Categoria(s) do post: Equilí­brio emocional, Saúde, Social

Existem algumas pesquisas em psicologia que falam que a gente busca nos nossos parceiros erros e falhas que nossos pais cometiam. Outras pesquisas também mostram que buscamos erros e falhas recorrentes. Sabe aquela coisa de sempre se relacionar com alguém “preguiçoso”? Ou sempre se relacionar com alguém que tenha uma outra caracterí­stica especí­fica? São ciclos que a gente percorre e nem percebe.

Eu comecei a me interessar por esse assunto quando passei a estudar o budismo mais a fundo (sim, de novo o budismo. sorry! tem muita coisa a ver!). A ideia de carma, de que a gente sofre consequências das nossas ações – o que vai, volta. Mas, dentro dessa ideia de carma, tem um ponto que acho fundamental, do tipo “todo mundo precisa saber disso”, que é: as coisas vão sempre acontecer com você até que você encontre uma maneira de lidar com elas em definitivo. De superá-las. í‰ tipo você jogar ví­deo-game e nunca conseguir passar de uma fase difí­cil. Não tem jeito – de alguma maneira, você sempre vai voltar a ela, e precisa dar um jeito de passar para que ela não se repita de novo.

Isso foi muito importante para mim porque me ensinou a RESOLVER as coisas. Resolver os problemas. E aí­ tem aquela frase: não adianta fazer a mesma coisa e querer resultados diferentes. Vê como tudo se conversa? Pois é. Para resolver problemas que nunca resolvi antes, tenho que agir de maneira diferente. Mas de que maneira, right? Porque, se eu soubesse, já teria resolvido.

í‰ aqui que terapia, por exemplo, pode contribuir. Porque um terapeuta vai te ajudar a encontrar os pontos que você reage de maneira semelhante na sua vida e como isso te ajuda ou te prejudica de alguma forma. í€s vezes a gente nem percebe esses padrões, então na terapia a gente coloca essas “novas lentes”.

Se você olhar para trás, com certeza vai identificar padrões em seus relacionamentos. Nem precisa ser só com os amorosos – pegue com amigos, parentes, colegas de trabalho. Quando aparece uma situação problemática, pode ser que você identifique que ela já tenha acontecido antes com você. Isso é um padrão. E a maneira como você reage a esse padrão, ou até o identifica antes de ele fatalmente acontecer, pode mudar toda a sua vida. Mas sim, é claro que não é fácil: depende só de você.

Isso tudo acontece porque somos criaturas de hábitos. Hábito é fazer o que é mais fácil e natural para a gente. E hábitos são reforçados diariamente. Não é do dia para a noite que se constrói uma determinada situação em um relacionamento. Na maior parte das vezes, você age de determinada maneira apenas porque é o modo mais natural para você. E nem percebe como isso impacta outras pessoas e até você mesma(o).

Alain de Botton, que é um filósofo famoso pra caramba, diz que a gente não busca felicidade em nossos relacionamentos, mas familiaridade. Isso explica o que comecei escrevendo lá no iní­cio, sobre muitas vezes a gente buscar em nossos relacionamentos coisas que nossos pais tinham ou faziam. De certa maneira, é como se o relacionamento dos nossos pais moldasse os nossos relacionamentos futuros. Inconscientemente, a gente acaba procurando em outras pessoas aquilo que nossos pais tinham.

Isso também explicaria o apego que a gente tem por determinadas pessoas e a ansiedade quando estamos sozinhos.

“Tá, Thais, mas como eu mudo isso?”

O primeiro passo é reconhecer esses padrões. Uma vez que você os reconheça, pode ir dando pequenos passos para mudá-los. E existem diversos estudos na área das ciências cognitivas que falam que, para mudar um padrão, basta substituir por outro. Então não adianta querer mudar algo sem ter uma alternativa para colocar em troca. Seu próximo passo pode ser, então, identificar o que você gostaria de ter no lugar do antigo padrão.

Não desanime, porque é um processo que leva tempo e te envolve muito emocionalmente. Não se cobre, mas sempre se observe. Manter um diário para registrar suas emoções também pode ajudar. Depois de um tempo, só de reconhecer esses padrões, a gente já começa a mudar, caso sejam padrões que não nos agradem. Porque o reconhecimento faz com que a gente “veja de fora” e sinta certa repulsa, e queiramos fugir desses padrões.

