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O que significa ter um blog profissional

[cap]E[/cap]u amo blogs. Sei que eles têm um tom pessoal e são, na maioria das vezes, trabalhos autorais. Um blog, no geral, tem a cara do blogueiro que escreve, portanto todos os blogs podem ser considerados blogs de lifestyle (estilo de vida), mesmo que não deixem clara essa abordagem. Meu blog, apesar de ser sobre organização, diz muito sobre mim, minhas atividades, meus gostos, minhas preferências. O macro-tema, organização, está presente em todos os posts. Além dele, há seis temas que afunilam ainda mais os textos por aqui: produtividade, casa, família, finanças, lazer e bem-estar. Para chegar a esses temas, foram anos de estudo. Eu fiz o TCC da minha pós-graduação (em Gestão da Comunicação de Mídias Digitais) sobre a profissionalização do blog. Naquele momento, foi uma imersão gigantesca em tudo o que envolvia estudo de cores, design, formas, comportamento do consumidor e muitos outros assuntos relacionados. Isso foi em 2012. O blog, no entanto, existe desde 2006. Eu, Thais, tenho blogs pessoais desde 2001. Faz MUITO tempo. De lá para cá, vi muitas mudanças acontecerem, mas ninguém pode tirar a experiência que tenho como blogueira, que foi construída desde o primeiro dia em que resolvi criar um endereço para blogar.

Sei que muitos leitores gostam do blog e vibram com cada conquista minha. O blog delineou minha vida profissional de alguns anos para cá e, em 2014, muita coisa aconteceu. Ele virou definitivamente a minha ocupação principal, o que não significa que seja a mais lucrativa ou a única. Tenho outras responsabilidades. No entanto, o blog está no centro de todas elas. Assim como sei que tem leitores que acompanham e gostam do meu trabalho, há leitores que entram de vez em quando, durante 5 minutos, lêem o post do dia e vão embora. Há públicos e públicos. Cada um oferece o tempo que considera ser prioritário para cada atividade na vida. Graças ao blog, hoje posso me dedicar integralmente à minha vocação de ajudar as pessoas a se organizarem. Sou blogueira, faço palestras, ministro treinamentos sobre o método GTD, escrevi um livro sobre o assunto, vou à conferência do Evernote em San Francisco a convite deles (como reconhecimento pelo trabalho que venho fazendo) e há muitas outras coisas por vir, ainda bem! Mas há leitores que criticam esses acontecimentos porque o blog deixou de ser o que era antes. A mensagem que eu gostaria de passar é que este blog deixa de ser quem ele era antes todos os dias. Todos os dias eu aprendo alguma coisa nova, a minha vida muda, conheço novas situações. A essência dele, no entanto, não mudou nunca, nesses últimos anos, que é trazer para o blog assuntos que estão presentes em minha vida, através de reflexões sobre a gestão do tempo e dicas de organização.

Eu quis escrever um pouquinho sobre esse assunto porque, ultimamente, algumas ideias têm passado pela minha cabeça. Tirar férias do blog, fechar os comentários, postar menos… e então comecei um reflexão que não termina neste post, mas continua após a redação dele. Queria falar sobre blogs profissionais.

Os blogs hoje são canais midiáticos que chamam a atenção das marcas. Mesmo os blogs que nunca realizam ações comerciais são contatados (para não dizer assediados) porque o trabalho que o blogueiro faz é bom e atinge os leitores. As pessoas gostam do que o blogueiro fala e esse é um relacionamento que poucas marcas têm com seus consumidores. Para começar, a marca não tem uma cara – o blogueiro, sim. Marca não tem essa pessoalidade e essa identificação que os leitores acabam tendo com os blogueiros. Logo, é natural que os blogs tenham essa viabilidade de receber um retorno financeiro em troca do conteúdo gerado. A marca se aproxima do leitor, o leitor continua tendo seus posts de graça e o blogueiro é reconhecido pelo seu trabalho. Na teoria, todos saem ganhando. Não é?

Mais ou menos. Já escrevi uma vez um texto falando sobre a questão dos publieditoriais e não gostaria de me aprofundar nesse assunto novamente. O que eu gostaria de falar é um pouco sobre como é o meu trabalho como blogueira. Se você não se interessa por esse assunto, recomendo que não leia o restante do post, pois não há nenhuma “dica do dia” hoje aqui. Este post é dedicado aos leitores que acompanham e gostam do meu trabalho e se preocupam com a coerência que há por trás do trabalho de todos os blogs que eles gostam. Achei que seria interessante mostrar um pouco como é a minha vida como blogueira, que é diferente da vida de outros blogueiros. Cada um tem a sua realidade.

