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O essencial de cada um

Nunca se falou tanto sobre minimalismo como atualmente. Existem tendências, no entanto, que são benéficas, e eu sinceramente acredito que o minimalismo seja uma delas. O minimalismo que eu acredito tem a ver com encontrar o que for essencial – não só em termos de objetos, mas relacionado a valores, princípios, atividades, projetos, objetivos. Se todos nós conseguíssemos nos ater a esse essencial personalizado, poderíamos perder menos tempo com aquilo que não importa.

A grande questão é: como descobrir o que é realmente essencial? Muitas vezes, o caminho inverso funciona como filtro mais fácil. Ou seja, refletir sobre o que não quer, sobre o que não tem a ver com a gente, pode ajudar a entender quem nós somos de verdade e o que queremos abrigar na nossa vida.

Muitas pessoas reclamam do seu dia a dia, do seu trabalho, do seu relacionamento, das suas finanças e de tantos outros assuntos relacionados. O que eu proponho é que, em vez de reclamar (ou além de), você use essa reclamação para entender o que é tão insuportável para você. Porque, nessa reflexão, você pode ver as coisas sob outra perspectiva. O seu chefe é chato, mas você gosta do que faz no trabalho. Logo, como atacar o problema em si, que é suportar o relacionamento com o seu chefe e até melhorá-lo? O foco muda. E as coisas boas (como o que você faz no dia a dia) acabam tendo mais significado.

Sobre a nossa casa. Muitas pessoas pensam que ser minimalista significa ter poucas coisas. De fato, é natural diminuirmos a quantidade de pertences. Porém, a ideia é que tenhamos conosco apenas aquilo que realmente seja essencial – e isso inclui parâmetros individuais. Não tem a ver com ter ou não um carro, ou ter ou não um iPhone. Tem a ver com você analisar com calma, diariamente, durante anos, o seu estilo de vida, e entender o que é essencial para você. Essencial pode ser tomar um banho quente e gostoso com um chuveiro maravilhoso, mas você gasta tanto dinheiro com balada e roupas que acaba nunca conseguindo comprar um chuveiro legal, mesmo que mais caro. Entende onde eu quero chegar? Trata-se de análise pessoal e personalizada, que só você pode fazer, e então aplicar isso às escolhas que você faz na sua vida.

Por que perdemos tempo com pessoas, atividades, processos, problemas, objetos que não nos interessam? A vida é uma eterna construção de estilo individual, e esse estilo se representa em tudo o que fazemos e expomos ao mundo. O minimalismo é tão diferente quanto as pessoas são diferentes. O meu minimalismo será diferente do minimalismo de qualquer outra pessoa, porque o que é essencial para mim pode não ser para ela.

Outro dia participei de uma discussão em um grupo virtual sobre minimalismo onde a pessoa perguntou: “qual o celular mais minimalista que existe?”. E choveram respostas como: “aquele novo modelo da Nokia que só faz ligações”. Mas essas respostas já pressupõem que o essencial em um celular seja apenas fazer ligações. Eu, por exemplo, quase não uso meu celular para fazer ligações. Ele é uma ferramenta de trabalho que uso para gravar vídeos e gerenciar minhas redes sociais, além de me comunicar de maneira ágil com pessoas da família e do trabalho através do What’s App. Se eu tivesse um celular como o citado, ele seria inútil para mim – e isso iria contra o que eu considero essencial.

O mesmo vale para qualquer outra coisa: você pode achar que calça jeans é uma peça básica, mas ela não entra no guarda-roupa de outra pessoa, que prefere usar calças de alfaiataria. Por isso, a recomendação é: menos julgamento, mais análise de si mesmo.

[Tweet “Minimalismo: menos julgamento, mais análise de si mesmo.”]

O minimalismo como estilo de vida é excelente porque nos motiva a editar o tempo todo. Será que eu preciso disso em casa? Será que eu preciso tocar esse projeto no momento? Será que eu preciso fazer esse curso? E, com isso, eu libero espaço na minha vida para o que realmente importa – que, certamente, já terá bastante coisa também, mas serão todas coisas maravilhosas e que me motivam, ou que pelo menos me dão perspectiva de escalada para outro ponto onde quero chegar. Já pensou uma vida inteira apenas com o que for realmente importante?

Seja bem-vindo, julho.

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19 comentários em “O essencial de cada um”

  1. Lays Rodrigues da Silva

    Gostei muito da sua “definição” de minimalismo, concordo contigo que trata-se de um olhar pra si e a partir daí transferir seu ponto aos objetos que nos rodeiam, das pessoas com as quais convivemos, enfim, acho que é uma redescoberta muito particular de como se relacionar com o mundo =)

  2. Simplesmente maravilhoso esse texto… não analisei apenas no contexto do minimalismo, mas nos meus conceitos de autoconhecimento e reflexão pessoal, sobre o que o que é realmente importante na essência pessoal, de sentimentos e posturas perante a vida. Obrigada, você tem me inspirado muito.

  3. Mais um post maravilhoso Thais!
    Concordo totalmente com o exemplo do chuveiro, as vezes damos prioridade para coisas que na verdade não fazem tanto sentido na nossa vida, nos deixando cada vez mais distantes do que é o necessário ou do nosso sonho.
    E acredito que ter claro tudo o que queremos para nós e nossa vida fica mais fácil para realizarmos com mais facilidade.
    A minha psicóloga me disse uma coisa essa semana que fiquei pensando bastante e fez todo sentido, sobre quando não sabemos ao certo o que queremos não nos satisfazemos com nada que acontece para a agente e que é necessário determinar o que é importante ou o que buscamos naquele momento.
    Beijos

  4. Sensacional. Bela linha de pensamento, muito bom o jeito com que você se expressou. As vezes sinto que tem poucos posts desse tipo aqui no blog (apesar de eu não ser um leitor tão frequente). parabéns pelo trampo!

  5. Thais, atualmente tenho percebido que estou com dificuldade de detectar quais são minhas prioridades, o que é essencial pra mim. Alguns grandes planos se concluíram e agora que a vida tá entrando em nova fase, estou um pouco perdida. Acha que seu curso “Aprenda a identificar prioridades’ me ajudaria com isso?

  6. Estou em busca de descobrir o que é essencial pra mim. Mas tem sido uma tarefa muito difícil. Eu sempre tive facilidade para aprender as coisas e devido a isso desenvolvi várias habilidades. Mas parece que isso não foi, até então, algo positivo. Pois sempre abro várias frentes de atividades e acabo não conseguindo concluir nenhuma. Às vezes isso acontece porque não dou conta, por vários motivos, como falta de tempo ou falta de dinheiro e às vezes até porque chego na metade do caminho e descubro que aquilo não tem a importância que considerava ter.
    Uma maneira que estou buscando para me ajudar nesse problema é aderir ao minimalismo. E então encontrei esse texto. Ótimo!

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