Categoria(s) do post: íreas da Vida

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Este é o segundo post da série O que eu aprendi sobre produtividade com Tim Ferriss, esse cara incrí­vel com dicas tão bacanas sobre a vida. Você pode conferir o primeiro post clicando aqui.

[quote class=”azul”]”O diferente é melhor quando é mais eficiente ou mais divertido.”[/quote]

Desta vez, eu gostaria de falar sobre desafiar as regras que o mundo nos impí´e. Parece clichê? Vejam o que o Tim nos diz:

Regra nº 1: O objetivo é se aposentar um dia e curtir a vida
Desconstrução da regra: A aposentadoria como plano B

Nós costumamos ver a aposentadoria como algo inevitável, que acontecerá quando formos idosos, depois de trabalharmos a vida inteira e poder finalmente dedicar os anos restantes a viagens, jogos de cartas e bailes dançantes. O que o Tim nos propí´e, no entanto, é que a aposentadoria seja encarada como um seguro de vida – algo para usarmos caso a gente realmente precise, se a gente não tiver mais condições de trabalhar e ganhar dinheiro.

Por que ter a aposentadoria como um desejo é esquisito?

Primeiro, porque parte do pressuposto que odiamos o que fazemos. Que queremos nos ver livre do trabalho e que só então poderemos fazer coisas legais e divertidas. Ou seja: a época em que a gente tem mais vigor fí­sico, saúde, disposição e vontade de fazer as coisas, a gente está jogando fora se matando de trabalhar por um futuro que talvez nem chegue. E, se chegar, em que condições estaremos? Terá valido a pena fazer desse jeito, desperdiçando tantos anos? Em que condições estaremos para viver o que desejamos viver agora?

Segundo, porque quem conhece alguém que tenha se aposentado, sabe dizer que a maioria não se aposenta mantendo o padrão de vida que tinha antes. Se a pessoa economizou dinheiro a vida toda e fez um fundo de previdência privada ou tem realmente bastante dinheiro, isso nunca foi um problema para ela. Porém, mesmo nos casos de previdência privada, você não terá tanta renda quanto antes, com rarí­ssimas exceções. Mesmo que seja, sua fonte esgotou e agora você está apenas gastando, e tomara que viva ainda muitos anos, certo? Ou você calculou para receber somente alguns poucos anos? O cenário comum é a gente estar bem velhinho e diminuindo bastante o nosso padrão de vida, apenas pagando contas. Então, tudo aquilo que a gente sonhava – viajar, conhecer o mundo, curtir a vida -, cadê? Não dá para fazer porque o dinheiro da aposentadoria mal dá para os remédios e o plano de saúde extremamente necessário.

Terceiro, se você conseguiu juntar muito dinheiro para se aposentar, pode ser que você seja daquelas pessoas que amam trabalhar e que nunca vão conseguir parar de vez, sempre exercendo uma ou outra atividade remunerada, mesmo depois da aposentadoria “oficial”. Isso faz cair por terra a ideia de esperar até parar na aposentadoria.

í‰ bom ter um fundo de pensão com quantia suficiente para se manter caso algo de ruim aconteça? Claro! Mas isso não significa que você deva ter a aposentadoria como objetivo – apenas como um plano B.

Regra nº 2: Trabalhar agora para descansar depois
Desconstrução da regra: Precisamos alternar trabalho e descanso

Se nós dormirmos oito horas todas as noites e trabalhamos dez, isso significa que dormimos 2920 horas por ano e trabalhamos 3250 (estou contando os finais de semana, porque fazemos coisas em casa também). Será que, em vez de dormir oito e trabalhar dez todos os dias, a gente poderia dormir essas 2920 horas seguidas (121 dias) e depois trabalhar as outras 3250 (135 dias) direto, sem parar? Claro que não. í‰ uma conta até ridí­cula. Isso só mostra que precisamos alternar nossas atividades, sejam quais forem. Usei sono e trabalho porque é o que quero mostrar aqui: precisamos alternar descanso e trabalho.

Se achamos a sugestão acima tão absurda, então por que fazemos isso com a nossa vida? Por que trabalhamos durante 30 ou 40 anos para achar que conseguiremos descansar quando nos aposentarmos?

O que o Tim sugere é que a gente distribua “mini aposentadorias” ao longo da vida, em vez de deixar tudo para o final – assim como fazemos diariamente. O livro inteiro dele é sobre como ter um estilo de vida que proporcione autonomia e mobilidade a fim de que você consiga fazer isso.

