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Sobre moldar o mercado

Era um almoço de domingo qualquer, com pessoas queridas, quando eu comentei que estou contratando uma segunda pessoa para começar a trabalhar comigo em fevereiro.

“Eu prefiro que ela trabalhe entre quatro e seis horas por dia. Não acredito em jornada de oito horas. Acho muito exaustivo para a pessoa.”

Minha nossa. Quem vai na contramão tem que estar preparado para ouvir as reações diversas.

“hahahahaha eu trabalho 10 ou 12 horas por dia”
“só na sua empresa mesmo a pessoa dá conta de trabalhar quatro horas”
“ninguém trabalha menos de oito horas na vida real”

Trabalhar com produtividade, estudar sobre isso, pesquisar, educar outras empresas e profissionais me dá uma certa permissão de mercado para poder aplicar na nossa empresa aquilo que eu acredito como ser humano, como empresária e também como trabalhadora que sou.

Eu me sinto confortável de trabalhar 12 horas por dia porque eu amo o que eu faço, mas assim como eu amo o meu trabalho, eu também amo a minha família, o meu tempo livre, o meu mestrado e outras atividades que também são importantes. Logo, eu procuro não trabalhar tanto tempo assim, pois preciso dedicar tempo a outras áreas da minha vida.

Durante toda a minha existência eu tive uma jornada de trabalho exaustiva, como das 8h às 18h, que me fazia sair de casa muitas vezes por volta das 6h e chegar depois da meia-noite, depois da faculdade.

E durante todos os empregos que eu tive eu também soube que, dessas oito horas diárias de trabalho, eu conseguiria fazer o que eu precisava em metade do tempo ou, no máximo, em até seis horas. Mesmo fazendo pausas. Às vezes, em até menos tempo.

Eu não estimulo um ritmo de trabalho em que a pessoa se mate de trabalhar durante quatro ou seis horas apenas porque o horário é reduzido. Não. Eu acredito em quatro a seis horas de trabalho com qualidade mas, acima de tudo, tranquilidade. Se a pessoa está sobrecarregada, bora gerar mais empregos. Se tem tanto trabalho assim, tem que ter receita para pagar mais funcionários.

“Mas na prática não é assim, Thais. Nem toda empresa tem dinheiro para pagar mais funcionários.” Pois é, eu trabalho na prática, sabe? E sei que não é fácil. Sei também que é polêmico. Mas o que eu tenho a mais absoluta certeza é a de que eu não posso fazer “na minha casa” algo diferente daquilo que ensino “na casa dos outros”. Eu vejo empresários ficando milionários (o que é ótimo) em cima da exploração do trabalho dos outros (o que é péssimo). O cara tem bilhões e prefere fazer uma doação para caridade a aumentar o salário dos seus colaboradores.

O que eu busco é a coerência. É a ter um trabalho legal, com propósito, em que se ganhe bem mas não precise morrer de tanto trabalhar. Eu não acho que seja uma utopia mas apenas uma construção.

Se existe uma mão invisível do mercado, é a mão da pessoa que acorda cedo para ir trabalhar e construir uma vida, uma empresa, uma comunidade, um mercado, uma economia, um mundo. E eu acredito de verdade que existem maneiras diferentes de fazer da rotina diária algo legal, e não apenas exaustivo ou simplesmente necessário.

O que eu busco ensinar aqui no blog, e o que nós buscamos ensinar como empresa, é que existe essa contramão, ela é saudável e nada impossível.

Você pode imaginar que, por eu ser uma única pessoa, e a empresa ainda ser pequena, que somos um ponto pequeno no universo tentando mudar o mundo. E que talvez não impacte tanto. Mas a gente tem que começar de algum lugar, e então ir se desenvolvendo. Eu acredito no poder da construção, e acredito ainda mais em uma construção para daqui a 50 anos – uma construção que talvez eu possa nem ver em vida, mas que acredito que aconteça e que trabalho hoje para daqui a 50 anos outras pessoas continuarem evoluindo nisso e pensando nos 50 anos seguintes.

“You may say I’m a dreamer, but I’m not the only one.”

Obrigada por estar aqui, fazendo parte dessa jornada.