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O ato de cozinhar e estar presente

Quando eu falo sobre organização da rotina de preparo de refeições para o dia a dia, é normal receber comentários sobre a falta de tempo e a rotina ser corrida. Tanto que até os posts sobre isso vão nessa linha, porque meu interesse sem dúvida é ajudar. Mas hoje, escrevendo o último post da semana sobre o tema “alimentação”, eu senti que não poderia deixar de abordar um assunto que considero importante para todas as áreas da nossa vida – especialmente a comida. É a prática, o hábito, de buscar curtir o momento e estar presente naquilo que está fazendo.

Entendo que, no dia a dia, possamos precisar fazer as coisas “correndo”. Mas eu sinceramente acredito que a gente deva tentar fugir disso com o passar do tempo. Afinal, a que serve essa correria? Ela é boa? Ou é apenas um sintoma de uma sociedade doente como um todo? Se precisamos correr até para preparar as nossas refeições, não tem algo muito, muito errado?

Tenho refletido sobre isso porque eu mesma tenho meus momentos de correria também, claro. Às vezes foi uma reunião que terminou mais tarde e, quando eu chego em casa, preciso agilizar o jantar antes de outro compromisso à noite (uma aula, por exemplo). Mas é muito fácil fugir da responsabilidade pela própria vida e deixar isso rolar sempre. Então o que eu tenho tentado fazer, sinceramente, é pensar sobre soluções para casos como esse. Como eu poderia me manter tranquila e presente mesmo em situações com tendência à correria?

De maneira geral, me preparar antes. É isso. Se tem potencial para ser corrido, entender que de fato será, se eu deixar para preparar o jantar naquele período entre compromissos. Então preparo um dia antes, ou planejo algo mais rápido de ser preparado, ou simplesmente delego essa tarefa. Mas deixar a correria como padrão é ruim (para mim). Não faz meu estilo.

Um dos maiores prazeres do meu dia a dia é cozinhar. Existem algumas atividades que me colocam em um estado de fluxo associado à criatividade. Cozinhar é um deles. Gosto de cortar os legumes devagar, prestando atenção nas sementinhas que estou tirando, em lavar os alimentos. Preparo o mise en place bonitinho. Vou lavando as panelas e utensílios enquanto cozinho. Mexo a comida na panela com calma, observando o cozimento. Leio uma revista enquanto espero, ou canto uma música que esteja passando no rádio. É cerca de uma horinha do meu dia em que simplesmente curto fazer aquilo. Pra que fazer com pressa?

Faço mea culpa aqui, porque não cozinho todos os dias. Tem dias em que estou viajando ou passo o dia fora de casa, em eventos diversos. Mas, quando estou em casa, gosto de cozinhar. E felizmente isso tem acontecido cada vez mais.

Quando falo sobre estar presente e engajada no ato de cozinhar, trata-se na verdade de um exercício que procuro trazer para todas as áreas da minha vida. Viver com significado é um ato de coragem. Somos a resistência. E a resistência serve justamente para fazer frente àquilo que queremos mudar.