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[cap]O[/cap] blog Vida Organizada surgiu como um hobby, em 2006. O fato de ter surgido como um hobby não significa que eu o tratava de qualquer jeito. Não! Organização sempre foi um assunto pelo qual eu sou apaixonada e produzir qualquer tipo de conteúdo não depende só de achismo, mas de muita leitura, pesquisa, investimentos em livros, aplicativos, cursos, certificações e outras fontes. Para quem não sabe, eu sou publicitária e, desde cedo, eu escolhi o marketing digital para trabalhar. Sempre estudei (e apliquei no meu trabalho) o meu conhecimento sobre blogs e redes sociais. Cheguei a ser coordenadora de projetos e de mídias sociais em agências durante mais de cinco anos. Trabalhei do lado do cliente, do lado do blogueiro (sempre tive blogs ao longo desses anos) e do lado do leitor, pois também tenho meus blogs preferidos. É claro que isso não me dá uma visão de TUDO (seria impossível), mas não posso negar que me deu grande experiência.

O blog completa oito anos no final de outubro. Durante muito tempo, eu produzi conteúdo de graça. Ou seja: ninguém me paga para produzir conteúdo. Ainda hoje, não há qualquer tipo de cobrança por qualquer conteúdo disponibilizado aqui no blog. Quem paga, quando isso acontece, são as marcas. O leitor paga também, com o seu tempo. O seu clique, o seu like. Um trabalho irrisório se compararmos com grandes investimentos de dinheiro que as marcas fazem e, mais ainda, o tempo que o blogueiro dedica a produzir todo esse conteúdo para os seus leitores. É a velha história do ganha-ganha, boa para todos.

Posso falar por mim: até junho deste ano, eu levava todo o trabalho que tenho com o blog em paralelo com meus empregos convencionais. Ou seja: além de trabalhar das 8 às 18h todos os dias (quando não mais), eu ainda chegava em casa e trabalhava mais 4 ou 6h em função do blog. Era um tempo que eu tirava da minha família, do meu descanso e das minhas horas de lazer. Isso tudo só foi possível porque ajudar as pessoas através do blog foi algo que sempre me guiou mesmo nos dias mais difíceis. Durante anos, todos os dias, aconteça o que acontecer, tinha post novo no blog. Mas aí, com o crescimento do blog, vieram coisas não tão legais, como os comentários diários com tom desnecessariamente agressivo e algumas críticas que foram escritas da pior maneira possível. Nada disso se compara ao retorno positivo que sempre tenho dos leitores, que é o que me faz estar aqui até hoje. Não me entendam mal: não estou reclamando. Estou apenas citando uma característica comum em todos os blogs grandes hoje em dia. Todos os blogueiros estão falando sobre isso, porque não tem sido fácil lidar com a opinião anônima na Internet. Tem que ser muito forte mesmo.

“Ah, mas tem blog porque quer”. Visita porque quer também, não é? Mas, se o blogueiro disser isso, é condenado. É bruto, irresponsável, não deveria ter blog. A sinceridade só pode se for unilateral na relação entre leitor e blogueiro. Do contrário, não pode, é errada. E o resultado disso é que muitos blogueiros estão delegando a tarefa de responder comentários a outras pessoas, deletando comentários no geral, deixando de responder para não ter que ler absurdos ou simplesmente deixando de blogar. Já falei demais sobre isso e também não quero focar nessa infeliz situação que permeia a vida de todos os blogueiros. Quero contar um pouco sobre como é a minha rotina com o blog.

A imagem ali em cima foi postada no meu Instagram há poucos dias. Eu tive uma reunião de trabalho com um parceiro e, durante a reunião, ele me pediu para resumir em poucas palavras o que o blog era. Eu fiz esse rápido brainstorm no papel com tudo o que achei relevante considerar, e falei para ele. O blog tem uma missão. Sabiam? É a minha missão pessoal: inspirar as pessoas a se organizarem para terem mais qualidade de vida e transformarem seus sonhos em objetivos. De onde veio essa missão, veio do nada? Não, eu fiquei muito tempo refletindo sobre ela. Muito tempo significa MESES. Até ela simplesmente sair, tal qual um chamado, e se encaixou perfeitamente em tudo o que eu acredito que seja o certo a ser feito não só no blog – o blog é parte dessa missão. O fato de o blog existir desde 2006 significa que, há quase oito anos, todos os dias eu tenho me dedicado ao meu blog – pensado nele, criado conteúdo, me relacionado com as pessoas a respeito. Tem casamento que dura menos. Meu filho tem metade dessa idade. Oito anos é muito tempo. Imaginem-se em uma mesma situação, dia a dia, durante oito anos. Só gostando muito do que faz para continuar fazendo.

