De volta ao minimalismo

A vida é mesmo cíclica.

Alguns anos atrás, eu entrei em uma fase tão minimalista que achei que nunca voltaria a ter “coisas”, e no entanto voltei a colecioná-las, comprá-las, adquirir móveis, mais livros, mais roupas. Este ano, quando começamos a procurar apartamento para comprar, e eu notei que estávamos procurando um apartamento de três quartos simplesmente porque eu queria ter o meu escritório, foi o sinal que eu estava precisando receber para perceber que não estou vivendo somente com o essencial.

Eu não preciso ter um apartamento com três quartos. Se a gente parar para pensar, não precisa sequer de um apartamento com dois quartos. O ser humano precisa de abrigo, alimentação, cultura, descanso, prazer – as coisas fundamentais. Eu trabalho com um notebook (deixei de usar desktop há tempos, mas meu marido ainda usa), então não preciso ter um canto específico para fazer isso. Como eu gosto de estimular a minha criatividade, sinceramente até prefiro trabalhar uma hora em cada lugar. Eu só preciso estar  longe do barulho e da agitação quando necessário, e posso ter essa condição ficando no quarto, por exemplo. Não preciso de um cômodo específico.

Imagem: Miss Minimalist
Imagem: Miss Minimalist

Na cozinha, temos um armário mínimo, que nunca coube muita coisa. Oras, mas eu tenho um jogo de xícaras de café que nunca usei – só guardei porque é lindo, de poás, mas está lá. Duas garrafas térmicas. Antes eu costumava deixar água quente para o chá sempre em casa, mas é um hábito que não tenho mais. As garrafas, no entanto, ainda estão ali. Uma travessa que nunca usei, mas fica ali “em caso de”.

Nossa mesa de jantar, linda linda, que paguei caro porque queria muito antes de nos mudarmos, acaba sendo usada como apoio. Se ela ficasse na cozinha, talvez usássemos mais, mas fica na sala, ocupando espaço. Nós comemos sentados no sofá ou no pufe, no chão. Ninguém usa a mesa. Enquanto isso, minha bateria (eletrônica – não faz barulho) está guardada dentro de uma caixa na casa da minha sogra, sem uso, enquanto eu poderia tê-la ali e praticar quase todos os dias. É algo que me faz bem, é exercício físico, e simplesmente não faço porque “não tenho espaço”.

Nossa varanda é subutilizada porque temos um varal de chão (que acho horrível). Estou querendo trocar a nossa máquina de lavar por uma lava-e-seca e me livrar do varal.

Já questiono até mesmo a importância de ter um sofá. Poltronas avulsas fariam seu papel, mas gostamos de ver filmes juntos, ficar juntos ali, então o sofá fica. Mas muitas casas têm sofás sem necessidade. E ocupam tanto espaço!

Com a fissura pelo Evernote, estou digitalizando tudo o que não precisa ficar em formato de papel. Isso inclui revistas antigas, reportagens, aquele monte de coisas que eu guardava.

Vou saber que sou minimalista de verdade (ao meu estilo) quando pudermos nos mudar tranquilamente para um apartamento de dois quartos sem que isso signifique termos coisas pelo meio da casa. Falta bastante, mas quero chegar lá.