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O que eu aprendi com Larissa, Lia e Lolla

Eu leio o blog da Larissa há uns bons seis anos. Sua história sempre me inspirou muito – em parte por eu estar sempre lutando contra o peso acima do ideal, como também pelo fato de ser um blog extremamente pessoal, praticamente estilo diário, o que sempre me atraiu mais.

Há cerca de uns dois anos, achei que ela tinha parado de postar “com vontade” no blog. Os posts antes eram enormes, com textos que eu adorava ler, cheios de fotos, e de repente ela passou a postar de forma diferente, com apenas algumas fotos e poucos textos. Mas nunca perdi o interesse no blog. Aliás, sentia muita falta dos seus textos. Vira e mexe, dou uma olhada no arquivo para ler os posts antigos.

Quem tem um blog na Internet sabe como é difícil dar a cara a tapa diariamente, o tempo todo. Não sabemos quem está do outro lado. E eu já tinha lido vários posts da Larissa chateada com comentários que deixaram para ela, que eram realmente pesados. Quando falamos de um assunto tão estereotipado como o corpo feminino, e se expondo de forma tão honesta, é natural que algumas pessoas se aproveitem disso para fazer comentários maldosos. E, no fundo, eu sempre a admirei por ela continuar com o blog mesmo assim, porque ninguém precisa disso, honestamente.

Até que, uma vez, ela escreveu um post sobre o blog no geral. Não me lembro exatamente, mas era sobre essa coisa das críticas, de querer postar o que ela quiser, pois o blog era dela e ela não queria falar só sobre emagrecimento. Que o blog tinha começado sobre isso, mas ela queria falar da vida dela no geral, de outros interesses.

Foi quando eu postei um comentário na melhor das intenções, sugerindo que ela desse um up no blog. Dividisse as categorias, fizesse uma coisa com cara de revista, com seções, série de posts etc. Eu realmente acho que seria muito legal ela fazer isso, pois o blog tem um apelo incrível, trata de um tema bastante buscado etc. Muitas pessoas comentaram no mesmo post dizendo que seria muito legal se ela fizesse o que eu estava sugerindo. A gente acha que sabe o que está fazendo né? =)

Continuei acompanhando o blog, meio despretensiosamente. Ela continuou seguindo seu coração e postando o que quisesse. É claro que ela não tinha o menor interesse em tornar o blog profissional. Nem sei por que eu sugeri aquilo.

E aí, em um belo dia, ela fez um post dizendo que tinha sido mãe!

Sorri sozinha no quarto enquanto lia os meus feeds, pois acompanhei o que aconteceu um tempo antes e, enfim, fiquei muito contente por ela, mesmo sem nunca tê-la conhecido pessoalmente.

Mas o que realmente me chamou a atenção nesse dia foi perceber que ela passou muitos meses postando no blog sem uma única vez sequer citar a gravidez. Ela poderia ter falado sobre o assunto, dado mil dicas, mas manteve em segredo justamente por causa do tribunal da Internet. E eu achei isso o máximo.

Mesmo sem ela saber, passei a admirá-la ainda mais. Passei a gostar ainda mais do blog, pois ela é fiel a si mesma, postando o que lhe dá vontade. Se ela quiser escrever, ela escreve. Se quiser postar só um vídeo, ela posta. Nada de regras. Com certeza muitas pessoas fizeram comentários (como eu mesma fiz, antes) dando dicas para “melhorar” os posts, mas aquilo é o blog dela. Felizmente (ou infelizmente?) ela se tornou uma pessoa pseudo-famosa por causa do blog, onde as pessoas a reconhecem na rua. A audiência de um blog assim é enorme. Então a pressão em cima dela é proporcional.

Ter deixado uma gravidez em segredo e manter-se fiel ao que ela gosta de postar, em vez de se enquadrar no que o blog “deveria” ser, me fez mais fã ainda da Larissa. E essa foi a primeira lição que eu aprendi.

***

A segunda lição foi com o blog da Lia. Certamente, 95% dos leitores do blog sabem de quem eu estou falando.

Uma vez, uma amiga minha disse: “Você por acaso vê a Lia falando de briguinha no blog? Não, porque o blog dela é um espaço sagrado. Ela sabe o que quer passar às leitoras, e é fiel a isso. Ela não vai manchar o blog por pouca coisa.” Isso mudou completamente a minha visão com relação aos meus próprios blogs.

A Lia e eu somos da mesma geração de blogueiros e eu acompanho seu blog desde 2002, mais ou menos… E vi toda a evolução que foi quando ela começou a postar despretensiosamente fotos das decoração de Natal de todos os shoppings de São Paulo, fotos de look do dia e a postar no blog da revista teen mais famosa do Brasil. Ela ganhou fama e credibilidade, mas porque sempre soube fazer bem o que fazia.

