver com religiosidade. Você pode fazer meditações simples de respiração, para acalmar a mente mesmo. Quantas e quantas vezes, durante o trabalho, eu não parei e fui meditar no banheiro porque era o único lugar em que eu conseguiria 5 minutos de paz? Isso literalmente salvou a minha vida.

Para começar a meditar, você pode buscar um centro budista na sua região (use o Google Maps), fazer um curso de meditação que não tenha a ver com religião (a Call Daniel tem o MIND) ou buscar vídeos no YouTube que ensinem. Até eu tenho um vídeo onde mostro como fazer.

Enfim, espero que a minha experiência possa, de alguma maneira, ajudar quem sofre com ansiedade. Se você quiser compartilhar comigo ou com outros leitores a sua experiência, suas dúvidas, anseios, ou maneiras que te ajudaram a lidar com isso, por favor, deixe um comentário. Obrigada.

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27 comentários em “Como viver de maneira mais leve, lidando com a ansiedade”

  1. Nossa, Thais! Concordo total com vc! Estou grávida, super sensível, peguei um resfriado para ajudar, fiquei toda acelerada e perdida…
    Lembrei que fazia dias que não meditava, voltei a meditar e as coisas começaram a melhorar e tudo entrar em ordem…
    Ler seu post, caiu como luva!

  2. Eu comecei a meditar há pouco tempo e recomendo muito. Comprei um livro Mindfulness de Mark Williams e Danny Penman, que traz um CD com meditação guiada. Estou a gostar muito. Trata-se de um livro recomendado pelo Serviço de Saúde Britânico. Beijinhos de Portugal.

  3. Final do ano passado tive um episódio de pânico dentro do ônibus. Falta de ar, sensação que ia morrer. Eu sou por natureza, ansiosa e tinha mudado recentemente de casa, bebê pequena e ficava uma pilha por não conseguir por as coisas em ordem.
    Já percebi que situações como sair de casa desencadeiam mais ainda minha ansiedade (não por fobia ou algo parecido), mas a preparação de tudo, medo de esquecer alguma coisa pra minha filha e precisar, preocupação com os animais em casa…
    No início do ano ganhei uma viagem de aniversário para conhecer a praia. Tinha 1 semana pra me organizar e confesso que pra mim, a viagem foi mais estressante que prazerosa.
    Os posts do blog têm me ajudado bastante. Vou testando uma coisa aqui, outra ali e vendo o que funciona.
    Já deixei uma lista no celular de coisas que não posso esquecer quando saio com a bebê e todos os dias faço uma lista dos afazeres pra esvaziar a cabeça.
    Já percebi tb que tenho muita pressa pra acabar as coisas e quando algo não sai como planejado na rotina, tb acaba causando ansiedade. Não é fácil.

  4. Bacana este post 🙂 Importante para os dias atuais!!! Eu já tive crises de sentir dor no peito e tremedeira nas mãos de tipo cair o prato do self service na hora do almoço! Foi estresse e ansiedade com o trabalho.

  5. Era tudo o que eu estava precisando ler.
    Estou no tratamento, e a meditação me ajuda muito. Eu ja meditava antes da doença, graças a seus depoimentos sobre meditação.
    Obrigada por seu depoimento.

  6. Muito obrigado, Thais por encaixar em seu texto o seu processo que teve, tambem, uso de medicamentos nao naturais. Eu sou diagnosticada ja ha alguns anos com transtornos mentais (esoecificamente, depressao e ansiedade) e apesar de “fazer terapia” ja ser mais aceito hoje em dia como algo positivo e nao “coisa de louco”, ha ainda muito stigma sobre o uso de medicamentos. Infelizmente (ou felizmente?) sao eles, alinhados a varias outras coisas, claro, que me permitem ter uma melhor qualidade de vida.

  7. Oi, Thaís. Eu estou num caminho semelhante. Tive uma crise de ansiedade dessas ainda na adolescência, fui parar no hospital, mas tive um bom atendimento, que me orientou a procurar a terapia. Hoje, mais de 15 anos depois, eu percebi que a ansiedade estava voltando justamente por causa da correria da vida. E aí entrou a organização (obrigada!) e a meditação. Ainda me considero iniciante nessas duas atividades, mas já vejo uma enorme diferença. A vida é pra ser leve. É isso que estou buscando!

  8. Alguns anos atrás fui para o pronto socorro com minha mãe porque ela também achava que estava tendo um infarto, o médico disse que era nada, SÓ emocional e nos mandou embora. Meses depois descobrimos que ela estava com síndrome do pânico, depressão e ansiedade, não deixo de pensar que talvez pudéssemos ter descoberto antes se a atitude do médico fosse outra.

