Reflexões sobre a contratação de uma diarista

No checklist de outubro, eu escrevi que um dos meus objetivos para este mês era fazer um teste com uma diarista a cada 15 dias. Poucas pessoas perceberam, mas isso até me doeu de escrever. Sou aquela pessoa que acredita que pode fazer tudo sozinha. Em outros países, somente as pessoas com uma situação financeira confortável conseguem contratar alguém para fazer a limpeza da casa. Então eu sempre pensei: “se essas pessoas conseguem, então eu também consigo”.

Além disso, eu gosto de limpar a casa. Gosto de vestir minha roupa de heroína (avental e luvas) e testar produtos novos, tirar fogão do lugar, limpar cantinhos. Meu marido e eu dividimos as tarefas de casa, e tudo estava bem até agosto, quando eu fiquei mal de saúde e sem conseguir fazer praticamente nenhuma dessas coisas. Meu marido acumulou tarefas, ficou mais estressado e não conseguiu dar conta de tudo. No mês seguinte, nós viajamos muito e a casa foi deixada de lado. Aquilo me deixou aflita e decidimos fazer um teste com uma diarista.

Porém, eu nunca me senti à vontade com essa decisão. Pedi indicação de uma menina ótima aqui na minha cidade, conversei com ela pelo telefone, mas nunca a chamamos. Aí você me pergunta: “por quê?”. E eu respondo: por todos os motivos acima. E outros.

Acho que já escrevi aqui no blog o que eu penso a respeito de se ter uma auxiliar para a limpeza da casa. Basicamente isso:

  1. Se você possui restrições físicas ou é idoso(a), por exemplo, claro que precisa de ajuda. Mesmo que você não tenha boas condições financeiras, isso é uma prioridade e deve ser levada em conta.
  2. Se você não “tem tempo” para limpar a casa, avalie sua vida em primeiro lugar. Sua situação é temporária? Todos os moradores colaboram? Sua casa não é grande mais? Você não tem coisas demais? Antes de pensar em contratar uma faxineira, vale a pena avaliar todas essas questões.
  3. Se você tem dinheiro e uma vida extremamente ocupada, do tipo que fica fora uma semana, volta, dorme uma noite em casa e precisa sempre de roupa limpa e passada para reuniões, pode ser algo a se considerar.

Por muito tempo, eu fiquei um pouco cismada com a coisa de ter uma faxineira, porque me considero uma pessoa organizada. No último mês, no entanto, mudei bastante minha concepção a respeito, porque organização não tem a ver com limpeza, somente. Eu posso ser uma pessoa organizada sem a menor vocação para limpar a casa. Da mesma forma que delego tarefas no meu trabalho, eu posso delegar as tarefas de limpeza da minha casa para outra pessoa para poder me concentrar nas atividades que realmente considero importantes. É só ver como as próprias organizadoras profissionais trabalham com auxiliares para a parte mais pesada ou mesmo contratam outra pessoa para fazer a limpeza.

Mas, mais do que tudo isso, é importante dizer que eu me considero um exemplo para vocês. Como eu posso dar uma palestra sobre manter a casa organizada no dia-a-dia, ensinando a criar rotinas de limpeza, se eu mesma não faço isso? Bom, eu faço, e isso foi um compromisso importante que adotei comigo mesma. Mas eu sei que há exceções, e não podemos julgar. Fiquei imaginando se eu tivesse uma vida bem cheia de compromissos, mais do que hoje em dia, com jantares diariamente, muitas viagens, sabem? Eu viajo a trabalho, mas não tanto. Mas tem gente que viaja o tempo todo, trabalha todos os dias até muito tarde. E chega no domingo de madrugada, precisando de uma camisa passada às 6h da manhã seguinte. Será que realmente devemos nos martirizar somente para não aceitar ajuda de um profissional?

Por isso, minha opinião geral sobre ter um profissional ajudando na limpeza de casa é a seguinte: se puder contratar ajuda, contrate. Se não impactar no seu orçamento, não há motivo para martirização. Sei que principalmente as mulheres ficam com um sentimento terrível de culpa por não conseguirem dar conta da casa, mas precisamos nos livrar disso. Hoje eu cuido da limpeza do meu apartamento junto com o meu marido. Se ele não fizesse a parte dele, eu pensaria seriamente na contratação de uma pessoa, porque acho que a nossa casa deve nos servir, e não o contrário. Mas eu repensaria meu casamento também, porque estou falando de companheirismo. Eu acho que, no final das contas, há muita coisa envolvida.

Aqui em casa, meu marido desde o início foi contra chamarmos uma diarista para vir a cada 15 dias. Eu que insisti. No final, acabei desistindo da ideia porque sabemos que damos conta. Nos dias que não ficamos em casa, não tem importância não limpar nada porque também não sujamos. Precisamos, na correria do dia-a-dia, ter um grau de tolerância maior com a sujeira leve (poeira, por exemplo), porque ficar obcecado com a limpeza não é legal. Ninguém com filhos pode ter uma casa brilhando e sempre limpa, a não ser, é claro, que tenha uma empregada em tempo integral. Eu não vou parar minha vida, deixar de ficar com o meu filho, ver um filme com o meu marido, escrever meu TCC para tirar o pó de todos os móveis da casa. Questão de perspectiva, abaixar expectativas e aceitar a realidade.

Por isso, para você que estranhou aquele item na minha lista, saiba que ele foi um objetivo que durou pouco tempo. Já foi excluído e, até onde eu puder, ficará permanentemente fora dos meus checklists. Mas, diferente de outros tempos, não tenho nada contra.  É algo que me deixa feliz saber que sou uma pessoa saudável que consegue dar conta da casa onde vive e ainda passar esse sentimento para quem lê o blog.