Por isso, sempre tive um olhinho no seu blog, acompanhando o que ela estava fazendo. Quando ela largou um ótimo emprego para viver do blog, achei demais! Sempre torci muito por ela pois, apesar de também não conhecê-la pessoalmente, acompanho sua vida pelo blog há muito tempo.

E acho impressionante como uma pessoa assim consegue manter as pessoas afastadas de sua vida pessoal. Talvez eu devesse falar menos de mim aqui no blog também, não citar meu marido e filho. Talvez fosse melhor não expôr tanto a minha família. Eu não sei, fico um pouco dividida quanto a isso. Mas o blog da Lia é um excelente exemplo de como mesclar o pessoal com o profissional, sem expôr demais a própria vida. Então eu gostaria de encontrar esse equilíbrio também.

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O blog da Lolla pode não ser tão conhecido para alguns, apesar de eu achar que ele é mais conhecido do que parece. Além das fotos lindas e do humor sensacional, ela escreve maravilhosamente bem. E o que mais me chama atenção é que o blog dela é das antigas. É estilo diário, um blog dela, com seus pensamentos, “como um blog deve ser”.

Não tem um tema, não está preso a um assunto. É sobre ela e as coisas que ela gosta. E essa foi a minha terceira lição definitivamente: um blog deve ter “a sua cara” (brega, eu sei, mas enfim, na falta de um termo melhor). Deve ter coisinhas sobre a sua vida, seu cotidiano, sem a menor obrigação de agradar ninguém, a não ser ela mesma.

A Lolla já deletou um, dois, dez blogs que teve, justamente porque ter um blog durante mais de dez anos é isso mesmo: você fica entediado(a), quer dar um tempo, simplesmente. Todo mundo que tem blog sabe que é difícil lidar com a exposição e o alto nível de julgamento que vem junto.

***

Então é isso! As três grandes lições que eu aprendi com essas blogueiras fofas foram as seguintes:

  1. Manter seu blog como o lugar onde você posta o que você quiser e o que você gosta, porque ele é seu. As pessoas acessam porque gostam, ou deixam de acessar porque não gostam. Não importa. O importante é ter um espaço para se expressar da forma que quiser.
  2. Falar menos da vida pessoal e expôr em nível zero as pessoas que fazem parte da sua vida. Ninguém realmente precisa saber da sua vida. O blog pode ter um toque pessoal sem expôr você demais, além das pessoas que você ama, e não tem nada de mais em ter um toque profissa também.
  3. Um blog não “precisa” ser nada. O legal é postar porque gosta, porque praticamente não consegue viver sem escrever e compartilhar o que quer que seja. E não tem problema algum se você deixar de postar um dia, uma semana ou um mês. O blog é seu.

Eu não escrevi este post sobre nenhum acontecimento em especial, mas porque eu venho refletindo há tempos sobre isso.

O blog é meu. Sim, ele tem um tema, mas é basicamente sobre a minha vida. Se fosse um blog somente sobre dicas de organização, eu montaria um portal sobre isso. Mas eu nunca quis. Quis o formato de blog porque eu amo ter um blog. Sempre tive, e finalmente encontrei “meu formato”, meu jeito de escrever, entre outras coisas.

Porém, pela primeira vez, comecei a achar que talvez o nome do blog esteja atrapalhando o que eu esteja querendo dizer. Talvez, pelo fato de ser um blog sobre organização, isso confunda as pessoas. Eu quero falar sobre organização sim, mas sobre a minha vida organizada. E isso vale para tudo o que eu faço – não só dicas de organização, mas dicas de leituras, filmes, músicas, enfim, coisas que fazem parte da minha vida. Descobrir coisas, compartilhar dicas que eu tenha gostado, mesmo que simples, mas que eu tenha achado legal. O blog é o “meu cantinho”. Adoro o relacionamento com os leitores que, apesar de alguns contratempos, sempre agradeço por não ter nada maldoso comparado à enchente de comentários esquisitos que os três blogs acima recebem. Ter um blog definitivamente não é para os fracos.

O blog faz parte da minha vida e, sinceramente, não me “dá trabalho”. Eu adoraria viver dele, mas não tenho como. Tenho meu trabalho, que gosto muito, e uma família para sustentar. No momento, a ideia de ser autônoma não me agrada, pois gosto de ter segurança – especialmente depois que o meu filho nasceu. O que eu preciso fazer é realmente desencanar um pouco dele, sabem? Parar de achar que “preciso” fazer coisas de determinado jeito, porque ele não pode ser uma obrigação.

Já até pensei em criar outro blog, mas não queria isso, de verdade. Quero continuar falando sobre organização, mas quero sentir que tenho a liberdade de falar também sobre outros assuntos que eu quiser, mesmo que muitas vezes nada tenha a ver com organização. Porque é sobre mim. Não é sobre organização, mas sobre a minha vida. organizada.

E eu sinceramente espero que vocês me entendam. <3

PS – Este post não precisa de links, pois os três blogs são famosos. Quem não souber quem são elas, uma pesquisa rápida no Google trará as respostas em poucos segundos. =)