O blog tem, hoje, uma linha editorial definida e que é estudada anualmente. Agora, no início de setembro, eu comecei meus estudos para fechar a linha editorial de 2015. Ou seja: eu dedico boa parte do meu dia para estudar o que posso trazer de conteúdo relevante para os leitores no ano que vem, sem repetir temas, trazendo novidades e assuntos legais. Isso envolve consumir muito conteúdo, ler demais, estudar, fazer cursos, comprar livros, conversar com pessoas, fazer reuniões, revisar arquivos antigos, reler os mais de 1.000 textos já postados aqui, planejar um banco de imagens, entre uma série de outras coisas. Essa linha editorial deve estar fechada até o final de outubro, quando por fim começará a produção dos primeiros posts de 2015.

Após a finalização dessa linha editorial, vem o fechamento do calendário editorial, que é planejado em cima de três parâmetros: sazonalidades (estações do ano), datas comerciais (Natal, Dia das Mães etc) e tendências (falta de água em São Paulo, eleições, greve de professores, entre tantas). Cada mês tem um macro-tema a ser trabalhado e, dele, saem os outros. Todos devem obedecer a linha editorial, que tem como único objetivo trazer conteúdo relevante e de qualidade para o leitor. Em uma semana, o blog tem, hoje, uma média de 10 a 12 posts. Nas redes sociais, a média chega a 30 por dia (Facebook, Twitter, Pinterest etc). Eu não tenho colaboradores no blog. Tentei trazer outras pessoas, especialistas em suas áreas, e os leitores não gostaram. Eu ouvi os leitores e voltei a produzir sozinha o conteúdo (o teste durou apenas um mês). Isso significa, então, que eu produzo uma média de 40 a 48 textos INÉDITOS por mês no blog, além de mais de 900 inserções de conteúdos nas redes sociais. Estou falando apenas da produção de textos aqui. Não cheguei na parte em que recebo mais de 80 e-mails diários de leitores pedindo ajuda para se organizarem, as mais de 40 mensagens diárias nas redes sociais e os comentários no blog (que vêm em seus mais de 1.000 textos indexados no Google e que trazem leitores a qualquer ponto do blog). Também não estou falando na produção de vídeos e imagens, coisa que gostaria de poder fazer mais, se não tivesse que cuidar de outras atividades fora-blog que são as que sustentam hoje a minha família.

Todo esse “trabalho” dito até aqui é feito para o leitor. Blogs que realizam ações com marcas escrevem muitos e-mails, a gente troca muitas mensagens, tem toda uma demanda com prazos rígidos para atender, enviar texto, aprovar, modificar, criar imagem, editar, aprovar, fazer reuniões, ir até o outro lado da cidade fazer reunião, participar de um evento, cobrir no Instagram, tirar fotos, fazer vídeos, editar. Gerar relatório de mensuração para a marca, manter o relacionamento, dar continuidade nas ações, encaixar datas, ter o cuidado de não encher o blog com propagandas, gerenciar pagamentos (sim, muitas marcas dão o cano nos blogueiros se não ficar em cima), atender telefonemas.

Cuidar da casa, cuidar da família, ficar com o filho, ficar com o marido, fazer sobrancelha, preparar a comida, preparar o lanchinho do filho para a escola, participar de reunião de pais, comprar uniforme, fazer feira, mercado, farmácia, comprar, lavar, passar roupas, limpar chão, limpar teto, limpar parede, tirar pó, limpar banheiro, trocar roupa de cama e por aí vai. Não preciso entrar no mérito de atividades em casa, pois todo mundo que acompanha o blog sabe como é. Mas não pode esquecer que blogueiro faz tudo isso também.

Além do blog, em si, eu tenho outras atividades remuneradas que preciso dar atenção, que são os meus treinamentos da Call Daniel, os acompanhamentos desses treinamentos (converso com as pessoas para tirar dúvidas sobre o GTD), minhas palestras, meus workshops, conteúdos que produzo para materiais de cursos e outros, aulas (precisei parar de dar aulas na pós-graduação para priorizar outras coisas), meus livros, eventos de divulgação do livro, as atividades de administração da minha empresa e meu trabalho como consultoria. Como tudo está caminhando em uma mesma direção (vide a minha missão, lá em cima), isso me satisfaz muito e os meus estudos são sempre voltados para os mesmos assuntos. Eu respiro produtividade, organização e gestão do tempo. Por amar esse assunto e amar ajudar outras pessoas, que faço tudo o que faço. E é maravilhoso poder viver do que se ama. De verdade. Mas estou trabalhando como nunca e conseguindo (felizmente) equilibrar com meus relacionamentos pessoais e meus momentos de lazer, para não despirocar de vez. Isso tem que existir para a vida ser saudável, e não é algo que quero perder.

