Ultimamente muitos dos posts que tenho escrito aqui no blog são atendendo pedidos dos leitores, e este vai na mesma linha! Muitos leitores já me pediram para escrever sobre como é o meu processo de escrita, como escrevi os meus livros, como me organizei para isso, então, eu espero que esse post responda a essas questões.
Existe uma coisa que todo escritor fala e que pode até irritar quem não é do meio, que é: o escritor não para um só instante; está sempre de olho no que está acontecendo í sua volta e escrevendo o tempo inteiro. Isso é muito verdade. Eu acho que, no meu caso, eu não vivo de escrever livros, mas produzo muito conteúdo – o blog é praticamente uma revista (são 31 posts novos por mês + os meus livros, então calculem a quantidade de conteúdo produzido!). Eu preciso ficar ligada o tempo inteiro no que está acontecendo se quiser produzir conteúdo de qualidade, mas é algo que faço naturalmente porque gosto muito, senão sequer teria começado a fazer isso e tornado isso o meu trabalho.
O que estou querendo dizer é que não há um momento na minha vida em que eu pare e diga “agora vou começar a escrever um livro”, porque eu escrevo muito o tempo inteiro, e há fragmentos que eu vou escrevendo e montando, que aos poucos vão formando uma unidade, que pode se tornar um livro. Por isso que prazos são tão complicados no processo criativo, porque se você ainda não chegou “lá”, tem que se forçar a ter ideias, o que é terrível. Então você precisa escrever e capturar suas ideias sempre que elas aparecem, porque não sabe se lembrará delas futuramente, quando efetivamente precisará que elas sejam lembradas. Ando sempre com um bloquinho e caneta para lá e para cá, capturando tudo.
Por “sorte”, digamos assim, eu tenho o blog para extravasar minhas opiniões literárias sobre assuntos relacionados a organização e produtividade, então não preciso esperar a publicação de um livro para explorar tais ideias. Definir um calendário editorial para o blog me ajuda muito, porque com a exploração de temas ao longo dos meses eu consigo ter posts escritos, por exemplo, para seis meses adiante (sim, hoje eu consigo sentar e escrever um texto que será publicado apenas em agosto ou outubro, tranquilamente, porque é mais coerente com o tema daquele mês). Então a organização das ideias em si só me ajuda nesse processo.
Com relação aos livros, como acontece: eu tive a imensa sorte de ter sido contatada por uma excelente editora, que é a Editora Gente, e por eles fui convidada a integrar o time de autores, assinando um contrato para publicar um livro no ano seguinte. Mas o livro, quer a gente queira ou não, é um produto sob demanda. Então a editora diz: “Thais, nós achamos que, para este primeiro livro, uma boa estratégia seria um livro sobre este assunto. O que você acha?”. Tudo tem o seu aval, mas eles são o canal para fazer acontecer, então é claro que é uma via de mão dupla. E aí vêm os prazos, definidos por eles. Coisa de meses.
Essa história que a gente ouve, tipo, do George R. R. Martin demorar anos para lançar o sexto volume da saga de livros dele é coisa que só autor consagrado pode se dar ao luxo de fazer, e tenho certeza que o pessoal da editora dele deve chorar sangue com isso. Na vida real, os autores devem cumprir prazos como pessoas normais e reais, e é isso. São meses, poucos meses. Por isso você já tem que ter algo encaminhado, meio pré-escrito, porque nesse período você apenas refina o que já começou a escrever.
E cada editora tem sua estratégia também. A minha editora, por exemplo, lança os meus livros a cada dois anos. Com isso, consigo ter uma margem para trabalhar. Acabando a produção de um livro, já começo a trabalhar em outro. Isso me dá um bom prazo de dois anos para trabalhar em ideias, o que acho absolutamente razoável. E, quando chega o ano da publicação, a editora vai me dar um prazo de meses para refinar esse trabalho, entregar o manuscrito final, e então fica um pouco corrido porque é revisão daqui, revisão dali, aprovar capa, texto de capa etc, mas é um processo muito gostoso.
Algumas pessoas me perguntam se eu faço como o Stephen King e “separo uma hora por dia para escrever”. Eu escrevo diariamente, é o que eu posso dizer. Como eu disse, escrever e publicar todos os dias no blog mantém minha escrita afiada, por isso é ótimo ter um blog. Eu ainda escrevo muito conteúdo que não é publicado em formato de blog, como materiais para cursos do Vida Organizada, da Call Daniel, materiais que guardo para o futuro, como livros mesmo, entre outros. Então eu gero muito mais conteúdo do que vocês vêem publicamente. E isso é muito bom para o meu processo de escrita porque eu o aperfeiçoo diariamente. Mas se eu sento, diariamente, abro um documento no Word e escrevo uma hora com foco no livro? Não. Acho que isso deva funcionar melhor com livros de ficção.
O que é interessante é que, mesmo nunca tendo escrito um livro de ficção (só umas fanfictions aqui e ali), eu tenho algumas ideias que estão incubadas, e vez ou outra me surgem insights e lampejos diversos que gosto de anotar para usar algum dia. Me sinto super especial por isso, como se eu fosse uma escritora secreta guardando essas informações para algum dia. Quem sabe?
Caso tenham dúvidas ainda, por favor, postem nos comentários!