  9. Obrigada pelo artigo, Thais! Acompanhar você e implementar o GTD (inspirada no seu empenho em ensinar o método) me ajudaram muito na identificação da ansiedade, de me perceber, de me organizar dentro e fora. No passado, eu achava que ansiedade, agitação, perfeccionismo e falar muito eram características imutáveis da minha personalidade. Confesso que ainda estou em um processo de identificação. Sinto até que perdi muito da espontaneidade com essa consciência. Mas tenho a certeza que, apesar do longo caminho a percorrer, ainda vou recuperá-la, sobretudo por ter hoje a consciência de muita coisa que pode ser melhorada, de me fazer bem. Ter o domínio dos meus projetos e próximas ações é algo absolutamente incrível. Com o GTD ganhei segurança sobre projetos e organização de ideias. Ver tempo “sobrando” hoje, quando há poucos anos eu estava mergulhada em um mundo todo misturado e agitado, é muito compensador. Ainda não me foquei em aprender a meditação, mas já implementei o silêncio e o foco em boas vibrações assim que acordo, que foi o meu primeiro passo (estou lendo O Milagre da Manhã, por sua indicação). Obrigada, obrigada, obrigada de coração por se dedicar a compartilhar tanto do que estuda, do que lê, do que aprende, do que vive. Te tenho como uma mentora. Muita luz e boa energia para o seu dia!

  10. Me identifico muito Thaís! Tive uma primeira crise de ansiedade / pânico em 2016, não sabia nada sobre o assunto, então fiquei perdida de início. Também fui em vários médicos que me disseram “você não tem nada”.
    Quanto aprendi de lá pra cá com a terapia, lendo, ouvindo relatos de outras pessoas! Hoje me conheço muito melhor e sei identificar quando os níveis de ansiedade estão saindo do controle de novo. Nesse tempo, tudo que tenho aprendido no seu blog (te acompanho desde 2014!) também tem feito muita diferença! Não sei como alguém consegue sobreviver sem se organizar! Obrigada e um beijo!

  11. Sempre muito identificada quando tu escreves sobre esse tema <3
    Ainda não pratico meditação, mas está na minha lista Algum dia/Talvez. Quem sabe em uma revisão semanal eu não torne um projeto? haha

    Thais, eu sou a pessoa que ia te procurar aqui na UNISINOS no evento de comunicação. No dia, cheguei a ir até tua sala de apresentação, mas não havia ninguém. Acredito que cheguei muito tarde e o GT já havia encerrado. De qualquer forma, fica meu abraço carinhoso e meu agradecimento eterno por todos teus ensinamentos.

    E também queria te deixar uma dica acadêmica: sou doutoranda em direito e hoje fiz uma capacitação sobre o Mendeley. Sério… Tenho certeza que tu vais amar a organização e a praticidade do programa para organizar os artigos e as referências em geral. Não é propaganda, é um amor sincero hahaha

    Um abraço gremista!

  12. Ja tentei meditar porém o foco de estar parada no mesmo local me irrita rsrs
    Das poucas vezes que consegui focar me senti melhor depois, mas ai não consegui fazer mais vezes, tenho app no meu celular e ele esta aqui ainda ´para quando eu tentar focar mais uma vez.

    O que voces fazem para parar e focar?

    ótimo texto Thais.

  13. Nossa, eu não sei o que acontece comigo que TODA VEZ eu durmo no meio da meditação! Isso sempre acontece, seja fazendo sozinha ou acompanhada em centros de meditação. Será que isso significa que eu consegui alcançar o ápice do relaxamento?! haha…

  14. Puxa Thais! Me identifiquei muito com sua história. Recentemente, passei mal e acabei indo pro hospital, mas na hora de tirar sangue, tive uma crise de ansiedade, e fiquei com os membros enrijecidos, sem conseguir mexer por um tempo. Achei que estava tendo alguma coisa grave, mas era “só” por causa da ansiedade. Ainda não consegui implementar o GTD e a meditação na minha vida, mas estou tentando!!! Outra coisa que me ajuda muito é a yoga, tenho feito uma vez por semana no horário de almoço e já tem me ajudado muito! Muito obrigada por compartilhar seus conhecimentos conosco!

  15. Eu entrei em contato com o seu blog anos atrás e seus conteúdos vêm me ajudando muitíssimo à lidar com a minha ansiedade, na medida em que me ensinaram a organizar o meu tempo e melhorar minha produtividade. Obrigada!

