Administrando o guarda-roupa

Depois que o meu filho nasceu, eu me vi surpreendida por um armário extremamente reduzido para o trabalho, pois as poucas roupas sociais que eu tinha (sempre trabalhei em lugares mais informais, como agências de publicidade) não me serviam mais ou estavam apertadas. Eu li o post da Rita sobre a coisa de comprar um e se desfazer de outro (toda vez que comprar algo, doar um semelhante) e gostaria de compartilhar um método recente que adotei e que vem funcionando muito bem.

Basicamente, eu fiz uma lista de todas as roupas e acessórios que quero ter até o final da vida. Foquei mais no lado profissional (roupas para usar no trabalho), mas a verdade é que o guarda-roupa é tão clássico que serve para 90% das ocasiões informais também. Da mesma forma, existem roupas que eu não vou usar em ambiente corporativo (vestidos estilo pin-up com poás? jaqueta de couro preta? tênis converse de cano alto?) que não entraram nessa lista, simplesmente porque o objetivo não é torná-lo uma regra rígida, mas apenas direcionar as minhas compras para roupas do dia-a-dia. Não quer dizer que, se eu encontrar uma camiseta linda que eu fique apaixonada, não vá comprar “porque não está na lista” – mas certamente me fará pensar duas vezes (por que eu gastaria com uma camiseta sendo que preciso comprar outra coisa para usar diariamente?). Enfim, uma lista para facilitar o custo-benefício.

A lista ficou bem didática, tipo:

– camiseta branca com manga longa
– camiseta branca com manga 3/4
– camiseta branca com manga curta
– camiseta preta com manga longa
– etc.

E enorme! Mas o meu querido Toodledo fez o favor de ser a melhor ferramenta do mundo para organizar listas e eu criei uma tarefa “roupas para comprar” e sub-tarefas com os itens. O grande diferencial foi colocar a frequência de repetição – ou seja, quando se completa uma tarefa, em que data ela tem que ser feita novamente. Então, por exemplo, uma sapatilha preta, que é algo super básico para mim, eu coloquei com frequência anual. Logo, se eu comprar uma sapatilha hoje, vou ter como sugestão comprar a outra daqui a um ano. Uma sandália rasteirinha preta tem frequência de quatro anos – ou seja, se eu comprar uma hoje, só preciso comprar outra daqui a quatro anos. E tem itens com mais de 10 anos, como lenços, bolsas etc.

Os objetivos são:

– ter um direcionamento para saber o que comprar, dificultando os gastos com peças que não compensam ter pelo pouco uso ou para não comprar peças parecidas com as que eu já tenho;
–  diversificar as peças – quer dizer, se eu tiver mais opções de sapatos, vou gastá-los menos;
– comprar peças de boa qualidade, porque elas precisam durar um tanto.

Por exemplo: eu já fiz aquela limpa (destralhamento) no meu armário e fiquei com o mínimo. Para vocês terem uma ideia, já vivi somente com dois pares de calças jeans e uma dúzia de camisetas pretas. Foi uma experiência interessante, mas eu jamais repetiria. Gosto bastante de moda e me sinto bem quando me visto com cuidado, pois sei como a minha imagem é importante profissionalmente e para me sentir bem. Já reparei que, quando visto uma roupa melhor, eu trabalho melhor e tenho mais pique para fazer as tarefas do dia-a-dia. Também já reparei que, quando compro peças de melhor qualidade, cuido melhor das roupas para que elas não se desgastem muito rápido. Logo, essa lista foi uma boa ideia.

Então a regra do “comprar um e doar outro” se aplica neste caso, mas porque a lista é bem específica. Eu não vou doar uma bota marrom se comprei uma sapatilha vermelha, apesar de ambas serem calçados. O que vou fazer é doar minha sapatilha vermelha quando comprar outra igual, pois não precisarei mais dela – e provavelmente só comprarei outra quando a atual estiver bem velhinha (a frequência de tarefas no Toodledo abençoa esta opção).

E eu sei que vocês vão pedir para ver a lista que eu montei, mas eu tenho vergonha porque ela é super grande! Mas vale lembrar que ela foi criada para ser uma referência até o fim da vida. Minhas “regras” são mais ou menos essas:

– para comprar anualmente: o que eu uso MUITO no dia-a-dia, a roupa “para bater” mesmo e que gasta muito, como sapatos mais básicos (sapatilha preta), calças (calça de alfaiataria preta), camisetas de mangas diversas e outras peças desse tipo;
– para comprar mais de uma vez por ano: geralmente meias, lingerie e peças hiper básicas (camisetas brancas e pretas);
– para comprar a cada dois anos: itens que são muito usados mas que podem ser MENOS usados caso eu tenha uma variedade maior semelhante;
– para comprar de três a cinco anos: peças que podem ser substituídas por opções semelhantes e que são usadas, vá lá, uma vez por mês ou por semana;
– para comprar de seis a 10 anos: itens básicos mas que costumam durar mais (trench coats e outros casacos, por exemplo);
– para comprar com uma frequência maior que dez anos: bolsas, cintos, lenços etc.

Eu gostei tanto desse método que gostaria de tê-lo criado há pelo menos 10 anos para ter gasto menos com besteira e ter mais roupas clássicas no meu guarda-roupa hoje. Mas agora está tudo no caminho certo.