Adorei a ideia! Eu escrevo ficção, não oficialmente (pra publicar e etc.) mas para mim mesma, sabe? E essa coisa de 1 hora por dia nunca funcionou para mim. Tem dias que escrevo até a mão doer, tem dias que não sai uma palavra, tem dia que só imagino as coisas (e observo). Por isso não me sinto segura para tentar uma carreira como escritora. Levo a escrita como hobby, algo que faço em horas e dias especiais. Mas admiro muito quem consegue trabalhar com isso sem perder o “espÃrito da coisa”, sem perder a qualidade, por causa dos prazos e obrigações.
Tenta publicar no Wattpad Mariana. É uma plataforma bem legal tanto para leitores profissionais como para os que levam a escrita apenas como um robby, como é no seu caso.
Muito bacana teu relato, Thais! Saber escrever assim é uma dádiva! 🙂
Adorei o post!
Não sei se é uma percepção minha, mas dá pra sentir até nos textos você está levando uma vida muito leve, gostosa de viver, sabe? Acho que no GTD o termo seria “apropriadamente engajada”, haha! E isso é muito inspirador, de verdade! 🙂
Obrigada por perceber e comentar isso. <3
Olá, Thais. Tudo bem? Gostei bastante do post. Uma dúvida que eu tenho é: você escreve os capÃtulos do livro com ideias seguidas? Ou conforme vai surgindo as ideias você coloca no papel e depois vai organizando? Tem algum método próprio de organização especÃfico para quando escreve? Parabéns pelo lindo trabalho.
No geral da segunda maneira como você descreveu.
Obrigada Thais por compartilhar o seu processo de escrita. Você tem o dom da escrita!!!!
Adorei, ThaÃs. Você poderá fazer um post falando como define o editorial do blog?
É bastante complexo! Na verdade estou elaborando um curso sobre isso este mês. 🙂
Gostei de saber do processo de escrita. Já vi alguns filmes sobre escritores e não é fácil. Eu que sou ansiosa não serviria para isso. É um processo lento! Ansiosa pelo seu próximo livro!
Muito legal, Thais!
Se possÃvel, gostaria de dicas para afiar nossa criatividade na hora de escrever. O que você acha que influenciou na sua escrita (que eu acho bem atrativa, por sinal)?
Valeu!
Adorei o tema, obrigada! Vou anotar aqui para desenvolver com mais calma futuramente.
Acho que você tem potencial e bagagem pra escrever uma série: “Sua carteira organizada”, “Seu estudo organizado”, “Sua alma organizada” (essa última obra seria bem pretensiosa hehe). =)
Engraçado você falar sobre escrever ser uma constante na sua vida, pois eu penso nisso sobre estudar, sou professora de inglês e acho que devo estar sempre linkada nas novidades que nos surpreendem diariamente. Ler o seu relado foi o mesmo que trocar o verbo escrever, por estudar, simples assim. Não adianta você ter um plano de ação, uma organização se você não põe em prática, aquilo que ajustou pra fazer. Estudar para mim é uma constante, porque é natural, no dia que não o faço sinto falta, parece que falta alguma coisa, e achei fascinante o seu relato, agora eu sei o motivo pelo qual desfrutamos de textos tão bem escritos e relatos tão modernos com relação a todo e qualquer assunto. Thais não canso de agradecer, obrigada por você existir. Um bj e muito mais sucesso, pois sei que ele é um reflexo do seu árduo trabalho diário.
Me fala o que você acha desse texto aqui então <3
https://vidaorganizada.com/estudar-a-vida-inteira-o-que-isso-significa/
Thais, parabéns pelo seu segundo livro!
Resultado do seu belo trabalho, que eu admiro muito. Sempre que tenho oportunidade indico seu livro Vida Organizada. Agora, mais uma indicação. sucesso sempre! bj
Muito obrigado por compartilhar sua maneira de escrever, Thais! Me identifiquei muito, na verdade comecei um projeto de iniciação cientÃfica pela graduação, sobre o arquiteto Paulo Mendes da Rocha, e estou escrevendo bastante sobre o tema… Amo seu blog, obrigado!
Oi Thais… como é bom passar por aqui!
Obrigada, obrigada, obrigada!!!
Adorei o blog! Descobri por acaso e dei por mim a percorrer artig atrás de artigo! São deliciosos e super úteis. Tenho um blog no inÃcio de vida ainda mas também me ocorrem ideias e temas em qualquer momento e lugar, bom saber que faz parte de todo o processo, pois à s vezes não lhe dou a devida importância e devia!
Continuem com estes artigos maravilhosos! 💚
Thais,
Vendo essa postagem me veio uma dúvida, de algo que tenho dificuldade. Como você armazena essas ideias para o futuro? Você faz alguma classificação como, ideias para post, ideias para livros, etc.?
Tenho sim. GTDisticamente falando, são categorias dentro de Algum dia / talvez. 🙂
Olá Thais, tudo bem?
Sou sua leitora há tempos…. Você usa algum programa especÃfico para escrever seus livros ou o bom e velho word mesmo? sucesso, saúde e leveza sempre 😉
Já tentei outros programas mas hoje em dia uso o Word mesmo (na verdade uso o arquivo de texto no Google Drive e salvo como .doc).