Das coisas que deixamos de fazer

Imagem: Tumblr

Há algum tempo venho notando que cheguei a um momento da vida onde vou deixando muitas preocupações desnecessárias para trás.

Não sei exatamente quando isso começou. Talvez há uns três ou quatro anos, antes de engravidar, quando me deu aquele estalo de minimalismo na vida e eu abri mão de tantas coisas. Mas certamente hoje, com a minha idade, me vejo extremamente desapegada de uma série de coisas. E, toda vez que me desapego de algo, fico me perguntando por que nos apegamos a atitudes sem sentido? Mas assim, sem sentido para nós. Acho que isso é o que as pessoas chamam de “encontrar a identidade”. Sim, eu sinto que seja isso.

Um dos meus blogs preferidos atualmente (e que foi apresentado por uma amiga <3) é o da Consuelo Blocker, que vive em Florença e, além de ter as postagens mais legais sobre moda e viagens, traz muito sobre a pessoa que construímos enquanto a vida vai passando. Uma coisa que pode parecer uma bobeirinha sem tamanho, mas me causou uma libertação enorme, foi descobrir, por exemplo, que eu não preciso pintar as unhas. Toda vez que eu ficava sem pintá-las me batia uma culpa terrível, achava que estava descuidando do visual para o trabalho. Sempre hidrato as mãos, empurro as cutículas, corto, limpo, lixo etc. Mas pintá-las me dava preguiça porque nunca ficavam 100% boas e depois eu achava uma perda de tempo enorme ficar tirando com lencinho ou acetona. E, de repente, eu simplesmente parei de pintar. Isso já faz uns dois meses, pelo menos, e a sensação de libertação é tremenda. Estou contando isso porque outro dia li um post no blog da Consuelo onde ela diz exatamente que não gosta de fazer as unhas, que não vê necessidade. E é isso. Olha só quanto tempo eu ganhei na vida só por deixar um hábito de lado.

Absolutamente nada contra quem pinta as unhas. Adoro unhas pintadas também e isso não significa que nunca mais vou pintá-las. Mas que deu um alívio por perceber que eu não tenho a obrigação, isso deu.

Outro hábito que eu deixei para trás foi a preocupação com a comida. Vocês já pararam para pensar em como nossa vida gira ao redor disso? O que prepararemos para o jantar, o que vamos almoçar, precisamos comer de três em três horas, beber dois litros de água por dia etc. Depois que eu comecei a minha dieta, eu comecei a respeitar o meu corpo e a comer somente quando tivesse fome, e a beber quando tivesse sede. Percebi com isso que eu sentia muito menos fome do que eu imaginava! Fiquei várias vezes sem almoçar porque tinha tomado um café-da-manhã bacana e fui comer só à noite, por exemplo. Em casa, precisamos fazer comida todos os dias porque temos nosso filho que depende da gente e da nossa estrutura, mas eu sinceramente viveria de petiscos para o resto da vida se não fosse por isso, e numa boa. Quer fazer uma carne assada? Faça, mas quando tiver vontade, e não pela obrigação de preparar uma refeição. Quer sair para jantar? Vá! Sem a obrigação de “sair todas as quintas-feiras”.

E é claro que tudo isso que eu estou escrevendo é uma declaração pessoal. Cada pessoa vai se descobrindo com o passar do tempo, e eu tenho estado tão surpreendentemente feliz ultimamente com essas novas descobertas a respeito de mim mesma. Acho que oficialmente virei adulta. Aprendi a relaxar mais, a fazer mais do que realmente me faz bem, aproveitar melhor o tempo, a vida, as relações. Discutir menos. Comer menos. Dar mais valor ao comportamento, porque ele reflete todo o resto.

Gostaria de postar aqui um vídeo da Costanza Pascolato que vi na semana passada, onde ela fala sobre estilo. E se engana quem ainda associa estilo somente a moda. É quem você é, e é uma construção. Vejam o vídeo. Garanto que vocês não irão se arrepender.

 
Então é isso. Mais dois hábitos tirados da vida porque não acrescentavam em nada. Vida simplificada mais um pouquinho e uma identidade cada vez mais forte.

Uma das melhores coisas de envelhecer, é ter mais segurança de ser quem você é.
– Consuelo Blocker