Outra coisa que me ajudou muito foi buscar cursos, livros de auto-ajuda e até mesmo meditações no budismo, que abordam tais questões. Você pode buscar aconselhamento com pessoas que você confia e, essencialmente, terapia. Que seja uma terapia temporária. Tenho certeza que o terapeuta vai te amar se você chegar lá com um objetivo definido como “quero reconhecer meus padrões de relacionamento”.

E o que isso tem a ver com organização? Oras, toda vez que aprendemos a nos desenvolver melhor como seres humanos, estamos na verdade aprendendo como agimos e como podemos aproveitar melhor a vida, e isso tem TUDO a ver com organização. Especialmente no caso de relacionamentos, que envolvem tudo o que fazemos na vida também.

Se você quiser saber mais, trago aqui algumas referências que me ajudaram a escrever este post, mas muito veio da minha própria experiência passando por essa descoberta também:

Você já teve algum tipo de experiência com esse assunto? Como identificou e superou esses padrões? Por favor, deixe um comentário compartilhando. Pode ajudar outras pessoas. Obrigada.

Deixe seu comentário

26 comentários

  1. Katy comentou:

    Esse texto fez muito sentido pra mim, Thais!
    E cada vez mais enxergo como organização é uma parte importante para qualquer desenvolvimento.
    Sucesso e beijos!

  2. Arthur Olinto comentou:

    Thais, você conhece a idéia do “Carma Familiar” do L.Szondi? É bem interessante! Mudou minha vida quando conheci.

    Aqui um artigo sobre o assunto: https://goo.gl/RzjTZS

  3. Tenho dificuldades em relacionamentos em geral, em confiar nas pessoas, em relação a minha vida amorosa então, nem se fala… Tenho a tendência de me sabotar justamente por medo de sofrer como vi minha mãe sofrendo… Mas hoje entendo que sou eu que preciso mudar meus pensamentos, até porque ninguém é igual a ninguém e eu não preciso repetir a história dos meus pais. Ainda estou no processo de mudança, e indo ao psicólogo. Espero melhorar! Grande Bj.

  4. SIMONE RIBEIRO comentou:

    Percebi o meu padrão de relacionamento através de terapia. Estou em busca de colocar em prática o que realmente quero, pois devido apego e medos me vejo presa em um relacionamento tóxico. Não é fácil romper padrões… Ótimo texto!

  5. Isabel comentou:

    Poxa, acompanho o seu blog há anos, mas nunca tinha feito nenhum comentário!
    Mas esse post, mexeu muito comigo, estou passando por uma fase difícil no relacionamento, e de repente me deparo com esse texto, que me ajudou muito a tomar uma decisão. Também li o anterior “O relacionamento que você tem consigo mesmo(a), que já me fez refletir bastante.
    Obrigada Thais, vc é maravilhosa!
    Sinto muita admiração por vc e pelo seu trabalho, bjs

  6. Patricia comentou:

    Oi Thaís, bom dia!
    Ler o que você escreve eh uma sessão de terapia!

  7. Adriana Loureiro Amato comentou:

    Bom dia Thais!
    Antes, quero agradecer e parabenizar o post “Desabafo”…assino embaixo. Escutar -“não”, transforma as pessoas: imediatamente liberam seu carrasco interior sem dar chance à empatia. Muuuuito complicado, por exemplo, em relações profissionais, né?
    Quanto a repetir padrões em relacionamentos, como sou muito resiliente – o que agradeço à uma vida de estudo da Seicho No Ie (conhece?)- , ao longo de meus 53 anos tenho tido oportunidade de quebrar a cara várias vezes pelos mesmos motivos…terapia já me esclareceu situações cabeludas!
    E, sim, com certeza , me observando, me questionando, não culpando somente o outro, mas investigando com coragem a minha contribuição para que aquele padrão se repita, em algumas … algumas relações consegui fazer parar a repetição…eehhh, um árduo trabalho, mas compensador. Mas é necessária muita honestidade com nosso travesseiro…
    Super obrigada por sempre me relembrar, há anos, das coisas que realmente importam nesta vida😊❤
    P.S. Você está linda!!! Tô adorando a série em vídeo do GTD…
    Fique bem!!!🌻

    1. Anita comentou:

      Encantada com esse pedaço do livro.Obrigada por nos apresentar Thais e Maira!!Vai já prá minha lista!!