Regra nº 3: Tem que mostrar serviço!
Desconstrução da regra: Querer trabalhar menos não significa preguiça

Não! Significa que queremos 1) gostar do que fazemos, 2) fazer o necessário, e não se manter ocupado apenas para provar algo para a sociedade e 3) dedicar nosso tempo a outras atividades que também gostamos. Isso não é ser preguiçoso, mas saber aproveitar o tempo. Ele inclusive escreve uma frase que uso muito desde que eu li, que é: “foque-se em ser produtivo em vez de focar-se em estar ocupado”.

Não é verdade? Quantas vezes não nos pegamos fazendo atividades irrelevantes e, ao final do dia, percebemos que não fizemos nada do que tí­nhamos para fazer? Muitas vezes, ficamos apenas apagando incêndios e trabalhando em cima de demandas de última hora, e o único resultado disso tudo é se manter ocupado e deixar a vida passar. Ser produtivo significa investir seu tempo naquilo que é realmente importante.

Acho muito engraçado como algumas pessoas ainda têm a cultura de achar que, porque fazem hora extra, estão “mostrando serviço” para a empresa onde trabalham. Para mim, o que elas estão mostrando é que não sabem administrar o tempo que têm! E não sou só eu que penso assim. Além da imagem que passam, também fica a frustração de estarem ocupando espaço da famí­lia, da vida pessoal, com mais trabalho, além das outras horas já dedicadas a isso. A pessoa tem que tomar uma atitude e sair dessa, senão a vida passa e ela não faz nada!

Regra nº 4: Ouça o que estão te dizendo antes de tomar decisões
Desconstrução da regra: Não peça permissão – peça perdão

Essa recomendação é libertadora, minha gente. Você já teve que tomar uma decisão que envolvia outras pessoas? Ou, pelo menos, ficou com receio de como as pessoas ao seu redor (chefe, famí­lia, amigos) reagiriam? Bom, o que o Tim diz é: se sua decisão não for devastar todo mundo ao seu redor, faça o que precisa ser feito e depois se justifique. Por quê? Porque a maioria das pessoas tem medo de mudanças. Todos nós somos treinados para ficar na situação mais confortável, mais fácil, pela lei do menor esforço, com mais benefí­cios. Se algo ameaçar essa ordem, a reação natural será dizer não e desencorajar, mesmo sem querer.

Mais para a frente no livro ele pergunta assim: o que de pior pode acontecer caso você faça aquilo que quer fazer? Pense no pior cenário. Se realmente for prejudicar intensamente as pessoas que dependem de você ou que estão ao seu redor, repense, busque alternativas. Porém, se for tudo contornável, não peça permissão – faça e peça perdão, se precisar.

Regra nº 5: Trabalhe os seus pontos fracos
Desconstrução da regra: Pare de focar tantos nos seus pontos fracos e utilize seus pontos fortes a seu favor

Por que a gente passa a vida inteira tentando ser menos gordo(a) em vez de enfatizar os pontos fortes da nossa aparência? Por que passamos anos tentando aperfeiçoar o nosso inglês em vez de estudar mais a nossa lí­ngua materna? Existem milhões de coisas a se fazer e habilidades para aprender no mundo, assim como existem muitos defeitos e muitas qualidades. Por que em vez de investirmos tanto esforço tentando mudar quem nós somos, nós não fazemos isso para potencializar o que temos de melhor?

O que temos de mais forte, se desenvolvido, tem potencial gigantesco e pode ser o nosso grande diferencial. O que temos de mais fraco, se focarmos no seu desenvolvimento, além de chamarmos a atenção para o problema, conseguiremos ser apenas medí­ocres nas melhorias.

Ninguém está dizendo para deixar um ponto fraco de lado, mas apenas para investir esforço maior naquilo que você faz de melhor, não de pior. í€s vezes a gente deixa de lado algo que é legal, que é bom para a gente, onde nos damos bem, apenas para melhorar algo que não é. O resultado disso é desí¢nimo, frustração e sensação de incapacidade.

Regra nº 6: Bom mesmo é ficar sem fazer nada
Desconstrução da regra: Cuidado com os excessos

O Tim não propí´e todo o sistema de produtividade dele para a gente ficar com o tempo livre. Excesso de tempo livre é tão chato quanto excesso de ocupações. O que ele propí´e é um bom uso do tempo, seja para trabalhar, para descansar ou para fazer qualquer outra coisa que quiser. O objetivo não é ficar sem fazer nada.

