Categoria(s) do post: íreas da Vida
Imagem: Longing for homes designs
Imagem: Longing for homes designs

No mês passado, eu fui aos Estados Unidos pela segunda vez e pude refletir um pouco sobre a diferença entre lá e aqui no Brasil com relação í  organização. No geral, no que diz respeito ao consumo, existem muitas diferenças, e isso acaba se refletindo no modo como nos organizamos. O post se chama “A Páscoa e o Walmart” porque visitar o supermercado nessa época me fez ter a ideia de escrevê-lo.

Quando eu entrei no Walmart nos Estados Unidos pela primeira vez, parecia que eu estava entrando em uma daquelas feiras de pavilhão que existem em São Paulo, enormes e cheias de possibilidades. Tudo muito barato e uma variedade imensa. Fiquei muito triste pela nossa situação no Brasil. Pagamos caro por absolutamente tudo, e é uma vergonha.

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Caixa organizadora que, no Brasil, uma equivalente custa cerca de 70 reais. No Walmart, 4 dólares em setembro do ano passado – o equivalente a uns 10 reais.

Eu sempre invejei um pouquinho a forma como os americanos celebram a chegada das estações e os grandes feriados. As estações são mais marcadas no Hemisfério Norte, então quando chega o outono, as folhas laranjas já começam a cair e, no inverno, é frio mesmo! Aqui no Brasil, o paí­s é tão misturado que até nisso temos diferenças – em alguns lugares, nem frio chega a fazer quando é inverno!

E aí­ a gente começa a pensar que tem alguém que se veste de Papai Noel aqui no Brasil, no verão de 40 graus, por que, mesmo? Sim, porque importamos toda a cultura de consumo americana, e isso se reflete em praticamente tudo.

Me chama muito a atenção o fato como eles celebram as estações e os feriados, no entanto. Tudo é motivo de muita festa, e eu adoro isso! Gostaria que no Brasil fosse assim porque, mesmo quando eu tento fazer algo a respeito, me sinto a única boba fazendo. Não sei, mas sempre achei meio deslocadas essas dicas de fazer artesanato para a Páscoa, festinhas de Halloween etc.

Quando eu fui ao Walmart lá, em março, tinha uma seção só para produtos de Páscoa. Mas muita, muita variedade. Ovinhos de todos os tipos, de brinquedo e comestí­veis, feito de doces. Enfeites mil. Livros. Todos os tipos de comidinhas. Coelhinhos por todos os lados. Aqui no Brasil, temos os supermercados cheios de ovos de Páscoa (carí­ssimos) e só.

[quote class=”rosa”]Se lá eles usam feriados religiosos e estações para consumir mais, aqui somos usados para ser explorados. E as duas situações são muito tristes, com a diferença que, para eles, não há grande prejuí­zo pessoal. Para nós, sim.[/quote]

Não sei se todo mundo tem notado como fazer compras no supermercado está CARO. Está cada vez pior.

E, se a gente for além, não é só no mercado. Se eu precisar comprar um móvel novo para a minha casa, preciso economizar durante meses para chegar ao valor de um produto bem mais ou menos. Quando foi que um sofá de má qualidade passou a custar mais de mil reais e, um sofá minimamente bom, só acima de 2.500?

Não cheguei a ir, mas nos Estados Unidos existe uma loja chamada The Container Store. A loja é isso mesmo: um lugar gigantesco para comprar caixas organizadoras e toda sorte de produtos relacionados.

Imagem: The Bluebird Patch
Imagem: The Bluebird Patch

Aqui no Brasil, se a gente quiser comprar produtos de organização, precisa pagar absurdamente caro em porta-revistas, caixas organizadoras, colméias, prateleiras etc. Lá isso tudo é tão comum, tão banal, que é barato. Como todo o resto. í‰ uma cultura de banalização do consumo, que esbanja dinheiro e gera acumuladores. Porque podem existir acumuladores em outros paí­ses, mas não tanto quanto existem nos Estados Unidos. Em que outro paí­s, senão o templo do consumo, isso seria possí­vel?

Imagem do programa de TV a cabo "Acumuladores", que mostra a rotina de pessoas que vivem em casas abarrotadas de coisas
Imagem do programa de TV a cabo “Acumuladores”, que mostra a rotina de pessoas que vivem em casas abarrotadas de coisas

Gosto de três revistas americanas que sempre leio pelo tablet, pois as importadas são (obviamente) muito caras. São elas: Martha Stewart Living, Real Simple e Good Housekeeping. Comprei as três da última vez que estive lá (cerca de 5 dólares cada – no Brasil custam de 40 a 70 reais). e as três tinham matérias de capa referentes í  Páscoa. Todo mundo celebra a Páscoa. Todo mundo quer fazer enfeites de ovos, coelhinhos, flores. Todo mundo quer ser uma mini-Martha Stewart com sua casa e famí­lia perfeitas.

No Brasil ninguém tem tempo para isso, será? Ficamos menos reunidos em famí­lia? Não gostamos de festa? Não gostamos de gastar? Oras, nós fazemos todas essas coisas. Por que não celebramos assim também? Por que não temos variedade de coisinhas para fazer, assim como nos Estados Unidos?

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Site da Martha Stewart cheio de posts sobre a Páscoa

Quando a gente fala sobre como as coisas são baratas nos Estados Unidos, não estamos nos referindo somente a essas tralhazinhas que a gente compra (e que realmente existem em grande quantidade lá). Pelo menos eu falo em alimentos, roupas. Comprei um par de calças jeans no Walmart por 12 dólares. Esse preço é ridí­culo. Em nenhum lugar no Brasil você encontra um par de calças nesse preço mais. E a variedade é enorme. Toda a cultura dos cupons, que fazem as pessoas gastarem 50 dólares por mês fazendo compras gigantescas, com a possibilidade até de ter estoque em casa. Aqui no Brasil, gastamos muito com absolutamente TUDO. Uma ida ao mercado para fazer um lanchinho já nos toma 50 reais facilmente.

