Sobre prioridades

Os temas do mês no blog este ano estão me pegando em cheio. Setembro realmente tem me ensinado sobre prioridades, porque o mês inteiro eu precisei tomar uma série de decisões e muita coisa vem acontecendo. Hoje eu li uma frase (no livro “Incrivelmente simples” – Ken Segall, sobre a Apple) que fala que a complexidade é sedutora porque traz mil possibilidades. E é verdade. Mas aí, o que acontece se você se deixa seduzir?

A gente vive num mundo hoje em que é possível escolher muitos caminhos. É claro que estou falando de pessoas que vivem em uma situação privilegiada, com acesso à Internet, morando em um lar e com condições mínimas para fazer acontecer. Se temos essas condições, temos muitas possibilidades. Vemos pessoas começando um negócio na Internet e serem muito bem-sucedidas – começando só com uma ideia. Pessoas que se reinventam depois de aposentadas, aos 70 anos. Jovens que, com 26, 28 anos, estão fazendo uma terceira faculdade. Tem de tudo.

Nesse mundo onde tudo é possível, cadê o foco? E qual a importância dele? Afinal, foco é a consequência de ter prioridades definidas ou identificadas.

Tenho lido muita coisa ultimamente, e outro dia li outra frase também, não me lembro em que livro, que dizia algo como: “só se sente sobrecarregado aquele que não sabe o que está fazendo”.

E aproveitando a onda de frases, vou com outro conceito, desta vez do David Allen, que diz que a coisa mais importante da vida é definir o seu trabalho. Tem mais alguém, talvez Gandhi, que também dizia isso. Que o mais importante é você descobrir o que é “essa coisa” para a qual você quer se dedicar e, então, ir à luta. Tudo é questão de foco, prioridades.

Eu falo tudo isso e pode parecer óbvio mas, quando eu paro para pensar nas pessoas à minha volta, eu não vejo isso acontecendo. Não vejo quase ninguém focado (há poucas exceções). Mesmo as pessoas muito produtivas estão trabalhando sem foco, executando e executando.

Eu sou a favor da execução. Sou a favor de ir sempre em frente. Me pergunto apenas se vale mais a pena fazer 100 movimentos de 1 passo ou dar 1 passo que equivalha a 100 movimentos. Isso, para mim, é a definição de priorizar.

Estou lendo um livro também (gente, sei que tem muita referência aqui neste post hoje!) chamado “Seja o melhor no que realmente importa” (Joe Calloway) que me deu uma chacoalhada no seguinte ponto: todo mundo quer inovar e fazer tantas coisas legais! Isso é louvável! Todo mundo quer pensar fora da caixa e inovar, o que é muito bacana. Mas, muitas vezes, algumas vitórias são perdidas dentro da caixa. O cara deixa de fazer o básico buscando o extraordinário e, aí, não existem consistência, melhorias e construção real de relacionamentos. Não precisamos dizer qual o futuro de uma empresa ou profissional que faça isso.

Não deixo de notar como é engraçado perceber que em meu último ano (de setembro 2014 a setembro 2015) eu aprendi mais sobre administração e marketing do que em todos os outros anos em que trabalhei “no mercado”. Tenho aprendido tanto nesses últimos meses que isso tem me dado uma segurança legal para tomar decisões que me deixem mais confortável quando se trata do meu trabalho e da minha carreira profissional.

E prioridades têm muito disso, não é? Trata-se de fazer a melhor escolha, mesmo que por hoje. Se a gente tiver uma visão um pouco maior do que se busca, pode ajudar.

Hoje eu vejo que não vale a pena começar novas iniciativas quando ainda há muito o que aprimorar no arroz com feijão que já existe. Existem coisas bem legais que eu já coloquei em prática há algum tempo e que, agora, eu quero não apenas consolidar, mas melhorar e, acima de tudo, curtir. As novas ideias são sempre bem-vindas, mas é importante ter o foco de… será que elas condizem com meus objetivos? Têm a ver com quem eu quero ser daqui a alguns anos? Estão relacionadas com o meu propósito? E, se sim, são sempre muito bem-vindas, mas serão tocadas com calma, planejamento, qualidade e, acima de tudo, coerência.

Sei que não é fácil decidir estando no “olho do furacão” e quando todas as oportunidades parecem aparecer ao mesmo tempo, mas eu fico feliz por estar conseguindo ter essa cabeça com menos de 40 anos de idade. Nosso trabalho é uma construção mesmo.