  8. Lucia comentou:

    Sempre ouvi falar que a gente casa com um reflexo do pai/mãe, e demorou, mas agora, com 15 anos de casada, reconheço meu pai no meu marido!!! É impressionante!! Ainda bem que tive um bom pai, mais difícil quebrar o padrão para quem teve péssimos exemplos…

  9. Thais Silveira comentou:

    Super insight !!! Muito agradecida pela oportunidade de ler o que escreve! Beijos

  10. Carla Lorena Maia comentou:

    Ótimo texto, como sempre. Estás cada vez melhor, Thais. Parabéns. 🙂

  11. Lúcia comentou:

    Parabéns Thais!, você foi muito assertiva em sua reflexão! Adorei e com certeza farei proveito! Um grande abraço!

  12. Andrea comentou:

    Oi Thais, adorei seu post! Vejo muitos “padrões” na minha vida, e tenho a certeza de que muitos deles se repetem (e se repetirão) porque tenho algo a aprender com eles. Tem algum livro, link ou artigo budista que você conheça que possa ajudar a entender mais essa questão do karma e das situações que se repetem em nossas vidas?

    1. Sim. De modo geral, todos os livros sobre budismo abordam essa questão e são válidos. Escolha o que chamar mais a atenção. Um particular é “Como solucionar problemas humanos”, de Geshe Kelsan Gyatso.

  13. ANA CLAUDIA VASCONCELLOS comentou:

    Muito bom ler este artigo. 2018 será um ano maravilhoso com tantas trocas de experiências. A frase ” não adianta fazer a mesma coisa e querer resultados diferentes” será o meu mantra e, a valiosa, para mim, dica : “O primeiro passo é reconhecer esses padrões. Uma vez que você os reconheça, pode ir dando pequenos passos para mudá-los. ….., para mudar um padrão, basta substituir por outro. Então não adianta querer mudar algo sem ter uma alternativa para colocar em troca. Seu próximo passo pode ser, então, identificar o que você gostaria de ter no lugar do antigo padrão.” é o que pretendo fazer. Thais você é maravilhosa ! Bjs

  14. Barbara comentou:

    Nossa thais, obrigado por existir e compartilhar ! Beijos de luz pra você

  15. Vaness Rebello comentou:

    Acredito muito que quando observamos nossas ações e aprofundamos nosso auto-conhecimento – reconhecendo bons e maus hábitos – conseguimos identificar e ir mudando para um comportamento mais positivo para nós! Acho que poderia falar um pouco também (se não foi falado em outro artigo) sobre a autosabotagem. Acho que isso também entra no ciclo de mudança e que nos impede um pouco a evoluir! 🙂
    Amo suas reflexões! Sempre te acompanhando por aqui! Qual a linha do seu budimo (eu sou budista tb!) 🙂
    Bjs

  16. Thays comentou:

    Tais, seria muito, muito legal você passar dicas de livros sobre budismo. Sei que não é a temática deste blog, mas eu ando procurando bons livros sobre o assunto e sempre vejo você mencionando sobre os que está lendo… acho que me traria muito boas indicações! Muito obrigada pelo seu trabalho, me ajudou muito nos últimos anos! Abraço

      1. Thays comentou:

        Achei! Nossa, que vergonha!!! Obrigada

  17. Que mensagem maravilhosa, parabéns!
    É claro que repeti padrões? Desconheço quem não tenha feito isso, muito mais interessante foi saber quem descobriu e conseguiu se tornar uma pessoa melhor,para si e para o outro. Tenho trabalhado diariamente nessa questão, nesse aprendizado interno, nessa busca da evolução. O budismo me ensinou muito e tem ensinado,bem como outras terapias.
    Fiquei muito feliz de ler esse post.
    E deixo meu email e braços abertos para quem quiser compartilhar.
    Sei que é um processo intenso, mesmo, muito,por vezes doloroso, mas profundamente esclarecedor e iluminado!

    1. Que mensagem maravilhosa, parabéns!
      É claro que repeti padrões? Desconheço quem não tenha feito isso, muito mais interessante foi saber quem descobriu e conseguiu se tornar uma pessoa melhor,para si e para o outro. Tenho trabalhado diariamente nessa questão, nesse aprendizado interno, nessa busca da evolução. O budismo me ensinou muito e tem ensinado,bem como outras terapias.
      Fiquei muito feliz de ler esse post.
      E deixo meu email e braços abertos para quem quiser compartilhar.
      Sei que é um processo intenso, mesmo, muito,por vezes doloroso, mas profundamente esclarecedor e iluminado!