Como foi o meu primeiro dia no mestrado

Em primeiro lugar, quero agradecer todas as mensagens de carinho que vocês enviaram sobre o Paul. Ele teve alta na terça-feira e já está em casa. Não está 100%, mas está em casa, e é isso o que importa. Vamos passar na pneumologista esta semana ainda para verificar os próximos passos em termos de medicação contínua, tratamento etc. O diagnóstico final foi que ele desenvolveu um quadro asmático e precisa de cuidados mais constantes daqui para a frente.

Hoje eu gostaria de contar um pouquinho sobre como foi o meu primeiro dia de aula no mestrado e por que a minha cabeça já está borbulhando em termos de organização. Lembro que, quando eu falei sobre as minhas 5 prioridades para 2018, e citei que mestrado estaria dentro da prioridade “me aprimorar como professora”, uma leitora comentou: “hmmm Thais, não sei não, mas acho que o mestrado vai ocupar mais tempo!”. E pensei muito nela hoje! hahaha Porque definitivamente, se eu tivesse 100% do meu tempo dedicado ao mestrado, ele me tomaria 100% desse tempo com toda a certeza.

Mas bem, vamos falar sobre as minhas primeiras impressões.

Minha primeira aula foi esta semana, mas antes dessa primeira aula eu já fui introduzida a dois pontos importantes do mestrado como um todo:

REUNIÃO COM O MEU ORIENTADOR: Na primeira reunião com o meu orientador, como comentei em um post anterior, cheguei cheia de perguntas e foi excelente já sair com um direcionamento para a pesquisa como um todo (pelo menos até então!). Já tive uma segunda reunião e minhas metas atuais são 1) finalizar duas leituras importantes e 2) encontrar o recorte empírico (público que vou pesquisar dentro do meu recorte), com justificativa dos critérios, para daqui a duas semanas. Não tenho problemas em terminar as duas leituras, mas como esse prazo está batendo com a deadline do manuscrito do livro, tenho que ter foco total nos próximos dias. Isso tudo, é claro, conciliando com todo o resto (me-time, Paul, casa, vídeos, posts, cursos, aulas, viagens, finanças etc). XD

GRUPO DE PESQUISA: Cada professor coordena um grupo de pesquisa que traz mestrandos, mestres, doutorandos, doutores, alunos em iniciação científica e outros relacionados. A primeira reunião foi sábado passado (fui direto do hospital, sem dormir, socorro!) e ainda bem que eu fui. Como eu não tinha dormido, porque o Paul estava no hospital (meu marido ficou lá para eu poder ir), considerei ficar em casa e descansar. Mas reuní todas as minhas forças (e, principalmente, a força de vontade) e fui para a reunião. E tudo o que eu conseguia pensar enquanto estava lá foi: “ainda bem que eu vim!”. Porque foi a apresentação da proposta do grupo para o ano e, como eu nunca participei de nada assim antes, achei importantíssimo conhecer tanto as pessoas quanto o grupo como um todo, as atividades, a que se propõe etc.

Observação: Para quem não é do meio acadêmico e não sabe do que eu estou falando, esse tipo de grupo de pesquisa se organiza para publicar artigos, estudar textos, participar de eventos e congressos e fazer networking acadêmico mesmo. O grupo tem um foco específico (o meu é em teorias da comunicação).

Sobre a aula:

AULA: Minha primeira aula foi da disciplina de “Metodologia da Pesquisa em Comunicação”. Por eu ser uma pessoa organizada, sempre adorei as aulas de metodologia que tive na faculdade, pós-graduação etc, então já esperava que gostaria de novo. Mas, como vocês podem imaginar, no mestrado é muito diferente, no sentido de volume de leituras mesmo. Eu adorei a primeira aula, o professor é super competente e organizadérrimo (já enviou todos os textos organizados por aula no Google Drive), e não vejo a hora de ter a segunda disciplina para ver como será.

Eu dificilmente me arrependo de coisas que fiz ou não fiz, mas esta semana estou sentindo o peso de não ter começado a me dedicar à vida acadêmica antes, lá com os meus 18, 19 anos, quando entrei na faculdade. Eu já poderia ter muitos artigos publicados, poderia ter participado de eventos e ter construído, em paralelo com o “mercado’, uma carreira acadêmica ao menos estável e sólida. Mas não fiz isso. Sei lá, sei que tenho uns 30 ou 40 anos de pesquisa ainda pela frente (se tudo correr bem em termos de saúde), mas eu poderia estar em outro nível. Por outro lado, sei que não teria pesquisado esse objeto de estudo que eu tenho hoje, então todas as experiências que eu tive foram importantes. Vida que segue.

