Percebi que não tinha a tag “Trabalho” aqui no blog, então resolvi criá-la para falar sobre a minha carreira.
Eu sou um pouco frustrada, confesso. Na época do vestibular, já sabia que queria estudar História e dar aulas, mas o mundo inteiro me convenceu a prestar algo “mais rentável” (hoje sei que é um raciocínio ridículo) e, por isso, prestei Jornalismo. Passei e tranquei no segundo ano porque estava infeliz. Na época, eu estava trabalhando com design gráfico e algumas pessoas próximas me aconselharam a fazer Publicidade, “para ter uma profissão”, e depois fazer História, pois então eu “cursaria tranquilamente e não me preocuparia com a questão do dinheiro”. Na época, isso pareceu sensato e foi o que eu fiz.
Foi muito bom cursar Publicidade! í‰ uma área gostosa de estudar e trabalhar, até você parar em uma agência. Para quem queria dar aulas, é no mínimo estressante. Me formei em 2006 e me dediquei í profissão. No final de 2007, decidi fazer História. Prestei vestibular de novo, passei e comecei a cursar. Quase morry de tanta emoção, porque não acreditava que estava mesmo cursando o que eu sempre quis. Meu chefe, no entanto, resolveu me promover a um cargo de liderança (somente eu abaixo do presidente da agência) que significava trabalhar até mais tarde e dar adeus í s aulas. Não tive escolha. Quem poderia largar um emprego bom com mais de 25 anos de idade para fazer uma segunda faculdade particular? Poucas pessoas – eu não era uma delas, então precisava trabalhar. Aproveitei o restante do ano para estudar sozinha. Em 2009, comecei novamente, desta vez decidida a não sair.
O que aconteceu foi uma série de acontecimentos:
a) eu estava tocando durante a semana com uma banda, compromisso com o local etc, todas as sextas-feiras a partir das 21h (eu estudava de manhã e trabalhava em casa como free-lancer – tinha largado o tal emprego dois meses antes, por insatisfação mesmo);
b) fui convidada a entrar em uma empresa por um salário mais alto que o anterior e em um cargo que aumentaria bastante o patamar do meu currículo (e eu pagando a faculdade com muita dificuldade, deixando de comer mesmo, me perguntando por que eu estava desempregada);
c) me decepcionei com a faculdade (contarei adiante o motivo).
Porque eu me decepcionei: a faculdade era ruim, a turma era ruim, eu aprendia mais estudando sozinha que frequentando as aulas etc. Por exemplo: eu amo História Antiga. Na faculdade, tínhamos somente um semestre, sendo que era coisa de dois meses para Egito, dois meses para Grécia e tchau. Não era isso o que eu queria. Eu estava ali por prazer, e não somente para ter qualificação para lecionar no final do curso. Chegou a um ponto em que eu sequer tinha vontade de frequentar algumas aulas. A professora de História Antiga tratava a turma como se fossem crianças, sabe? Não era pra mim.
Aceitei o tal trabalho, não consegui mudar para o período noturno e, assim, saí novamente. Só que a empresa não era legal, acabei pedindo demissão e, um mês depois, descobri que estava grávida. O resto vocês acompanharam por aqui.
Não é fácil largar uma profissão “segura”, onde você já tem experiência e pode ter uma boa pretensão salarial, para começar do zero em uma nova carreira que, sabemos, não é nem um pouco valorizada no Brasil. Cheguei í conclusão que o que eu realmente quero é lecionar História, não necessariamente em escolas, mas também em universidades. Foi então que cheguei ao seguinte plano:
1) volto a trabalhar (estou procurando) na minha área, pois temos contas e um filho com necessidades básicas que demandam dinheiro, além da segurança de um bom emprego;
2) assim que puder, fazer uma especialização em docência para o ensino superior, que dura de 1 a 2 anos;
3) assim que concluir o curso, procurar emprego na área (nem todas as faculdades pedem mestrado, apesar de ser o certo);
4) iniciar o mestrado na sequência, lecionando ou não (se eu não conseguir só com a especialização, certamente conseguirei tendo o mestrado);
5) lecionando na minha área (comunicação), terei a liberdade de, aí sim, fazer uma nova graduação (no meu caso, a velha conhecida);
6) terminando a faculdade de história, poderei me especializar a expandir minha área de atuação como docente universitária.
Isso é o resultado de escolhas erradas e falta de experiência na vida. Se eu tivesse escolhido História lá no começo, quando prestei vestibular, todo mundo na família já teria “aceitado”, eu poderia ter uns 8 anos de experiência em sala de aula e também poderia estar concluindo um mestrado. Meu conselho sempre é: faça o que você quiser. Tenho uma amiga que desistiu de Artes Plásticas para fazer Administração e está no mesmo cargo há anos. Se você escolher algo que gosta, já é meio caminho andado para fazer dar tudo certo. E, correndo atrás, investindo em educação continuada, trabalhando bastante, se dedicando e sendo um ótimo profissional, você consegue sucesso em qualquer área, mesmo as consideradas não tão rentáveis. Difícil é para qualquer um.
Eu agora preciso continuar a vida e me contentar com mais uns seis anos só de Publicidade no currículo, se quiser fazer tudo direitinho. Não poderia ter evitado? Sim, mas de tudo se tira aprendizado. Talvez a minha formação em Comunicação seja um diferencial lá na frente. Veremos (e torçamos). Só não posso largar uma carreira com nível 3 de experiência (de 0 a 10) para começar do 0 em outra ganhando super menos. Não dá, é irresponsabilidade. Então a ideia é chegar lá (dar aulas) na minha área, e depois mudar, mas já com a formação, a pegada e a experiência.
Agora eu preciso dormir porque está chovendo, está tarde e estou cansada. Amanhã posto algumas novidades sobre a nossa vida por aqui. <3