No entanto, eu tenho a impressão de que às vezes sou vista apenas como uma maquininha de escrever posts e responder comentários. Eu simplesmente não consigo responder todos os e-mails que recebo de leitores em um prazo curto. Também não quero colocar alguém para responder para mim, entendem? Porque valorizo esse contato. E, às vezes, escrevo 30 posts em uma mesma semana, como às vezes não tenho vontade de escrever nada. Quando escrevo os 30 posts, às vezes sequer há comentários. Mas, se fico um dia sem postar, recebo críticas (!) e um monte de pedidos de posts. Sei que o leitor faz isso porque gosta do blog e sente falta das postagens, mas é necessário ter respeito pelo blogueiro, além de empatia. Também pode ser legal comentar ou curtir quando ele posta coisas, como é o padrão, e não chamar a atenção quando ele não posta, sejam quais forem os motivos. Às vezes a gente cansa mesmo. Texto tem que vir de inspiração. Se não vier a inspiração, melhor não escrever e encher linguiça. Pelo menos eu penso assim. Acompanhei o caso de pelo menos três blogueiros amigos meus que estavam passando por problemas pessoais graves (alguns de saúde) e, se ficavam um dia sem postar, não havia qualquer preocupação por parte dos leitores, mas apenas cobranças. Esses mesmos leitores depois não apareciam para comentar nos posts novos, e sei que o blogueiro teve que sair do hospital para postar. Esse tipo de coisa demonstra a consideração ou a falta dela todos os dias. São meus “colegas de trabalho” e a minha profissão, então eu me preocupo com o andar da carruagem SIM e quero falar sobre isso aqui.

Eu também sou fã de diversos blogueiros e acompanho o trabalho de muitos, então sei como é gostar de um blog e ele, por qualquer motivo, não atender as minhas expectativas. Mas isso é muito diferente de cobrar qualquer tipo de atitude ou de conteúdo de um blogueiro, porque o blogueiro não tem obrigação nenhuma de atender ninguém. Falo por mim: eu ouço (e leio) tudo o que os leitores dizem, mas as opiniões MUITAS vezes se contradizem também. Enquanto um diz que não gosta de vídeos, o outro pede mais vídeos. Enquanto um diz que os textos são muitos longos, o outro diz que não gosta de textos curtos. A conclusão que eu tirei depois de sofrer muito tentando agradar todo mundo é que o blog é um trabalho AUTORAL e que deve refletir quem eu sou, e que os leitores que se identificarem comigo gostarão. Os que não se identificarem, não gostarão e partirão para seguir outro blogueiro. E gente, super normal isso. Eu já deixei de seguir muito blog que eu gostava antes. Ainda bem que a vida é um eterno ciclo de mudanças, não?

Um blog profissional não é aquele blog que deixa de ter um tom pessoal nas postagens, mas aquele blog que tem um sentido, uma razão de ser. Existe todo um cuidado do blogueiro para produzir conteúdo, lidar com os leitores, construir um relacionamento, gerenciar o seu negócio, porque é isso o que um blog acaba virando. Todo blogueiro que monetiza seu blog acaba tendo que abrir empresa para gerenciá-lo, para fazer as coisas do jeito certo. Os blogs acabam tendo mais conteúdo que uma revista, sendo que uma revista tem uma equipe gigantesca tomando conta. O blogueiro faz sozinho o trabalho de umas 30 pessoas. É claro que há limitações, deficiências e nada é perfeito (nem mesmo as revistas…), então por que a cobrança é diferente?

Eu sei que vira e mexe eu trago esse mesmo assunto à tona aqui no blog, mas é porque se trata de uma realidade. Acho legal contar para os leitores como é um pouco a minha rotina como blogueira e tudo o que envolve, principalmente em termos de investimento de tempo e sanidade. Por isso, se você gosta do meu trabalho, me companha há anos (como sei que muitos leitores o fazem), retribua! Deixe um comentário, curta um post, compartilhe, curta a fan page no Facebook, siga no Twitter, dê like no vídeo. Tudo isso ajuda a divulgar o trabalho do blogueiro que você gosta, além de fazê-lo ser reconhecido para as outras pessoas. Se essa troca é feita, como eu disse antes, todos saem ganhando.

Lembrem-se: um blogueiro não é perfeito. Sua relação com o blog é construída diariamente e ele está aprendendo também. O blog reflete quem o blogueiro é e a sua experiência com relação ao assunto que ele está tratando. Se você gosta desse trabalho e quer mostrar que se importa, faça isso! Demonstre! Muitas vezes, essa pequena atitude é o que vai fazer diferença na vida do blogueiro e pode inspirá-lo a escrever muito mais para você e para outras pessoas. A relação tem que ser uma troca, senão vira um monólogo, e todo monólogo é chato.

Obrigada por tudo, pessoal, e desculpem a pequena intervenção no blog para falar sobre o nosso ofício. Ela se faz necessária, às vezes, e é importante para que todos nós acabemos nos conhecendo mais.