Como falei, ainda não tive aulas da segunda disciplina, que eu acho que terá uma carga de leitura muito maior do que tudo o que tive até aqui (pela natureza da disciplina em si). Mas, por hora, o que eu tenho hoje são essas demandas:

  • A pesquisa como um todo, que no momento está na fase de recorte, mas chegará ao ponto de ter a pesquisa de campo, a escrita em si, e todas as partes que a compõem.
  • As leituras para a pesquisa, que incluem livros, mas também outras teses, dissertações e artigos relacionados – cada uma dessas coisas é um mundo à parte.
  • As leituras para a disciplina de “Metodologia”, que são em uma média de 3 a 5 por semana (se contar a leitura complementar). Imagino que a segunda disciplina terá uma demanda semelhante, senão maior.
  • Os trabalhos de conclusão de cada disciplina, geralmente no final de cada semestre, claro, mas já com demandas que impactam agora.
  • As leituras do grupo de pesquisa. Incluem preparar apresentações.
  • Planejar a publicação de artigos.
  • Planejar a submissão de trabalhos para os diversos eventos do setor.

É bom que, ao escrever este post, já organizo meus próprios pensamentos (rs). “Isto é projeto”, “isto não é projeto” (#GTDfeelings).

Cada vez mais eu sinto a importância de já ter chegado com um recorte “quase pronto” para o mestrado em si, ter tirado quase um ano antes para estudar exatamente o que eu queria. Não consigo me imaginar desperdiçando um ou dois semestres sem gerar esse conteúdo todo e participar dos eventos simplesmente porque não tinha um recorte definido (a bem da verdade, nem sei se com o recorte definido será tão mais tranquilo assim kkk).

Eu tinha pensado inicialmente em dedicar meio período da semana para estudos mais aprofundados, que incluíam os estudos do mestrado, e também imaginei que, de noite, diariamente, eu me dedicaria às leituras. Já estou repensando isso. Vou ter que remanejar muitas atividades da vida como um todo para me dedicar ao mestrado da forma como eu quero, depois dessas impressões iniciais, e já tendo em vista também que precisa ser algo sustentável a longo prazo, porque quero me desenvolver como pesquisadora daqui em diante – conciliando com o meu trabalho como um todo, isso falando em “no resto da vida”.

Muitas pessoas manifestaram suas preocupações sobre eu abandonar o blog depois que eu começar o mestrado. Agradeço a preocupação e o carinho de vocês. Não vou abandonar o blog. O Vida Organizada já esteve presente em épocas muito mais atribuladas na minha vida – quando eu trabalhava em Campinas e ia e voltava todos os dias de São Paulo, por exemplo, mesmo fazendo pós-graduação aos sábados, entre outros.

Nesse momento que vivo atualmente eu tenho muito mais flexibilidade de horários (e, com grandes poderes, grandes responsabilidades, porque meu sustento depende de mim, então tenho que ser cuidadosa no remanejo das coisas). Mesmo que um dia eu resolva me dedicar mais à vida acadêmica, no sentido de virar professora em tempo integral, muitas coisas podem cair por terra, mas o Vida Organizada e o GTD não cairão, porque são partes importantes de mim. O que vai acontecer (e já prevejo isso em algum momento) é diminuir algumas atividades em uma ou outra frente, mas nunca deixar de lado.

Vejo a minha carreira como um grande todo. Tenho um propósito profissional que conversa com todas as frentes que tenho de trabalho, que envolve o que as pessoas fazem da vida e como elas podem fazê-lo sem tanto estresse. Eu também tenho um propósito maior, relacionado ao sistema econômico vigente no planeta. Não almejo acabar com ele, mas pelo menos reduzir seu impacto opressor sobre as pessoas que buscam significado em seus trabalhos. Então o Vida Organizada, o GTD, o Casa Organizada, a minha pesquisa, o meu próximo livro, tudo conversa com isso. E a ideia é buscar essa coerência sempre, ano após ano, década após década, e ir apenas ajustando as diversas atividades e a minha dedicação a elas no decorrer da vida.

Não sei bem se é uma formulazinha mágica, mas sei que ela vai mudando à medida que eu vou mudando, e se tem algo certo é essa minha vontade de compartilhar esses aprendizados sempre por aqui. ❤