Um dos temas que eu mais gosto de falar é sobre livros. E hoje eu gostaria de escrever sobre biblioteca pessoal, que seria o acervo que cada pessoa se propõe a ter em casa (ou no escritório) de livros de interesse. Eu comecei a pensar sobre esse assunto quando percebi que estava comprando muitos livros e que, na verdade, alguns eu não precisava ter em formato físico. Essa percepção é muito legal e é fruto da abertura do nosso mercado para livros digitais. Eu até cheguei a postar aqui no blog um texto sobre critérios que tenho usado para a compra de livros, e hoje quero aprofundar aquela ideia falando sobre biblioteca pessoal. Porque, afinal, quais são os livros que você quer ter em seu acervo? E é nisso que eu quero que você pense: sua biblioteca é um acervo. O que ele vai refletir?
Seria muito fácil para mim falar para você ter em seu acervo apenas os clássicos da literatura, sendo que o conceito de “clássicos” pode variar de uma pessoa para outra. Mesmo dentro da categoria “clássicos” você pode ter gêneros que gosta mais do que outros e, enquanto você adora “Crime e castigo”, pode detestar “Dom Quixote”. Por isso, eu penso que montar uma biblioteca pessoal é muito mais uma questão de auto-conhecimento que algo que você encontra acessando listas dos 100 mais clássicos na Internet, apesar de elas serem um bom ponto de partida. O que a gente está buscando aqui, então, são quais são os clássicos para você.
E aí eu acredito que o primeiro passo seja você ter consciência dos seus gêneros preferidos, e isso não tem jeito – quais são seus interesses? Quais são os assuntos que você mais ama no universo? A essa altura do campeonato, você já deve ter algumas pistas. Se você adora Harry Potter, As Crí´nicas de Gelo e Fogo e O Senhor dos Anéis, a chance de gostar de outros títulos do universo fantástico é enorme. Analise sua estante de livros hoje. O que você vê? Quais são os títulos que você mais gosta? Quais foram os livros que você mais gostou quando leu?
E outra: você pode até mesmo perceber que não gosta de gêneros literários, mas de não-ficção. Livros de Direito, História, Informática. Só que isso pode te dar uma indicação legal do que você pode vir a gostar. Por exemplo, quem gosta de Matemática pode se interessar pela biografia de físicos e matemáticos famosos, por outros gêneros científicos, por livros de ficção científica, enfim, expandir ainda mais de acordo com os seus interesses.
E aí, onde eu quero chegar é no seguinte: descobrindo tais gêneros, você vai atrás dos clássicos desse gênero. E, ao descobrir os clássicos, você descobrirá os autores. Olha que legal. Dentro dos clássicos, o que por si só já é legal porque, ao ler os clássicos, você vai descobrir porque eles são referência dentro daquele gênero – você vai descobrir que autor se identifica mais, gosta mais. E aí pode ir atrás de outros livros desse mesmo autor. Também descobrirá, veja que bacana: outros autores que tenham a mesma linha de pensamento, estilo de escrita, escola, daquele mesmo autor. E vai atrás deles. A ramificação é sensacional e depende exclusivamente dos seus interesses pessoais, não de uma lista padrão, veja você.
A vida é um conjunto de anos que você pode dedicar í construção dessa biblioteca e í leitura dessas obras que vão, além de tudo, ajudar a construir você como pessoa porque, se você gosta de ler, já deve ter percebido que a coisa é uma via de mão dupla: você escolhe ler o livro e o livro pode influenciar em muitos aspectos da sua vida naquele momento e dali para a frente, como se trabalhasse na construção da sua personalidade e dos seus dias (e quem sabe não seja isso mesmo?). Portanto, ao construir uma biblioteca pessoal, o que você na verdade está fazendo é montar uma estante de diários escritos por terceiros – fazendo uma curadoria daquilo que reflete a sua vida mas, ao mesmo tempo, tem coisas ali que você ainda nem leu. Que louco, não?