  16. Nunca tive uma crise de ansiedade assim tão forte, mas quando me sinto ansiosa fico atrapalhada, corro e não saio do lugar, como em excesso.
    O que eu faço quando me sinto assim é escolher algo manual pra fazer. Pego um vidro pra limpar ou uma gaveta pra arrumar. Isso quando estou em casa.
    Quando estou no trabalho, se posso, saio pra caminhar por uns 10 min ou pra tomar um café, mudo de ares por uns minutos e volto. Quando não consigo sair, 5 min de meditação no banheiro ajudam muito.
    Acho que a minha ansiedade vem diminuindo à medida que eu me conheço cada vez melhor. Quanto mais eu percebo que tudo que eu estou vivendo é fruto das minhas escolhas e que, eu sempre posso fazer diferente, se eu quiser alivia.
    Outra coisa que ajuda é olhar para um horizonte mais longo, e ter a certeza de que o que estou vivendo é momentâneo, seja algo bom ou ruim.
    O tema deste fez foi demais! Gostei muito!
    Beijão

  17. Excelente post, Thais!

    Eu sofri uma crise de ansiedade em 2017 e desde trabalho meu psicológico.
    A pressão da faculdade com o meu autocobrança exagerada acarretaram na crise, encontrei na terapia e na meditação a cura linear.
    Hoje a meditação é um hábito na vida, assim como tomar banho, escovar o dentes e comer, tão simples.

    Grande abraço,

  18. oi Thaís, muito bom o seu texto. A ansiedade esta tão comum que é um absurdo um médico nao conseguir detecta-la, a real é que eles menosprezam, muitos deles. Voce já ouviu falar da SOFROLOGIA? é uma espécie de terapia bastante difundida na França que trata ansiedade, problemas de sono e depressão, tem uns exercícios bem interessantes tb. Tem apenas um canal no youtube CALMA GENTE CALMA que explica esse método e eu fiz alguns exercícios e consegui relaxar.

  19. Oi Thais, ao ler o seu relato do seu primeiro ataque de pânico eu me lembrei do meu… estava sozinha em casa (São Paulo – família toda morando no interior), e comecei a sentir formigamento no braço, desconforto, boca seca… tinha um aparelho de pressão arterial digital e ao medir minha pressão eu vi que estava alterada… era madrugada e peguei o primeiro táxi para o hospital mais próximo… diferente do seu relato, eu dei muita sorte!! Cheguei na recepção do hospital sozinha, de madrugada, falando que estava infartando e logo me levaram para a sala do plantonista, um médico que, infelizmente não me lembro o nome, com toda a calma do mundo perguntou o que eu estava sentindo e eu, aos prantos, fui contando tudo pra ele… com muita paciência ele ouviu e me disse que tudo o que eu estava sentindo era um sinal muito forte de uma crise de pânico, me explicou os sintomas e eu só conseguia concordar… ele me receitou um calmante para aquele momento e pediu para que eu ficasse na sala de medicação até que eu me sentisse melhor, voltou lá algumas vezes e quando eu estava melhor, me pediu para procurar um terapeuta e seguir com a vida de forma mais leve… não segui os conselhos dele tão imediatamente, mas hoje consigo perceber as crises chegando e me controlar melhor… minha vida ainda não está do jeito que eu gostaria, queria ter mais controle sobre minha rotina profissional, mas sei que estou mais perto disso do que ontem… enfim… meditar ainda é algo novo pra mim (tenho usado o aplicativo Lojong), e eu tenho buscado mais pausas restauradoras todos os dias… leitura, uma taça de vinho, alguns minutos no sol, uma caminhada leve na hora do almoço… enfim… sigo o seu blog há anos, já fiz a turma presencial de GTD 1 (logo logo farei a 2), e estou cada dia mais focada em ser feliz e felicidade pra mim é ter o meu tempo para fazer as coisas que eu quero fazer e nunca mais sentir isso… a sensação de que a vida está indo e eu não fiz nem a metade do que eu gostaria!!
    obrigada por compartilhar conosco tanta coisa bacana!!
    beijos!!
    Georgia

  20. Sempre fui ansiosa, mas me considerava curada porquê não ficava mais doente (fisicamente) por isso. Depois de ler uma matéria na revista Superintenressante sobre o tema, vi que eu tinha muito mais da ansiedade em mim, coisas que eu sentia que nem sabia que tinha a ver com ela.
    Passei por um processo bem difícil no trabalho e quase surtei, acabei saindo, a staff era maior que eu.
    Hoje também faço terapia, meditação e atividade física. Leio muito e procuro melhorar a cada dia.
    Jamais imaginaria que o perfeccionismo me prejudicaria tanto…

  21. Thaís, estou no último ano de psicologia e acredito, pelo seu relato, que você teve um ataque de pânico que está dentro dos transtornos de ansiedade no DSM V. Parabéns por cuidar da sua saúde mental e ter criado mecanismos para lidar com sua ansiedade!

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