Imagem do programa de tv a cabo "Cupom Mania", onde as pessoas mostram os estoques de mantimentos que fazem com a ajuda de cupon, levando comida quase de graça
Imagem do programa de tv a cabo “Cupom Mania”, onde as pessoas mostram os estoques de mantimentos que fazem com a ajuda de cupons, levando comida quase de graça

Então você entra em uma loja virtual ou loja de artigos para casa em busca de produtos de organização e é obrigado a pagar 40 reais em uma colméia para guardar calcinhas. Por isso personal organizer não fica rico no Brasil. í‰ tudo muito caro. Entendo que algumas empresas importem, que as de produção nacional precisem ser competitivas e todo negócio precise sobreviver pagando muitos impostos. A culpa não é do comerciante, mas do sistema.

E, respondendo í  pergunta lá de cima: não podemos ter uma cultura de organização igual aos Estados Unidos porque não podemos tirar 50 reais da compra do mercado para comprar UMA caixa organizadora. Não podemos deixar de comprar 1kg de carne para a famí­lia para comprar artigos caros de festinhas para um feriado qualquer. As festas que são as “necessárias” (casamentos, aniversários) geram toda uma indústria absurda de cara, que desanima qualquer um. E não é como se estivéssemos pagando um preço justo. Não estamos. Estamos pagando caro pelo mí­nimo.

Como animar o brasileiro a celebrar estações e feriados se para fazer o básico de forma saudável ele tem que se matar de trabalhar e ainda assim não dá conta?

Não digo que isso seja extremamente relevante mas, para mim, acaba fazendo sim diferença na qualidade de vida poder ter esses pequenos momentos no dia a dia, celebrando a Páscoa, a volta í s aulas do nosso filho, um projeto que foi concluí­do etc. Eu também adoro organizar o meu apartamento, ajudar outras pessoas a se organizarem e buscar soluções para ganhar mais tempo no dia a dia. O problema é que a gente paga caro demais por isso. Por tudo. Aí­ a gente acaba vivendo para trabalhar, trabalhar para pagar contas e a vida vai passando sem festa. Não se trata só de consumo.

Só um pequeno desabafo sobre por que não nos organizamos igual a eles. í‰ outra realidade.

Categoria(s) do post: Comida, íreas da Vida
Imagem: Charles Progers
Imagem: Charles Progers

Pessoal, este não é um blog sobre nutrição ou alimentação saudável, mas um blog de organização! Comento isso porque sempre que escrevo um post sobre algo que envolva comida, surgem comentários como “mas isso não é saudável” ou outros parecidos. Não incentivo nenhum dos dois lados. A ideia é sugerir dicas de organização que podem ser aproveitadas pelos leitores ou não. Como cada um se alimenta é uma opção pessoal.

Hoje eu gostaria de dar dicas para quem tem o dia a dia bem corrido e gostaria de desacelerar um pouco no café-da-manhã.

Na nossa casa, pelo menos, as coisas são bem corridas. Não tem muito segredo quanto a isso – tem que acordar um pouco mais cedo e preparar, se esse for o seu desejo. Não dá para deixar muita coisa pronta na noite anterior, mas tem alguns truques para facilitar.

Imagem: No Trash Project
Imagem: No Trash Project

Uma dica que eu sempre dou é deixar uma bandeja tanto na geladeira quanto fora dela com os artigos utilizados no café-da-manhã. Na bandeja da geladeira, por exemplo, você pode deixar o leite, iogurte, margarina, frutas e tudo o mais que for utilizar. Na bandeja que não precisa ser refrigerada, você pode deixar pote de açúcar, pães, canecas, copos, talheres, guardanapos e por aí­ vai. A ideia é pegar tudo o que você usa no café-da-manhã e deixar essas duas bandejas prontas, para simplesmente levá-las í  mesa pela manhã. Você pode prepará-las na noite anterior ou apenas conferir se não está faltando nada.

Se precisar preparar algo, como um omelete, café fresco ou waffles, deixe tudo o que precisa diariamente sempre í  mão. Se suas manhãs são muito corridas, considere como opções somente alimentos que não demandem preparo, pois facilitará a sua rotina.

Imagem: Little Black Book Delhi
Imagem: Little Black Book Delhi

Você pode fazer, aos finais de semana (ou quando tiver um tempinho), receitas gostosas para o seu café-da-manhã e que duram a semana inteira, como bolos e cookies.

O que cada um vai comer é super, super pessoal. Não vou entrar nesse mérito. =) Em casa, alternamos frutas, pães, frios, bolos, iogurtes, sucos, leite, café. Não vamos muito além do trivial.

Eu valorizo bastante os momentos de alimentação e gosto de ter uma mesa arrumada para comer. Portanto, faça um esforço (se você também gosta) e deixe a toalha posta, os pratos arrumados. Pelo menos a toalha é algo que eu gosto de deixar pronto e faz muita diferença.

Abra as janelas. Não coma no escuro.

Imagem: Travel Rakuten
Imagem: Travel Rakuten

Se morar com outras pessoas, não discute assuntos sobre a casa e finanças, por exemplo. Essas conversas, por melhor que seja o tom da nossa voz, sempre são associadas a problemas e, quando menos se espera, a gente já começa o nosso dia com preocupações. Vale a pena falar sobre o que se espera do dia que começa e contar notí­cias agradáveis.

Se não tiver tempo para lavar a louça, deixe para mais tarde. Não faça com pressa, amaldiçoando os pratos sujos. Nada paga a nossa paz.