Viver em casa

Já faz pouco mais de um ano que nós nos mudamos para esta casa e eu estava pensando sobre como sempre há tantas coisas para fazer em casa e também sobre a relação que nós temos com o lugar onde moramos.

Nos últimos anos, nós nos mudamos muitas vezes. Em 2011, saímos de uma casa grande para um apartamento com tamanho ok. Em 2013, nos mudamos para um apartamento com menos cômodos, acreditando que seria mais condizente com a nossa realidade. Pouco depois, mudei de trabalho e precisamos mudar de cidade, então nos mudamos para São Paulo em 2014, para um apartamento que gostávamos muito mas, infelizmente, no início de 2015, o proprietário pediu o apartamento de volta. E então nos mudamos para a casa onde estamos hoje.

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No começo, eu tinha bastante medo de morar em casa. Anos morando em prédio com portaria 24 horas me deixaram assim. Eu ainda acho que morar em prédio é infinitamente mais seguro, mas hoje os apartamentos são tão apertados e tão cheios de problemas, que cada vez menos tenho vontade de voltar para um.

Muitas pessoas me escrevem perguntando se nossa casa é alugada, se é comprada. Eu nunca me senti à vontade para responder essas perguntas porque acho super pessoais, mas hoje estou ok com a resposta. Nós chegamos a procurar apartamento para comprar há alguns anos, mas desistimos. Por muitos fatores.

Primeiro, porque temos uma casa em São Paulo. A casa que a minha avó mora é minha. Ficará para nós no futuro. E é uma casa boa, em um lugar legal. Eu não vejo por que entrar em um financiamento, pagando juros altíssimos, para ter um lugar de tamanho razoável, sendo que já tenho um imóvel.

Em segundo lugar, porque valorizamos a nossa escolha de mobilidade. Hoje nós moramos perto da família do meu marido, pois eles nos ajudam muito com o nosso filho. Mas não é um lugar onde queremos morar “para sempre”. Portanto, não faria sentido comprar por aqui. Também não faria sentido comprar em outro lugar, pois não sabemos onde vamos morar no futuro. Quem sabe a gente não mude de cidade? Ou de país? São ideias que sempre surgem à mesa.

Por enquanto, estamos felizes onde estamos. O proprietário desta casa é amigo antigo da família do meu marido e disse que não tem a menor intenção de pedir a casa. No máximo, um dia, se o filho dele quiser casar e morar aqui, talvez ele peça (e o filho dele tem apenas sete anos). Logo, isso nos dá uma margem de pelo menos 11 anos para se pensar.

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A nossa casa foi recém-reformada, assim como nós somos novos nela. Tanto meu marido quanto eu crescemos em casas e estamos acostumados com a vida assim. Depois de mais de um ano morando onde estamos – ou seja, depois de passar por um ciclo completo de quatro estações -, deu para aprender um pouco sobre a casa onde moramos. O primeiro verão que pegamos nos mostrou o cuidado que precisamos ter com baratas, as paredes que aquecem mais, os cômodos que precisam ser mais arejados. O primeiro inverno mostrou que janelas precisam ser vedadas, onde há necessidade de tapetes e aquecedores.

Para mim, uma das coisas mais legais de se morar em casa é o espaço interno e externo. Temos um quintal com piso em pedra (ou seja, nenhuma parte com terra), onde os cachorros podem correr para lá e para cá. Dá para fazer churrasco, receber os amigos, tocar violão sabendo que não está incomodando ninguém. Meus dois vizinhos (o da esquerda e o da direita) são tranquilos, mas também fazem suas baguncinhas ocasionalmente – nada que me atrapalhe ou os atrapalhe, quando fazemos as nossas.

Quando nos mudamos, eu estava um pouco traumatizada com a coisa de ter que me mudar às pressas a pedido do proprietário, e demorei algum tempo para entender que isso não aconteceria aqui. Portanto, o ano passado inteiro eu fiquei mais adaptando nossas coisas à nossa casa que ao contrário, mas agora estou segura para fazer alguns investimentos estruturais que deixarão a casa legal e poderemos usar nos próximos anos, até resolvermos sair. A área de serviço não tem armários, por exemplo, e o quarto não tem guarda-roupa embutido. Comprar móveis prontos é o mais rápido e barato, mas não vejo como uma estratégia inteligente para determinados tipos de armazenamento. Alguns móveis podem sim ser usados em diversas residências, mas muitos não. E aí tem que fazer o investimento já levando isso em conta. Enfim, bons projetos para este ano e os próximos.