Recebo quase que diariamente essa pergunta através de comentários no blog, no Instagram e no Facebook, então resolvi escrever este post para responder a todos que tenham essa mesma dúvida.
Sinto desapontá-los, mas não tem muito segredo. =/ Eu sempre gostei de ler. Quando eu era criança, eu dava chilique em frente de banca e livraria, para entrar, ao contrário da maioria das crianças que faz isso na frente das lojas de brinquedo. Cresci com muitos livros em casa e minha avó sempre me incentivou muito. Com isso, não me lembro exatamente quando começou o hábito forte de ler, mas entrei na adolescência já lendo bastante. Eu adorava ler os livros paradidáticos da escola e li todos (e outros) no ano de vestibular. Sou daquelas que está sempre com um livro na bolsa e deixa de comprar lanche na rua para comprar um livro novo (parafraseando a Carrie, de Sex and the city, “eu apenas achei que me alimentaria mais”).
Meu passeio preferido sempre foi ir em sebos (lojas de livros usados) e me perder pelas prateleiras até ficar com dor no pescoço, por olhar as lombadas. Meu critério de escolha de shopping é pelo número de livrarias que há nele. í‰ o que eu mais gosto de fazer. Me considero bibliófila – gosto de caçar edições antigas de livros clássicos; ler, quando possível, no idioma original; dar de presente uma edição mais velha só porque foi lançada uma edição deluxe com uma capa maravilhosa… essa sou eu.
Já vendi, doei e dei de presente MUITOS livros. Hoje, tenho 604 em casa e mais alguns na casa da minha avó, totalizando uns 650 livros. Se eu nunca tivesse me desfeito dos livros que eu já dei, doei ou vendi, é provável que eu tivesse por volta de 1000 ou 1200 livros hoje. Quando eu comprar meu primeiro imóvel, pretendo encontrar uma solução muito bacana para todos os meus livros – com bastante espaço para que a coleção possa crescer como eu gosto, pois ainda tenho muito a ler e colecionar.
Poucas coisas me deixam mais feliz do que comprar livros novos. Novos na minha coleção, porque adoro edições antigas. Me deleito ao encontrar em um sebo a primeira edição de algum livro que eu goste muito, especialmente os mais antigos. Costumo dizer que faço compra de mês na Livraria Cultura porque, além de adorar livros antigos, acho divertidíssimo conferir os lançamentos.
As pessoas acham absurdo eu ler e guardar os livros, mas meus livros não ficam empoeirados. Eu AMO meus livros, entendem? Estou sempre pegando, folheando, lendo trechos que marquei, comentei. Uso muito como referência, também. Costumo guardar livros que me sejam úteis ou de grande apego sentimental. Tenho uma edição (a 10ª) de “Os Sertões” que data de 1927 e era do meu bisaví´ – minha única herança dele. Como eu poderia me desfazer de algo assim? Meus livros, além de minha paixão, são o meu tesouro. Tenho muitas edições raras e livros que marcaram épocas da minha vida, assim como livros que eu espero o momento certo para ler. Porque sim, eu acredito que a gente tenha épocas certas da vida para ler determinados livros, e toda a experiência pode ser prejudicada se eles forem lidos fora do tempo. Assim como há livros que me proporcionaram um tipo de sentimento quando li pela primeira vez, há dez anos, e vão me fazer sentir de outra maneira, relendo agora.
Estou contando tudo isso para contextualizar a minha relação com os livros, porque toda essa paixão direciona a coisa de ler bastante e rápido (ou mais devagar).
Quando eu comecei a namorar o meu marido, algumas pessoas me chamavam de “a menina que lê”, porque era só isso o que eu fazia, sempre. Enquanto todo mundo via TV, eu estava lendo. Fila no banco? Lendo. Intervalo da escola? Lendo. Ponto de í´nibus? Lendo. E assim vem até hoje. Leio em todas as janelas de tempo que tenho ao longo do dia, além de simplesmente adorar, quando tenho um tempinho de folga, me acomodar na cama ou no sofá e investir meu tempo na leitura da vez.
Já tive metas de leitura (“hoje vou ler 100 páginas” ou “hoje vou ler um capítulo de cada um dos três livros que eu estou lendo”) e acho que é uma tática que funciona bem, se você não se estressar com isso. Como para mim é um hobby, é algo que me anima. Deve ser o mesmo que os esportistas sentem ao estipularem correr 10km por dia, por exemplo.
Uma mania que tenho é a de ler vários livros ao mesmo tempo. Por experiência própria, isso só funciona para mim se forem livros de não-ficção. Para livros de ficção, prefiro ler um de cada vez até acabar, para não misturar enredos e confundir personagens.
Alguns livros eu leio mais rápido; outros, mais devagar. Tem livros que termino em duas horas e outros que demoro mais de dois meses. Depende do tipo de leitura, da minha vontade de ler aquele assunto, da necessidade de ler e reler, entre muitos outros fatores. Costumo usar alguns acessórios para facilitar a minha leitura, como marcadores transparentes de página, post-its e canetas marca-texto. Alguns livros eu tenho dó de marcar (especialmente edições deluxe), mas a maioria eu encaro como instrumento de trabalho e faço muitas anotações, pois elas me ajudam em consultas posteriores (que acontecem sempre).
Também tenho um Kindle, que levo especialmente em viagens. No Kindle, baixo livros que só quero ler, sem precisar comprar e manter, ou importados que custam muito caro no Brasil. Assim como também tenho alguns livros que gosto de ter sempre comigo, como o livro do GTD, para consulta. Mas sou e sempre vou ser apaixonada por livros de papel – essas coisinhas mágicas que nos levam para outra dimensão apenas com o cheiro das páginas. Aliás, adoro cheirar livros e acho que isso deveria ser uma profissão. Toda vez que compro um livro novo, meu ritual inclui levar o livro até o nariz, fechar os olhos e inspirar. Já até reconheço a editora pelo cheiro das páginas (meu preferido são os da Companhia das Letras).
Sobre ler rápido ou não, foi como eu falei: depende da leitura. Livro de auto-ajuda, desenvolvimento profissional, leitura mais fácil, dá para ler mais rápido porque não é complexo. Agora, pega um Bakhtin da vida, ou qualquer livro de semiótica ou estoicismo e tenta ler rápido! Isso acaba com a experiência! Cada livro é de um jeito e deve ser tratado como tal. Não tenho pressa para ler. Se leio rápido, é porque a leitura flui assim. Se leio devagar, é porque vou estudando, saboreando cada palavra, relendo, fazendo anotações. Tem muita coisa envolvida que somente a leitura. E já deixei muitos livros de lado porque percebi que teria que ler uns outros dois antes como referência. Faz parte da experiência de ler e de curtir os livros.
Tudo isso pode parecer besteira para quem não tem o mesmo gosto por livros que eu e tantas pessoas temos. Mas tudo bem. O que eu gosto só precisa fazer sentido para mim.

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