E leve em conta também que não é necessário ter pressa para ler todos esses livros. Eu costumo dizer que existe a hora certa para ler cada livro na nossa vida. Cada livro é uma oportunidade, uma aventura. Vale muito mais a pena uma estante cheia de livros não lidos que uma cheia de livros lidos, já datados, já consumidos. (Veja aqui o conceito sensacional do Umberto Eco sobre “antibiblioteca” – vale a leitura!). Ah, e tem outra também: você nunca relê um mesmo livro. Porque o livro que você lê quando tem 15 anos vai ter um entendimento diferente de quando você tiver 35. Vai por mim. E pode ser que, com 35, você o considere realmente um clássico. Ou resolva que não é, e dê de presente para outra pessoa. Mas aí que está a magia da coisa toda: a sua biblioteca pessoal nunca será uma coisa estática. Ela é um organismo vivo. Sempre em construção, sempre em movimento. Como você.
Que post legal! Entrei achando que ia ser um passo a passo, mais algo como categorizar, etc e me surpreendi com algo muito mais profundo. Ótimas dicas!
<3
A bibliotecária pira!! Excelentes considerações, Thais! Parabéns pelo maravilhoso conteúdo… Confesso que tenho um apego imenso com meus livros lidos… Ficam lá, aà eu pego, olho a capa, relembro o momento em que li, os lugares em que estava, o que se passava na vida… Releio trechos destacados… Hoje o meu eu não consegue doá-los… E quando empresto é cheio de ressalvas e para pessoas escolhidas rsrs As vezes prefiro comprar outro exemplar e presentear… Meio louco, não?!
Eu também. Para mim, um livro lido que pretendo reler é como um livro não lido. Porque sinceramente será um livro novo quando eu o ler novamente.
Eu também dou o livro de presente. 🙂
Lindo texto!
Faz todo sentido!
Os livros sobre sociologia , ciência polÃtica e filosofia, me ajudaram a fazer a escolha certa pelo Direito.
Excelente post !!! 🙂
Gênia!
Você provoca o pensar, a reflexão…eu amo ler e seu texto me fez pensar porque gosto disso ou daquilo e o que quero ter ainda…além de uma vontade louca de ir para casa arrumar minha estante e sair comprando outros tÃtulos que me interessam…
Bjo!
P.S: É muito legal quando vc pode postar com tanta frequência! Muito mesmo!
Obrigada, Jane! Eu adoro postar diariamente, por vários motivos. Vinha fazendo testes nos últimos meses, postando menos por mim (para focar em outras coisas) e pelos leitores (que disseram não estar conseguindo acompanhar), mas não gostei do resultado. Postar todos os dias me deixa BEM. E sei que muitos leitores gostam de acompanhar o blog diariamente. Então fico feliz com a decisão de voltar a escrever todos os dias. <3 Obrigada pelo feedback.
Texto muito legal e o layout está o máximo!! Amei também as fotos dos posts no novo layout 🙂
Obrigada 🙂
Mais um post inspirado e inspirador! Thais Godinho consta na minha biblioteca!
<3
Lindo texto, como sempre!! Gratidão!!!! <3
ThaÃs, parece que esse post foi encomendado para mim.
Estou a três semanas organizando meu pequeno acervo e definitivamente decidida a manter comigo apenas os clássicos da literatura e os de História, em especial ao tema da minha tese e alguns clássicos da área, os demais livros de história tenho adquirido em e-book, os romances que ficaram foram alguns livros “água com açúcar” como os da Nora Roberts, que me dão uma sensação ótima quando os leio.
Estive no feriado em São Paulo e fui até a Livraria Cultura da Av. Paulista, quase morri de felicidade! Mas segurei minha onda e só comprei um livro para agregar a minha tese e o seu livro que ainda não tinha. <3 (:
Desde o Kindle eu tenho comprado bem menos livros fÃsicos, mas isso é bom. Agora eu posso ter aqueles livros que realmente importam, que sei que serão sempre folheados e lidos, relidos e mexidos. Meu espaço hoje é pequeno para guardar todos eles, mas estou feliz com a pequena coleção que tenho. Não apenas o espaço fÃsico conta, como também o dinheiro, que é curto para poder me entupir de livros. Dessa forma, posso segmentar o que preciso e o que posso comprar.