Regra nº 7: O importante é ganhar dinheiro
Desconstrução da regra: Saia da roda do dinheiro

Estamos presos a uma roda do dinheiro. Trabalhamos para pagar contas ou juntar dinheiro para comprar coisas, pagar impostos e arcar com imprevistos. Além disso, usamos o dinheiro como desculpa para a maioria das nossas decisões. “Ah, eu faria isso se tivesse mais dinheiro”. A maioria das coisas que queremos fazer depende menos de dinheiro do que a gente imagina. No geral, queremos viver uma vida de riqueza financeira e, quando paramos para pensar no que realmente queremos, são coisas que não demandam tanto dinheiro assim. “Gostaria de trabalhar em casa” ou “queria estar em uma vila da Bahia pescando e dormindo na rede”.

No geral, passamos a vida nos preocupando com o dinheiro. Como podemos mudar isso? Usando nosso tempo de maneira produtiva. Isso significa usá-lo bem e deixar de dar desculpas que envolvam dinheiro para não fazê-lo. Por exemplo, talvez você diga que não faz exercí­cio fí­sico porque não tem dinheiro para pagar uma academia mas, se parasse de perder tempo embaralhando pastas de e-mails todos os dias de manhã, talvez conseguisse correr um pouco no parque antes de ir trabalhar.

Regra nº 8: Aumentar o salário e economizar dinheiro com o que puder
Desconstrução da regra: Comece a pensar em sua renda relativa

í‰ comum a gente pensar: “ganho um salário de R$5.000”. Bem, se você ganha cinco mil reais por mês e trabalha dez horas por dia, isso significa que você ganha 25 reais por hora. Parece muito? E quando você faz hora extra e não é remunerado por isso, então? Compensa? Compensa trocar uma hora do seu dia por 25 reais a mais no seu salário? E quando nem recebe essa hora? Nossa…

Passe a ver seu tempo a partir dessa perspectiva. Cada vez que você perde uma hora de trabalho, está perdendo 25 reais. Ou então, se precisar decidir o que fazer com a sua próxima hora, analise o que vale esses 25.

Esse é o motivo pelo qual muitas pessoas estão deixando seus empregos enlouquecedores para ganharem menos (teoricamente) e trabalharem menos horas por dia. Muitas vezes, ganha-se mais por hora do que estaria se estivesse trabalhando mais tempo. A grande questão é: o que você faz com o tempo restante?

Também gosto de usar essa reflexão para tomar decisões na minha vida. Se eu recebo 25 reais por hora de trabalho, quanto terei gasto se perder oito horas do meu sábado fazendo faxina na casa? 200 reais. Quanto custa uma diarista? 100? Pois bem, então se eu pagar uma diarista, é como se eu estivesse economizando 100 reais e ainda teria essas oito horas para ficar com a minha famí­lia e fazer outras coisas que eu gosto. Entendeu a conta?

Faça a sua agora: calcule quanto vale a sua hora de trabalho de acordo com os seus ganhos mensais. Depois, divida pelas suas horas trabalhadas (se você trabalha em uma empresa, calcule pelo seu horário oficial – não conte as horas de trabalho em casa, por exemplo). O total que você ganha por hora trabalhada é o que deve servir como fator de decisão para você investir seu tempo de agora em diante. O exemplo da diarista foi apenas um, mas pode ser aplicado a qualquer outro. Faça o teste!

E o legal é usar isso como parí¢metro para buscar melhorias. Se você ganha 25 reais por hora, por exemplo, sabe que, se conseguir um trabalho ganhando 30 reais por hora, mesmo que trabalhe menos horas por dia, compensará mais do que ficar onde está, pois o restante do tempo poderá seu usado a seu favor.

Regra nº 9: Estresse é uma coisa ruim
Desconstrução da regra: Aprenda a diferenciar os tipos de estresse

Existe o estresse bom e o estresse ruim. O estresse ruim é aquele que deixa a gente fraco(a), desanimado(a), se sentindo menos confiante e menos capaz. Um trabalho desestimulante, um chefe que faz crí­ticas destrutivas, pisa na bola, prazos absurdos e brigas no trabalho causam estresse. Nós devemos evitar esse estresse ruim.

O estresse bom, no entanto, é aquele momento de “rush” que passamos de vez em quando. Trabalhamos sob pressão, mas nossa adrenalina vai a mil. Ou então, o trabalho pode ser cansativo, mas você sabe que ele é necessário para você chegar em determinado ponto. Quando brigamos com o nosso chefe por algo que consideramos certo (e diferente do que ele está fazendo), por exemplo. Ou quando acordamos cedo no inverno para ir malhar na academia. Esse é o tipo de estresse bom, que não devemos evitar. Ele, aliás, é inevitável e fundamental para o nosso crescimento em todos os aspectos.

E aí­, estão gostando da série? Adoro como o Tim nos ensina a desconstruir nossas regras e a pensar de maneira diferente, mais efetiva, mais produtiva! O que vocês acham dessas regras que ele desconstrói?

Até o próximo post.