Ótimo texto! 😀
Muito legal o texto. Boas considerações para termos em conta na hora de montarmos nosso acervo, porque, sim, ele nos representa, informa muito sobre nós, reflete quem fomos, quem somos, nossos interesses. E leitura é sempre bem vinda nesta vida de informações e referências atravessadas. Sempre fui apaixonada por livros e me imaginei muitas vez na minha biblioteca, rodeada daquelas referências que compõem a minha vida. Acho que tá na hora de levar mais a sério o sonho e me organizar pra valer. Essa reflexão veio em boa hora. Quero dar aos meus filhos a melhor referência: o gosto pelos livros.
Eu tenho uma lista de livros que eu gosto e que quero ter na minha biblioteca, pra ler e reler mas ainda não pude comprar, não ando lá muito rica hahahaha.
Gosto das edições de luxo, mas nem todos os livros são publicados nesse formato, infelizmente.
Os livros que eu não sinto nenhuma ligação especial, que sei que não vou ler de novo, que não gostei, passo adiante. Sempre tem alguém precisando de um livro e se eu não amo nem preciso é tralha! 😉
Amo livros, muito mesmo. Como passei a infância toda amando livros e sendo pobre, morava na biblioteca. Zerei a parte de ficção de mais de uma biblioteca pública de onde morava e das escolas em que estudei. Por isso até hoje tenho mini enfartos de riscar e dobrar páginas, morro de pavor. Escrevo meu nome dentro do livro e de maneira discreta ainda rsrs
Ainda vou montar uma biblioteca bem legal, mas não só pra mim. Quero que meus filhos gostem de livros também, quero que eles tenham a oportunidade de ter esse contato em casa – que eu não tive. Seria legal se um dia (quando eles existirem) eu puder compartilhar com eles essa paixão.
Adorei o post, me fez pensar em coisas boas.
=D
Procuro desapegar. Compro muitos livros.Às vezes já com a intenção de presente mas leio antes. Não consigo deixar nada para ler depois ,mesmo que seja uma leitura rápida para ler depois novamente. Se compro, leio e fico ansiosa esperando o livro chegar, pois não temos livraria aqui ,só papelaria com uns poucos livros e compro mais on line. Leio muito ebooks também. Mas passo meus livros para outras pessoas lerem Devo ter uns 10 rodando por aÃ. Geralmente eles voltam. E tenho pensado muito em doar alguns para a biblioteca da escola que trabalho mas ainda não desapeguei a este ponto.
A bibliotecária pira (2)!!!
Adorei a forma como você escreveu sobre como buscar leituras que possam ser interessantes.
Estava pensando em alguma abordagem de escolha de leitura para debater com com os alunos do ensino médio e acho que vou mostrar seu post para as salas! rs
Eu já sou bem desapegada de livros fÃsicos, e moro em apartamento pequeno e sou alérgica demais e meu filho idem. Acabo mantendo só os que eu amo muito e os de gastronomia para consultas, os demais de literatura eu acabo doando para outras bibliotecas. Pra mim que vivo dentro de uma biblioteca vejo que não faz sentido um livro ficar em casa na estante pegando pó..enquanto em uma biblioteca ele pode ser lido por centenas de pessoas.
Ganhei um kindle de páscoa, e estou amando a experiência de ler nele, simplesmente passei a ler mais e ler em outros momentos do meu dia coisa que com o livro fÃsico acabava não fazendo para não ficar carregando tanto peso.
Ei ThaÃs, tudo bem?
Excelente texto, hein? Também criei expectativas de que seria algo como ensinar catalogação, mas me surpreendi deliciosamente com estas considerações mais pessoais de como lidar com nossos gostos literários. Principalmente porque estou com um projeto em andamento de 100 livros em 100 semanas. E esse post contextualizou as minhas ideias a respeito desse projeto <3. Adorei demais!
Ah, e obrigada por me apresentar a maravilhosa Tatiana Feltrin no outro post sobre literatura.
Beijo.
Ela é incrÃvel.
ThaÃs, este post é sensacional, entrou para a minha lista de favoritos do blog. Sabe quando dá vontade de compartilhar? Eu e meu marido amamos livros e cada um tem o seu acervo pessoal, estou neste momento pensando exatamente em como deixar o meu acervo com a minha cara, você escreveu este post pra mim. Também estou procurando a melhor forma de organizá-los em prateleiras para que sejam parte da decoração do meu escritório/quarto de hóspedes. Amei cada dica, você é a inspiração em pessoa. Obrigada por compartilhar com a gente as maravilhas que a sua mente produz! Abraços.
Que legal, Iane. Eu também considero um dos meus preferidos. Eu amo esse tema. <3
Thais, adorei as dicas! Estamos em uma era de transição entre os livros fÃsicos e o digitais. Mas eu ainda queria ver uma dica sua de como catalogar os livros, acho que ter uma planilha com os tÃtulos ajuda a gente a compartilhar e a se conscientizar do que possui.
Eu catalogo no Skoob. Já tentei planilhas mas hoje sou um pouco mais dinâmica na catalogação das coisas. Mas posso mudar de ideia novamente amanhã, claro. haha
Obrigada pela resposta, Thais! Vou me cadastrar e conhecer o Skoob. 🙂
Oi Thais,
eu companho o seu blog a algum tempo… mas ainda estou iniciando o meu processo pessoal
Eu adorei o texto, pois tenho grande dificuldade para desapegar dos meus livros, tenho no kindle e na estante quase 300 livros .
E vou tentar aplicar o método, mais não vai ser fácil não
Benvinda ao clube. Tenho mais de mil. 🙂
ThaÃs, fiquei apaixonada pela sua sensibilidade a respeito da biblioteca pessoal, quando as pessoas pensam em organização acham que trata-se de um sistema cheio de regras e listas e você consegue transmitir que é algo além, que tem um significado, isso está bem colocado neste post.
Obrigada, é como eu quero passar mesmo. Fico feliz com seu comentário.
Adorei! É assim mesmo que vejo a coisa, como diários escritos por terceiros. Tenho bastante pena de doar meus livros porque sempre que vejo eles e releio, lembro de como eles me influenciaram e em como aquilo reflete na minha vida. E o legal é que tem livros que eu releio e passo a vê-los de forma completamente diferente da forma como vi da primeira vez. Isso é maravilhoso! Não é a toa que amo literatura <3
esse texto! <3
adorei sua perspectiva!
Conheci o site hoje e já me identifiquei com vários temaslegais.
Parabéns pelo trabalho e pelos ótimos artigos.
Obrigada! Seja bem-vindo. 🙂
Oi Thais!
Amei o texto! Eu decidi montar a minha biblioteca de dois tipos: uma pessoal e outra profissional, mas primeiro, aproveitando outra dica sua para “destralhar” minhas coisas, eu doei os livros que à s vezes comprava em promoções e nunca havia lido ou aqueles que li e amei, mas era hora de outros lerem e também gostarem. Agora tenho os livros que gosto e que realmente desejo ler, tem alguns clássicos da literatura como o Morro dos Ventos Uivantes que estão ali para ler, também amo livros de autoajuda, ficção, romance, sou bem eclética. Em relação a parte profissional já comecei a adquirir livros que vão ser úteis na minha vida profissional e futura ( e espero que em breve!) pós graduação.
Ah tenho uma dia: fiz no Todoist uma wishlist de livros que quero adquirir tano pessoal quanto profissional, separadas claro, e uma dos livros que tenho para ler ao longo do ano.
Um abraço
Amanda.
Suas dicas foram sensacionais, refletem a profundidade do problema em questão. Achei que seria um conjunto de regras pré-definidas, porém me surpreendi ao ler seu texto! Parabéns!
Agradeço muito.